sexta-feira, 15 de setembro de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Setembro

Eu gosto de setembro porque é o mês que o sol começa a ficar mais um pouquinho, de tarde. Eu gosto de setembro, porque ele começa com o fim do desgosto de agosto, dá sumiço no frio que gela a alma e traz as cores da primavera. Eu gosto de setembro porque é o mês que nasci, é o mês que tiro férias e é o mês da padroeira Nossa Senhora das Dores, o que nos leva à comemoração do aniversário de Limeira.
No meu último treino de corrida, divaguei no que poderia virar um textão sobre o tema da edição especial da Gazeta de Limeira, que fizemos para os 191 anos da cidade que escolhemos ou aceitamos como lar. Abordamos o ensino superior e a forma que ele identifica a nossa cidade - ou não. Foi um esforço conjunto que pode ser conferido nas páginas hoje, mas me pergunto o que, de fato, os moradores de Limeira têm aprendido ou absorvido ao abrigar instâncias que têm o saber e o aprender como motivação.
Minha conclusão imediata foi de que falta muito para sairmos fora da caixa. Não de pensar fora da caixa, mas primeiro sair dela, mesmo. Limeira ainda tem uma mentalidade muito provinciana, talvez ainda não tenha se dado conta do quanto conhecimento tem à disposição. Da mesma forma, as faculdades também ainda não exploram, ao todo, essa possibilidade de conexão com a comunidade. São desenvolvidos trabalhos geniais, que na maioria das vezes não chegam ao conhecimento da própria imprensa, tampouco da população, senão por repórteres insistentes que cavam pautas.
Limeira ainda não é uma cidade genuínamente universitária não só porque tem uma rodoviária vergonhosa ou porque grande parte reluta em se misturar ao conhecimento propagado pelos cantos. Limeira ainda tem muito a avançar porque ainda falta esforço para enxergar à frente, o que é tristemente constatado em comentários de rede social. Ainda que isso não seja pressuposto para formular um diágnóstico, mostra muito de nós, enquanto comunidade.
Limeirenses têm que sair fora da caixinha quando chiam pelo aumento da tarifa de água e esgoto sem entender a estrutura que esse dinheiro vai subsidiar. As pessoas pensam que é só dar descarga para o problema acabar, e é fácil reclamar quando não se viveu um dia da vida sem saneamento decente. Nós temos e não damos valor. Não nos tocamos da complexidade ambiental que isso envolve, desde que a dor não seja no nosso bolso.
Limeirenses têm que correr pra fora da caixinha quando criticam o fim do aluguel caríssimo do Centro de Eventos, um acordo burro que durou até demais e ainda era pago com o meu e o seu dinheiro para abrigar um serviço que já não era oferecido há mais de um ano. Se gasta, o povo reclama. Se deixa de gastar, o povo reclama. Que tal focar as energias em fiscalizar se essa economia será decentemente aplicada?
Limeirenses têm que sair dora da ciaxa quando reclama do trânsito local. Que, sim, é horrível. Mas quem faz o trânsito somos nós! É fácil reclamar sem policiar as próprias atitudes.
Todo ano paramos para refletir a cidade em torno de um tema, em meio ao turbilhão de refleti-la com todos os problemas e soluções, diariamente, dentro do que é possível abraçar com nossas mãos, mentes e blocos de anotações. Não somos donos da verdade - nem queremos. Mas, como sempre repito: a gente gosta é de dar notícia boa.

Hoje é um dia que quero ser otimista, mesmo na falta de grandes expectativas em relação à nossa cidade ou país. E não é porque as minhas férias estão só começando. É porque nesta manhã li a coluna do Denis Russo Burgierman no Nexo (www.nexojornal.com.br/colunistas/2017/Todo-o-potencial-do-mundo), no qual ele se esforça para sair de uma onda de pessimismo em seus textos para um olhar menos apocalíptico sobre o nosso Brasil, tão desmilinguido, como descreve. Ele fala das crianças e de todo o potencial que elas têm, de fazer coisas, de transformar o Brasil em qualquer coisa - desde que as malas de dinheiro, como as do Geddel, sejam dedicadas a nutrir esse potencial. Independentemente disso, elas têm o talento nato da criação de mundos, ao menos até quando esse poder é ceifado pelas limitações que nós, adultos, insistimos em reproduzir. E essa observação é minha, não dele, embora no texto ele reconheça a nossa dificuldade em aprender coisas novas, mudar hábitos, em paredões que simplesmente não existem para as crianças (é a tal da plasticidade que perdemos enquanto nos "desenvolvemos").
Aí juntou esse texto, com a lembrança do filme da Mulher Maravilha, com algo que me ocorreu ontem. No filme, Diana é a criança que deveríamos ser. É uma heroína com o olhar que deveríamos ter. De não achar barbáries comuns e de enxergar as belezas que nos rodeiam, além das mazelas. Fato que me deixou maravilhada (trocadilho irresistível!) com o filme e me inspirou a escrever (http://reportareviver.blogspot.com.br/2017/06/precisamos-da-inocencia-de-diana-uma.html).

