quinta-feira, 21 de julho de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Limeira vive dia olímpico com passagem da tocha




Chama olímpica passa em Limeira sem incidentes

Revezamento atraiu populares às ruas e também despertou protestos

Daíza Lacerda

Dois extremos marcaram o dia de ontem para os condutores da chama olímpica em Limeira. A calmaria da concentração nos ginásios do Sesi e Vô Lucato no final da manhã deram lugar à euforia das ruas, em revezamento que teve a participação de quem passava pelo trajeto ou se programou para assistir a condução da tocha olímpica.
A nadadora paralímpica Beatriz Zuzi, de 19 anos, não garantiu colocação para participar dos Jogos, mas teve, na condução da chama, a sua realização. "É um meio de sentir quase a mesma emoção. Não conseguia acreditar quando meu nome foi confirmado, mas fiquei muito feliz. É um momento único para mim, para a cidade e o país, pois não sabemos quando isso se repetirá".
A funcionária pública Priscila Pereira, de 36 anos, estava preocupada em não tropeçar e cair no trajeto. "É uma festa bonita, apesar dos protestos, pois nem todos entendem o espirito olímpico, que independe de questões políticas. É um simbolismo forte".
Baiana radicada em São Paulo, Zingara Atta, de 37 anos, foi um entre três funcionários selecionados de uma empresa que fornece tecnologia para as Olimpíadas, cada um alocado num local para o revezamento. Para ela, que já tinha referências de Limeira pelo setor de joias, a condução simboliza uma virada de ciclo. "Há cinco anos eu não teria condições físicas de fazer isso. Estava obesa, perdi 44 quilos e o esporte passou a fazer parte do meu novo estilo de vida", conta.
Aos 23 anos, Lucas Chung Man Leung foi um dos condutores mais animados, pedindo participação dos populares e entoando gritos de de guerra. O estudante da Unicamp em Limeira foi selecionado por se destacar num intercâmbio e vencer um concurso da embaixada britânica, além de fomentar projetos sociais entre estudantes e comunidades de Limeira, como o bairro Geada. Para ele, as Olimpiadas são motivo de esperança no contexto brasileiro atual, principalmente por meio da educação. "É o ponto de partida para projetos que podem atingir qualquer um, beneficiar comunidades, trazer alegria. O meu lema é acordar todo dia e fazer alguém feliz".
Indicada pelo COB, a atleta Maíla Machado falou da alegria em conduzir a chama no lugar que nasceu, mas chama atenção para a necessidade de mais apoio aos atletas. "É uma oportunidade para que patrocinadores abram os olhos, pois há muito jovem sem chances para deslanchar. A cidade também deixa muito a desejar em incentivo, e deve apoiar mais para que seus atletas não precisem sair daqui".


Estimativa inicial é de 
30 mil participantes

Nas ruas, o revezamento foi festejado por adultos e muitas crianças, ainda que o evento sofresse alguns protestos, como um rapaz que acompanhou o comboio com cartazes questionando prioridades no País em relação à tocha. Nas vias liberadas, motoristas observavam e alguns apoiavam com buzinas.
Nenhum incidente foi registrado no trajeto, como informou Gino Torrezan, secretário de Desenvolvimento. "Parabenizamos a população que recebeu muito bem o evento, respeitando o comboio. Os condutores foram muito aplaudidos e muitos saíram de suas casas ou trabalho para ver esse símbolo que talvez não passará mais em Limeira".
Pela distância do trajeto, de cerca de 6 km, a estimativa inicial é de 30 mil pessoas no percurso, conforme o secretário. No entanto, a extensão do público deve ser aferida pelos critérios da Polícia Militar e Guarda Civil Municipal, em avaliação do evento que deve ocorrer ainda nesta semana.
Torrezan lembra que foi um ano de planejamento conjunto com o Comitê Olímpico Brasileiro, que proveu experiência de um evento feito com vários órgãos das esferas federal, estadual e municipal. O município também deve receber uma avaliação do Comitê, quando o revezamento for finalizado. (Daíza Lacerda)

Emocionados, condutores 
pedem incentivo ao esporte

Além de atletas olímpicos, revezamento reuniu pessoas de diferentes cidades e históricos

Daíza Lacerda

Um comboio de diversos veículos antecedeu a chegada dos condutores da chama olímpica, que tinham o ponto de revezamento previamente marcado. A condução da tocha começou sem atraso, pouco depois das 13h, com a suspensão do tráfego poucos minutos antes do início, na avenida Major José Levy Sobrinho.
Ovacionado, o atleta paralímpico Odair dos Santos assumiu a condução ainda na Boa Vista, assim como a atleta Maíla Machado. A concentração de espectadores foi maior no Centro, mas em diversos pontos trabalhadores de empresas e comércios  também pararam para acompanhar a passagem.
O condutor mais festejado foi José Carlos da Silva, o Fumaça, rodeado por atletas e fãs enquanto esperava a sua vez de guiar a chama olímpica, o que fez emocionado. Ele fez a passagem para o nadador Guilherme Guido, que encerrou o revezamento em palco montado no Parque Cidade. Depois, ele descreveu o momento. "Foi muito bom trazer esse símbolo para Limeira, sentir o calor dos limeirenses e fechar o revezamento. Vi muitas crianças e esse é um meio de incentivar as novas gerações, já que o esporte e educação andam juntos", disse ele, que só soube na manhã de ontem que encerraria o evento. Ele também destaca a importância de olhar para jovens promissores. "Tive a oportunidade de viajar o mundo e no Brasil as coisas acontecem fora de ordem, buscam o atleta pronto. Mas é preciso investir nas bases", defende.
Nascida em Limeira, a atleta do handebol Alexandra Nascimento, de 34 anos, também descreveu a emoção de carregar o símbolo olímpico. "Quando comecei a ver todos torcendo, meu coração saiu pela boca. É uma experiência inexplicável. Estou indo para a quarta olimpíada e não esperava essa sensação", declarou. Ela também recorre ao símbolo da esperança diante das condições do Brasil. "São tempos difícieis na política e na economia, mas a passagem é a busca de um novo espírito. O Brasil precisa de muitas coisas, mas também precisa do espírito olímpico. É preciso pensar em quantos jovens saíram da rua graças ao esporte. É um incentivo para o País, uma maneira de crianças e famílias sentirem um pouquinho do que os atletas sentem na hora do jogo".


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