terça-feira, 16 de agosto de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Pais de menina morta e moradores cobram mais segurança em parque

Daíza Lacerda


Colegas gravaram vídeo de jovem e crianças na água antes de fatalidade no sábado

"A minha filha não volta mais. Não desejo que ninguém passe pelo que eu e minha família estamos passando". As palavras são do pedreiro Messias Cardoso de Sá, 40, pai da jovem Jhenifer Aiala Roldão, de 14 anos, que morreu na tarde de sábado na lagoa do Parque Ecológico do Jardim do Lago.
O pai relatou à Gazeta que soube do afogamento da filha por um amigo, que teria ido avisá-lo em sua casa, no Jardim Ernesto Kühl. "Ela avisou que viria ao parque, que fica cheio nos finais de semana. Fui informado de que os peixes chamaram atenção e ela escorregou. Exigimos providências para que isso não aconteça com outra pessoa", desabafa.
A mãe da adolescente, Creusa Cardoso Roldão de Sá, 36, endossa o pedido, mesmo diante da proibição de nadar no local. "Não basta alertar, mas exigir que saia da água", disse ela. A afirmação é referência a um vídeo feito pelas colegas da vítima que a acompanhavam momentos antes da fatalidade em que aparecem Jhenifer, uma das amigas e mais duas crianças, uma delas com mamadeira, já dentro da água, na parte mais rasa da lagoa. A gravação mostra o entorno do local em que estão, com poucas pessoas próximas das jovens no momento.
A Gazeta teve acesso ao vídeo e ouviu as duas jovens que acompanhavam Jhenifer, que têm 12 e 13 anos de idade. Segundo elas, a criança, irmão da jovem, queria brincar com peixinhos, que podiam ser vistos da borda do lago. Entre uma brincadeira e outra, o chinelo da criança teria caído na água e, para impedir que a criança tentasse pegar, Jhenifer teria corrido em sua frente, quando escorregou e afundou. Uma das amigas declarou tentar tirá-la da água, enquanto a outra foi chamar o guarda municipal (GM) que estava de plantão.
Um rapaz que estava no local teria tentado ajudar, mas a garota já havia sido levada pela água. Pelo relato das jovens, o GM estava na casa do parque e quando chegou ao local não entrou na água por não saber nadar.
"É uma área de lazer, de visitação pública. Não justifica fechar tudo, porque senão qual será a opção de lazer? Mas é preciso aumentar a segurança, seja qual for a opção", declarou o morador Eli Vasconcelos.

FATALIDADE
"O guarda tem de orientar em relação aos riscos e foi o que fiz. Além do aviso verbal, dado mais de uma vez, há placas informando a proibição. Quando cheguei no local, já havia pessoas na água, por isso não houve necessidade de eu entrar", defendeu-se o GM Eurípedes, que relatou que, de fato, não sabe nadar.
O local em que as jovens e crianças estavam fica fora da visão de quem está na casa que serve como base dos guardas, coberto por uma árvore. "Mandei que saíssem, mas depois voltaram. Quando me chamaram ela já estava há algus minutos na água. Tenho 20 anos de Guarda, além de filhos e netos", ressaltou, defendendo-se de qualquer tipo de omissão.
"Esta área é enorme e fica um guarda no local. É preciso que os pais também zelem por seus filhos. Não conseguimos fazer milagres", acrescentou o GM Cleuber.


Associação já havia pedido guarda-vidas 
e cerca; alternativas serão estudadas

A Prefeitura foi questionada se havia alguma providência a ser estudada para o local, como o aumento de avisos de "Proibido nadar" ou reforço na fiscalização com aumento no efetivo de GMs no local ou um guarda-vidas, função para a qual há vagas no concurso a ser realizado neste mês.
Por meio da Secretaria de Comunicações, o Executivo emitiu nota lamentando o acidente ocorrido na área, que é pública e de responsabilidade da Prefeitura. Ressaltou, no entanto, que no local "há todo aparato de segurança, por exemplo, placas ao redor do lago alertando a proibição de atividades como: pescaria, natação e entrada na água. Informamos que no local há guardas disponíveis 24h".
Na nota pede ainda "a colaboração dos pais para que não deixem seus filhos desacompanhados no Parque evitando, assim, outros acidentes".
O secretário municipal de Segurança Pública, Siddharta Carneiro Leão, lamentou a fatalidade, assim como Domingos Furgione, responsável pela secretaria de Meio Ambiente.
Furgione declarou que alterntivas estão sendo estudadas pelas duas secretarias em conjunto com a Associação de Moradores e Amigos do Jardim Aeroporto. "Não há o que justifique esta tragédia para a família e para ninguém. Estamos solidários com a família e buscaremos alternativas possíveis, seja com um guarda-vidas, ou algum tipo cerca, o que também é difícil para implantar", disse ele, se referindo à finalidade do espaço.
Apesar de várias possibilidades serem estudadas, ele alerta para a importância da atenção dos pais no acompanhamento de menores, para evitar novas tragédias.
Pesidente da Associação de Moradores, Júlio César do Amaral declarou que há mais de três anos foi enviado ofício à Prefeitura com o pedido de guarda-vidas e cercas no local. "Infelizmente é a segunda morte que temos no espaço, o que é lamentável. A Associação continuará buscando medidas possíveis tanto na conscientização quanto na cobrança do poder público por proteção, principalmente após este novo fato, que esperamos que não se repita". (DL)




0 comentários:

Postar um comentário