Ontem, inicialmente, fiquei um pouco chateada por ter uma cobertura a fazer no fim da tarde, no fim do expediente, nos 45 do segundo tempo antes de sair de férias (que na verdade começam na segunda, e não no feriado municipal de hoje ou folga de amanhã). Mas, como dizem as mães, o que não tem remédio, remediado está. Fui para uma inauguração de praça, no meio de um trânsito caótico, no qual acho que a maioria dos que passaram se deram mais ao trabalho de praguejar do que notar os coqueiros que ornamentavam a praça, na verdade uma rotatória, inacessível a pedestres.
O "tchan" da coisa seria ao escurecer, com a exibição da nova iluminação do local. Mas o sol insistia em ficar. O staff do prefeito estava tenso, na expectativa que tudo funcionasse, que as lâmpadas se acendessem ao esfriar do sol, que a sincronização de discursos, fotos, luzes naturais e artificiais transcorresse conforme o roteiro. Pois a luz das lâmpadas deram as caras, e o sol continuava ali, sem pressa.
Não fosse por isso, talvez eu não tivesse apreciado o por do sol no meu último expediente antes das férias. Mas, mais emblemático do que o espetáculo natural, foi o monumento da praça, registrando a sua construção em 6 de setembro de 1985, um pouco mais de um ano após eu vir ao mundo nesta terrinha. É um monumento que parece um banquinho. Assim eu via, pelo menos, com o meu olhar de criança, quando tudo era possível. Eu cabia sentadinha ali, num igualzinho àquele nos meus anos iniciais, quando as escolas infantis tinham nomes de desenhos, e não de pessoas.
O texto do Denis Russo me provocou a refletir o que aconteceu entre eu caber sentada naquele banquinho entre o fim dos anos 80 e início dos 90 e estar diante dele e do por do sol, à beira dos 33 anos de idade, com um pé na responsabilidade de entregar uma matéria no fechamento e o outro no barril de chopp do início das férias. Concluí que não adianta muito refletir sobre o que eu fiz ou deixei de fazer para melhorar meu mundo e minha cidade. Me senti desafiada a ser criança de novo, e olhar o mundo desapegada das restrições burras que adquirimos por osmose ou por imposição no decorrer da vida. Me senti desafiada a sair fora da caixinha. Agora. Amanhã. Durante as férias. No meu aniversário. Quando terminarem as férias. A cidade e o país que faremos/teremos é fruto de um esforço diário, que muitos de nós insiste em procrastinar.
Quando alguém faz aniversário, a gente automaticamente deseja tudo de bom. Pensamos no todo, no ano, no resto da vida, e nunca no dia de hoje, com o de amanhã e depois. Então eu só desejo que, todo dia, quando o sol se demorar ou se apressar a dar lugar à noite, a gente possa ter certeza de que fez, nas últimas horas, o possível para contribuir positivamente de alguma forma nas mudanças que inevitavelmente virão. Até estar longe, mas bem longe da caixinha que limita as nossas possibilidades.


quinta-feira, 7 de setembro de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Após 195 anos, a herança de uma "independência capenga"


Marcomini: "é preciso refletir a participação
popular na transformação social"
Foto: Mario ROberto/Gazeta de Limeira
Falta de ação popular em 1822 ainda reverbera em nossos dias, analisa professor

Daíza Lacerda

Não se sabe se, de fato, houve um grito de independência em 7 de setembro de 1822 às margens do Ipiranga. Tampouco se dom Pedro I estava num cavalo. O provável é que estivesse numa mula, animal que aguentava percorrer grandes distâncias, em resistência propícia à época. O fato é que as atitudes do então príncipe regente, coroado como imperador aos 24 anos de idade, teriam consequências sociais e culturais que perdurariam até os dias atuais. O contexto é explicado por Roberson Marcomini, professor da Etec Trajano Camargo e colégio Jandyra, com mestrado na área de ciências sociais e humanas pela FCA/Unicamp.
A principal herança que perdura em nossos tempos, 195 anos após o evento, foi a falta de participação popular na busca da independência, o que se traduziu na passividade do povo diante de inúmeras situações políticas, como descreve o professor. As decisões se concentraram no poder, num momento em que o rei dom João VI deixa o país para voltar a Portugal, após a derrocada de Napoleão. Fica o príncipe regente, num reinado com cinco lideranças brasileiras. "Pedrinho" percebe a manifestação interna e, antes que se torne revolta, centraliza a política. Ou seja, nenhuma medida passaria sem o conhecimento ou aval dele.
No entanto, no início de 1822, a lideranças portuguesas queriam a volta do regente a Portugal, temendo o rumo da busca pela emancipação política. O regente não só eterniza o "Dia do Fico" em 9 de janeiro, como afaga o ego dos brasileiros como medidas como as represálias a membros do exército português que lhe desobedecessem.
O reinado contava com um líder brasilero, José Bonifácio Andrada e Silva, que tinha uma visão além, como destaca Marcominini. Ele já ditava que o Brasil deveria ter uma capital em seu centro, à época que o comando ficava no Rio de Janeiro. Pois foi Bonifácio que flagrou uma carta vinda de Portugal nada amistosa com o povo colonizado. Mais do que depressa, delatou ao "chefe", que reagiu com o decreto da independência.
Na prática, Portugal só desapegaria da colônia três anos depois, enquanto em outros países esse processo não passou de um ano, como explica o professor. E o povo continuou na mesma. A mudança só foi na nomenclatura: a população deixava de ter um regente para ter um imperador. "A independência não passou pelo povo, mas pela organização e interesse das elites, da mesma forma que ainda ocorre hoje na política. A população não foi para as ruas para reivindicar uma sociedade melhor", ilustra.
Os brasileiros ainda pagam por isso, ainda que em outro contexto. Em meio à desigualdade e às consequências de uma crise econômica com inúmeros desempregados, o "tesouro perdido" do ex-ministro Geddel Vieira Lima, descoberto na Bahia, ainda mostra como quase dois séculos não foram o bastante para desfazer certos vícios. Em 1825, o Brasil pagou pela independência, ao indenizar Portugal em dois milhões de libras esterlinas.
Conforme Marcomini, o próprio Geddel, investigado pela Polícia Federal e que está em prisão domiciliar, sem tornozeleira, retrata bem outra herança pós-independência: os coronéis. Como não houve transformação social, os ricos permaneceram ricos, e os pobres, pobres. As famílias ricas também reinaram, e reinam Brasil afora, a exemplo dos Collor e Sarney, como cita o professor.
CONHECIMENTO X INFORMAÇÃO
Mais do que na informação, é necessário investir no conhecimento, como defende o professor. Só desta forma é possível alcançar a transformação social que não foi plantada há quase 200 anos. "A elite chegou ao poder pelo conhecimento, mas sem olhar para a base. É preciso refletir a participação popular na transformação social, por meio da politização. Hoje, o que muda a sociedade é a diversidade de ideias, não o monopólio", reforça.
Se antes a independência foi "só para português ver", passou da hora de um olhar mais amplo sobre a desigualdade social perpetuada até os nossos tempos, como reitera o professor. "Um país em desigualdade não pode dar certo. O Brasil é um dos poucos que não cobra imposto sobre fortunas, e ainda está preocupado em passar os débitos para o povo, a exemplo da mais recente alta do preço da gasolina. Falta enxergar que melhorar a base é vantagem também para quem está em cima", finaliza.



quinta-feira, 8 de junho de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Precisamos da inocência de Diana (uma reflexão sobre o filme da Mulher Maravilha)

Diana: um poço de razão num desvirtuado mundo em guerra 
(Warner Bros. Entertainment/Divulgação)
Você não vai assistir a um blockbuster esperando sair de lá incomodado, pensando na vida. Pois eu diria que este é o principal super poder da Mulher Maravilha.
Se à nossa cultura parece ridículo ver em algo tão banal quanto um relógio aquilo que dita o que temos que fazer, cômico ter a hierarquia profissional relacionada à escravidão e algo corriqueiro em ver pessoas sofrendo e simplesmente ignorá-las, o problema talvez não seja o roteiro, mas vida real.
Infelizmente, perdemos a inocência que transborda na deusa vinda de um mundo sem terceiras intenções, sem cobiça ao poder, mas à justiça. O que você teria a dizer para referenciar o lugar de onde veio? De onde você vem as pessoas lutam ou se acovardam?
Os questionamentos de Diana parecem cômicos, mas a seriedade com que ela os faz, deveria ser levada a sério. Por mais utópico que seja, não deveria ser normal ver o terror se alastrar na sua frente e simplesmente continuar o seu caminho. O problema do mundo é que as exceções viraram regra. E o olhar de Diana não aceita isso. Nós não deveríamos. Mas, enfim, não nascemos em Temiscira. Nascemos condicionados à passividade (entre tantas outras coisas, boas e ruins), e a maioria de nós assim permanece, à espera do despertar por uma heroína, quem sabe.
Mas, a humanidade... dark side/light side. Todos temos. A explicação mitológica até parece fazer sentido, assim como a justificativa do vilão: os homens fizeram a bagunça, e não Deus. Como dar chance ao lado bom? Ser misericordioso ou não com o lado ruim?
Fiquei pensando que os poderes de Diana seriam muito bem-vindos principalmente às mulheres com TPM. Mas teríamos o senso de justiça da heroína para usá-los? Em que ponto deixamos de ser justos para ser vingativos? Essa linha ainda existe, conseguimos enxergá-la? Qual o sentido de atacar? Recuar é perder?
Ao sair da sala, a frustração não foi de não ter cenas pós-créditos. Foi ter escancarado, por uma ficção, o quanto regredimos ao querer evoluir. Que ao perder a inocência, nossos julgamentos ficaram difusos demais. Aderimos a justificativas que quase nunca fazem sentido. E paramos de questionar. A pancadaria mais dolorosa de Diana são as suas perguntas. Para quem se permitir usar o filtro da sua inocência.

quinta-feira, 1 de junho de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Idosos devem atualizar CadÚnico para manter BPC

Benefício é voltado a idosos e deficientes em situação de vulnerabilidade social

Daíza Lacerda

Idosos que recebem o Benefício de Prestação Continuada (BPC) devem comparecer no Ceprosom para atualizar o Cadastro Único. A atualização é obrigatória para todos os beneficiários até o final deste ano, sob o risco de ter o pagamento suspenso.
O benefício de um salário mínimo é pago pelo governo federal a idosos acima de 65 anos e deficientes cuja renda familiar seja de até 1/4 de salário mínimo per capita, ou seja, para pessoas em situação de vulnerabilidade, como explica Maria Aucélia Damaceno, presidente do Ceprosom. Ela ressalta que o recadastramento dos deficientes será no próximo ano.
Apesar do alerta de recadastramento no extrato, mais da metade dos beneficiários em Limeira precisam comparecer para atualização. No município são 2.270 idosos cadastrados, sendo que 1.311 estão com o recadastro pendente. Entre os deficientes são 1.952 beneficiários que deverão atualizar no próximo ano.
Maria Aucélia alerta que muitas pessoas confundem o benefício com aposentadoria. No entanto, o BPC não é válido para aposentados.
Além do recadastramento, outras mudanças são implantadas neste ano em relação ao BPC. O Ceprosom fará o acompanhamento dos beneficiários, numa busca para incluí-los nos serviços de assistência social, tendo os idosos como público prioritário.
O acompanhamento dos beneficiários deficientes será feito independentemente da idade. No entanto, há o BPC Escola, voltado àqueles de 0 a 18 anos. São 544 nesta faixa etária, que já tiveram a distribuição de questionários para identificar barreiras e as necessidades para atender de foram específica. "Isso deve ser alinhado com outras políticas públicas, com a acessibilidade na escola e no transporte, para garantir o acesso", explica.
O questionário mostrará ao Ministério do Desenvolvimento Social como o município está em outros âmbitos além da assistência nas políticas de inclusão. Até agosto será desenvolvido um plano de trabalho com essas pessoas".
Maria Aucélia salienta que o levantamento da demanda de idosos para acompanhamento já é feito nos Cras, ainda que não em grupos específicos.
A atualização só não é válida para idosos em situação de abrigamento e para os maiores de 80 anos, para os quais o governo federal prevê atendimento em domicílio. Para recadastrar, basta levar documento original. O atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 15h30, na Avenida Campinas, 115, Cidade Jardim (sede do Ceprosom). Mais informações pelos telefones 3404-6264 e 3404-6265.

Publicado na Gazeta de Limeira.

Câmara de Cordeirópolis decide manter Dudu

Votação ocorreu na sessão desta terça-feira, em retomada de projeto de decreto legislativo

Daíza Lacerda

Menos de uma semana após o vereador Rinaldo de Lima (PMDB), o Dudu, retornar à Câmara de Cordeirópolis, os demais vereadores votaram por mantê-lo no cargo. Dudu voltou por decisão do Tribunal de Justiça, que suspendeu, em maio, liminar que havia extinto o mandato, em março.
Com a decisão mais recente, foi retomado na Câmara o processo que julgaria o vereador, mecanismo usado com base na Lei Orgânica do Município. O projeto partiu de reação da Câmara diante de inquérito instaurado pelo Ministério Público, que cobra a extinção do mandato de Dudu devido à condenação transitada em julgado, e não apenas a suspensão, como adotou o Legislativo, com base no regimento interno. Diante da reivindicação, vereadores decidiram seguir a Lei Orgânica do Município, que prevê a extinção no caso de condenação, desde que passe pelo aval de todos os vereadores, com direito de defesa do vereador.
Preso em 5 de janeiro por contravenção penal envolvendo máquinas caça-níquel, Dudu cumpriu a pena de três meses, parte em regime aberto, em sua residência. Ele tinha uma condenação anterior, que foi extinta por prescrição. No processo de 2012, ele era um dos responsabilizados por falso testemunho, em caso também relacionado com máquinas caça-níquel em seu estabelecimento.
Na votação do projeto de decreto legislativo, Dudu foi absolvido pelos vereadores do mesmo partido, o PMDB, com votos contrários à perda de seu mandato (do presidente Laerte Lourenço e Cleverton Nunes) e dos partidos aliados (Cassia Moraes-PDT, Antonio Marcos da Silva-PT e Sandra Cristina dos Santos-PT), além de José Geraldo Botion (PSDB). Votaram a favor da perda do mandato Anderson Antonio Hespanhol (PPS) e Mariana Fleury Tamiazo (SD). Por ser parte interessada, Dudu não votou.
AÇÃO CONTINUA
Promotor do Ministério Público, Luiz Alberto Segalla Bevilacqua lembra que a decisão da Câmara não muda o andamento da ação civil pública que tramita na Justiça. A suspensão que reconduziu  Dudu à Câmara foi da liminar, e não do processo. O desfecho dependerá da decisão de juiz em 1º grau. Para o MP, Dudu não tinha condições legais para concorrer às eleições, mesmo que suas condenações transitadas em julgado (uma delas extinta) tivessem sido descobertas depois de eleito. O fato das condenações não terem aparecido em suas certidões deve ser investigado. Dudu foi o terceiro vereador vais votado, com 379 votos.

Publicado na Gazeta de Limeira.

quarta-feira, 17 de maio de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Ação tem abordagens e demolição no Ibirapuera

Insegurança no entorno é foco de reclamações frequentes de vizinhos e comerciantes

Daíza Lacerda

A área verde próxima do Centro Pop, entre os bairros Ibirapuera e Parque das Nações, teve ação conjunta de diversos órgãos, iniciadas na manhã de ontem. O ponto conhecido como refúgio de dependentes químicos teve abordagem do Ceprosom e Guarda civil Municipal, além da Secretaria de Obras e Serviços Públicos, que iniciou a limpeza no local, com retirada dos barracos montados na área. O prefeito Mario Botion também acompanhou a ação.
Vanderléia Serrano, diretora de Proteção Social do Ceprosom, explicou que haviam oito pessoas no local, todas moradoras dos bairros próximos. Apesar da referência do local para consumo de drogas, as pessoas abordadas, quatro homens e quatro mulheres, não se mostraram sob efeito de entorpecentes, e foram orientados sobre os serviços de assistência da autarquia, além do tratamento contra dependência oferecido pelo Caps. 
Ela explica que, com abordagens constantes, é notada a redução da aglomeração no local, pelo menos durante o dia. Mas a saída definitiva depende da aceitação dos abordados para iniciar tratamento e voltar para a família.
Secretário de Segurança Pública, Francisco Alves ressaltou que as viaturas permanecerão com rondas na região, num policiamento mais ostensivo. Não foi flagrado nada de ilícito pela corporação, mas a ação de pessoas em situação de rua é preocupação dos moradores e comerciantes, como a Gazeta divulgou no domingo. Os relatos são de intimidação, provocando uma espécie de comércio paralelo para garantir cigarros e bebidas e evitar furtos. O secretário salientou que características dos suspeitos e ameaças podem ser denunciadas anonimamente pelo 153, além do registro de boletim de ocorrência.
LIMPEZA
O trabalho de limpeza continua hoje, mas, só ontem, 150 toneladas de entulho foram tiradas da área, em 14 viagens de caminhão. Foram podadas 60 árvores e a capinação atingiu 72 mil m², com uma equipe de 63 pessoas e três tratores, como informou o titular de Obras, Dagoberto Guidi. Ele informa que outros serviços foram providenciados, como tapa-buraco, recuperação da pista de caminhada, limpeza de bocas de lobo, recomposição de muros-ala e retificação do ribeirão. A proteção da ponte entre o nações e Cecap também será providenciada, e deve ser colocada até a próxima semana. A ação de limpeza demandará pelo menos mais três dias.

Justiça suspende extinção do mandato de Dudu

Decisão é favorável ao pedido da defesa do vereador, que defende legitimidade da eleição

Daíza Lacerda

A 4ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do Estado suspendeu a extinção do mandato de Rinaldo Lima (PMDB), o Dudu. O despacho é assinado pelo relator Ferreira Rodrigues. O pedido foi feito pela defesa de Dudu, no final de março. A extinção foi determinada em meados daquele mês, quando o presidente da Câmara, Laerte Lourenço (PMDB), acatou a decisão da Justiça.
A defesa recorre à legitimidade da eleição de Dudu, terceiro vereador mais votado, tendo apresentado certidões criminais. O vereador tinha duas condenações transitadas em julgado, que não foram acusadas na documentação entregue à Justiça Eleitoral. Ressalta que a extinção do mandato foi feita sem que o vereador tivesse o direito à defesa, "já que o mesmo concorreu às eleições estando apto a disputa do cargo, conforme o Tribunal Eleitoral assim o determinou".
A defesa de Dudu critica o Ministério Público por "aludir os tribunais com incoerência e situação alheias ao próprio Tribunal de Justiça, uma vez que a discussão sobre perda de seu mandato deveria ser feita no Tribunal competente, todavia, assim não o fez, pois sabido é que perdeu os prazos dos recursos cabíveis, e tenta a todo custo entrar com procedimento equivocado". O advogado considera que os pedidos são incompatíveis, "pois tenta condenar um vereador que está com seus direitos suspensos, e só poderia voltar após o julgamento de seus pares, além de pedir a condenação sem crime nenhum que fora feito".
O pedido também recorre ao processo que havia sido iniciado na Câmara para julgar a situação do vereador, que já estava afastado desde a sua prisão, em 5 de janeiro, considerando que "a decisão liminar por si só já perde sua função, já que emerge de situação que não está expondo a risco de perigo ou dano nenhum". Também sustenta que a jurisprudência referenciada para o caso é de situação diferente, "pois em todos os casos, os crimes ocorrem durante o mandato, e não como o caso em tela, que a pena foi anterior a mais de 10 meses do mandato". A defesa sustenta que a candidatura passou pelo crivo máximo da Justiça Eleitoral, que deferiu seu registro, além da confiança dos eleitores, com a qual relaciona a índole do vereador: "são 379 pessoas, que por sua vontade expressaram confiança no Agravante, que é pessoa idônea e com vontade de trabalhar para o bem da população", ressaltando que "Cordeirópolis é de porte pequeno, do interior, onde todos se conhecem, se o Agravante não fosse pessoa honesta e querida, não teria sido eleito".
Para a defesa, o acato à tese do MP configura voltar "aos tempos da barbárie, onde o Agravante será punido novamente (por um crime de pequena monta)", e que os fatos "demonstram uma nítida 'perseguição' do sr. Promotor".
O relator considerou que "o fundamento invocado nas razões recursais é relevante", tendo em vista que "já tramitava na respectiva casa legislativa processo de cassação, em observância à legislação local". Ainda conforme o despacho, "a suspensão da liminar concedida não acarretará nenhum dano ou risco ao resultado útil do processo, sobretudo porque o agravante já
se encontrava afastado por ato da mesa diretora da Câmara Municipal que, inclusive, já havia editado projeto de decreto legislativo para a cassação do seu mandato, aguardando-se, apenas, a deliberação desse decreto em plenário".
Até o fechamento da edição, a Gazeta não conseguiu contato com a presidência ou jurídico da Câmara para posicionamento sobre como deve proceder diante da decisão. O processo que analisaria e votaria a situação de Dudu foi cancelado com a determinação anterior, da extinção do mandato, e não foi esclarecido se será retomado.
terça-feira, 16 de maio de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Órgãos retomam atendimento após ataques

Tribunal de Justiça e Ministério Publico confirmaram invasões, mas não detalharam em números

Daíza Lacerda

Após o desligamento dos sistemas na sexta-feira em decorrência dos ataques cibernéticos em dezenas de países, inclusive o Brasil, órgãos públicos do Estado de São Paulo retomaram os serviços eletrônicos ontem. Os cyberataques foram relatados em mais de 70 países, com a ação do ransomware, um código malicioso que infecta dispositivos com o objetivo de sequestrar, capturar ou limitar o acesso aos dados ou informações de um sistema, para fins de extorsão. Para obtenção da chave de decriptação, geralmente é exigido o pagamento em bitcoins (moedas virtuais).
Por meio de nota, o Tribunal Justiça de São Paulo informou que "restabeleceu o funcionamento de seus serviços on-line, como peticionamento eletrônico, acesso ao sistema de acompanhamento de processos (SAJ), emissão de certidões etc. O expediente transcorre normalmente nesta segunda-feira (15), assim como já ocorreu nos plantões do final de semana".
O órgão admitiu ataques, mas não informou em quais cidades as invasões foram identificadas. "Na última sexta-feira (12), a Secretaria de Tecnologia da Informação do TJSP recomendou o desligamento dos computadores da instituição no Estado. Na ocasião, foram detectadas algumas máquinas infectadas pelo ataque de hackers, que teve início na Europa e se alastrou por diversos países do mundo. Não houve perda de dados dos processos em andamento no Judiciário Paulista. A instituição conta hoje com um parque tecnológico de 55 mil computadores e menos de 0,5% dos equipamentos foram infectados".
O TJSP informou que "a área técnica continua trabalhando para garantir o funcionamento dos serviços e realiza diagnósticos em todos os edifícios do Tribunal no Estado para eventual identificação e solução de ocorrências pontuais". 
A assessoria do Ministério Público do Estado de São Paulo confirmou ataques em São José do Rio Preto, sem especificar números. Conforme o órgão, o funcionamento foi retomado normalmente nas demais cidades.
INSS
O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República confirmou que o ataque cibernético provocou “incidentes pontuais” em computadores de servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na sexta-feira, mas negou comprometimento de dados da administração pública brasileira. Conforme explicou o GSI, o ataque foi feito com um programa de computador que sequestra dados para que os hackers exijam resgate.
“O ataque também ocorreu no Brasil em grande quantidade por meio de e-mails com arquivos infectados; até o momento, não há registros e evidências de que a estrutura de arquivos dos órgãos da administração pública federal (APF) tenha sido afetada”, disse o GSI, em nota. O órgão é responsável por monitorar assuntos militares, de segurança nacional e potencial risco à estabilidade institucional.
POUPATEMPO
O Poupatempo informou que não foi afetado pelo ataque cibernético que atingiu computadores de diversos países. "Os sistemas de atendimento ao público estão funcionando normalmente e a situação vem sendo monitorada por técnicos da Prodesp - Tecnologia da Informação, empresa do Governo de São Paulo responsável pela gestão do Programa Pouptempo". Os canais eletrônicos permanecem disponíveis para agendamento de  atendimento. (Com Agência Brasil)
segunda-feira, 15 de maio de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Suzana Levy e a memória viva do legado do major

Às vésperas de ser homenageada, neta de José Levy Sobrinho relembra histórias

Daíza Lacerda

José Levy Sobrinho, o major Levy, se dedicava a muitos negócios, principalmente os voltados à agricultura. Pioneiro na citricultura, ele trouxe mudas da laranja bahia do exterior, com enxertos multiplicados em vastos pomares. Tendo passado parte da infância e a adolescência estudando na Europa, certo dia o major resolveu enviar laranjas à rainha da Inglaterra. O produto já era exportado pela família, mas os filhos acharam graça, duvidando que as frutas cultivadas na terrinha chegassem a tão referenciada autoridade. O major não deu ouvidos. Providenciou as frutas mais bonitas, embrulhadas uma a uma em papel de seda e colocadas numa caixa especial. Tempos depois, o major recebeu uma carta, com brasões diferenciados. Era um agradecimento da rainha, além de um elogio pela qualidade da fruta. O documento foi conservado no acervo da família, mas a história é vívida nas palavras de Suzana Levy, neta do major, que será homenageada amanhã na Câmara. Essa é apenas uma das passagens que ela guarda não só em anotações, mas na memória, afiada em seus 77 anos de idade completos neste sábado.
O major foi muitas coisas em Limeira: vereador, presidente da Câmara, secretário estadual, prefeito. Só não foi, de fato, major. Era um apelido que ganhou e ficou. Nunca foi um título.
Não é à toa que a avenida leva o nome do major. Tanto o estádio da Internacional de um lado como a escola e centro esportivo do Sesi do outro foram construídos em terras doadas pela família.
Em 1912 o major se casou com Ana Carolina de Barros, e com ela teve os filhos Manoel Simão de Barros Levy, pai de Suzana, Terezinha e Ana Maria, e Levy José de Barros Levy, que teve os filhos José Manoel e José Alberto. 
DA LARANJA À PINGA
Na fazenda Itapema, adquirida pela família, o major trabalhou com várias culturas. Após a crise de 29 que derrubou a produção do café, veio o algodão, e depois a laranja. À época, não era uma fruta tão popular, e o major notou isso nos bairros mais carentes de São Paulo, enquanto secretário de Agricultura. Ao voltar para Limeira nos finais de semana, determinou aos filhos que providenciassem um caminhão para distribuição gratuita naqueles locais. O motorista ia e distribuía a laranja para pessoas que sequer conheciam a fruta.
Tanto Suzana quanto a filha, Marisa, salientam que muito do que o major fazia não se sabia. A fazenda ainda mantém uma oficina de madeira, de onde saíam brinquedos para serem distribuídos no Natal. Outras coisas a família só descobriu recentemente. É o caso do tanque da fazenda, com diversas árvores plantadas no entorno. Só com os levantamentos mais recentes da propriedade, que incluíram fotos aéreas, descobriram que o patriarca fez o tanque no formato do mapa do Brasil.
Na década de 40, não se contentou só com a cultura da cana-de-açúcar,e começou a fabricar também a cachaça. Construiu o engenho e estrutura de armazenagem, em tonéis de carvalho. As encomendas eram para buscar a pinga em caminhão tanque, mas o major resolveu engarrafar sua própria produção, conseguindo uma garrafa exclusiva no formato de um gomo de cana. Suzana anda guarda um exemplar da velha Canita, fabricada até 1957. A pinga ainda recheou bombons, comidos às escondidas pelas netas.
Com a morte do major naquele ano, os filhos pausaram a produção. E a pinga lá ficou por décadas, até o conteúdo que envelhecia nos barris voltar a ser comercializado recentemente, em nova embalagem e nome, como a cachaça Itapema. No passar dos anos, a família perdeu a patente do nome Canita.
HOMENAGEM
Algumas dessas histórias devem ser contadas ao vivo nesta segunda-feira, às 19h, quando Suzana receberá o Diploma de Gratidão da Cidade de Limeira e a medalha de mérito cívico XV de Setembro "Ordem de Tatuiby", homenagem proposta pelo vereador Sidney Pascotto, o Lemão da Jeová Rafá.
Ela e outros docentes da fundação do Sesi 408 também serão homenageados por alunos da turma de 1984, num jantar após a solenidade na Câmara.


Suzana Levy lembra com detalhes histórias peculiares do avô, o major Levy
Foto: Mário Roberto/Gazeta de Limeira


Quando o presidente Geisel
quebrou o protocolo em Limeira

Em setembro de 1976, ainda referenciada pela citricultura, mas com a indústria em proeminência, Limeira recebeu a visita ilustre do então presidente Ernesto Geisel. Além de visitar a Facil e passar pela praça Toledo Barros, o presidente selaria a inauguração do Sesi 408.
Direção e professores ficaram em polvorosa para receber o presidente, como recorda Suzana. O protocolo que vinha de Brasília previa copos de cristal para o presidente. Ninguém poderia olhar, dar a mão ou conversar com o presidente, sequer perguntar nada. E assim, com alunos e funcionários com uniformes impecáveis aguardaram a visita. "Quando entrou na sala, o próprio presidente quebrou todos os protocolos. Já veio com a mão esticada para cumprimentar, conversou com alunos", relembra. Um resumo do encontro foi eternizado no arquivo nacional, com vídeo disponível no link http://bit.ly/2q6Oplo, que situa Limeira com 120 mil habitantes ao completar 150 anos.
Limeira havia sido escolhida para receber o maior centro esportivo do Estado, vinculado à escola. Tanto que o então prefeito, Paulo D'Andréa, foi com membros do Sesi pedir a doação da área à família. Suzana lecionaria na escola desde o início, permanecendo por quase uma década. "Me senti muito feliz de trabalhar no chão doado pela família, o que proporcionou chances a muitas pessoas, coisas boas sem cobrar nada", afirma. Nas origens, a admissão não era restrita aos industriários.
O apego esportivo era natural num complexo com piscina e inúmeras quadras, que sediavam disputas com outras unidades do Sesi. Não poderia ser diferente com aquela tida como uma "paixão nacional": o futebol. "Certa vez, notamos vários grupinhos cochichando, e descobrimos que os alunos planejavam faltar em massa para assistir um jogo do Brasil na Copa, em 1978. Aquilo poderia invalidar o dia letivo, então adotamos uma estratégia. Com aval da direção, prometemos uma merenda ainda mais especial, além de levar as cadeiras para o páteo. Um dos pais, todos muito comprometidos, emprestou uma TV, e o jogo foi assistido por todos, na escola", conta, aos risos. (Daíza Lacerda)

Publicado na Gazeta de Limeira.
segunda-feira, 8 de maio de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Corrida Ainda: deficientes vão pegar carona com corredores

Repaginado, evento quer atrair mais atletas da região e chamar atenção à causa

Daíza Lacerda

"As pessoas poderão conhecer um pouco as nossas dificuldades, mas também nos ajudar. Esperamos que a corrida atraia cada vez mais gente". A expectativa é de Luís Irineu, um dos atendidos da Associação Integrada de Deficientes e Amigos (Ainda). Ele participará pela primeira vez da corrida realizada pela instituição, que chega à 11ª edição, com outros 9 usuários que terão a oportunidade de percorrer 5 km em triciclos específicos, emprestados à entidade, que serão guiados por três corredores em revezamento.
A participação efetiva dos deficientes atendidos marca uma mudança no tradicional evento, que passa a se chamar "Corrida sem barreiras", atentando à causa da deficiência. A Caixa Econômica Federal mantém o apoio à corrida, como patrocinadora desde a primeira edição. Neste ano, a organização é da Scuderia e responsáveis do projeto "Pernas de Aluguel", de Campinas, ajudarão com o empréstimo dos triciclos que levarão os deficientes à corrida.
"É um evento importante não só para divulgar o nosso trabalho, mas também para mantê-lo", ressaltou Kédima Silva, gerente da Ainda. Ela salienta que os recursos provenientes da prova são os principais no orçamento da entidade, que tem despesas na faixa de R$ 30 mil mensais. De acordo com ela, os primeiros meses deste ano fecharam com saldo negativo. Com cerca de 40 usuários a partir dos 5 anos, o total de atendimentos ficam entre 800 e 900 por mês, com demanda maior na faixa etária entre 18 a 35 anos. O que mais pesa no orçamento são os recursos humanos. "É necessária equipe especializada para atender. Às vezes são dois profissionais para um atendido", explica.
ORIGENS
O prefeito Mario Botion lembrou das origens do evento, salientando que era voluntário da entidade antes de pensar em entrar na vida política. Recordou como a iniciativa nasceu numa conversa durante treinos com José Carlos da Silva, o Fumaça. Precisava de ideias de como divulgar a instituição e buscar recursos. Fumaça, que já conhecia o caminho, com a realização de seu campeonato anual, auxiliou desde o início por meio da Associação Limeirense de Atletismo (ALA), que permanece como parceira do evento.
O objetivo é alcançar o número de mil inscritos, atraindo mais atletas da região, principalmente de grupos como o de academias, como salientou Eleuses Brandeker, da Scuderia. No ano passado, foram cerca de 600 participantes, com estimativa de 30% de outras cidades.
O município também é cotado para receber o projeto "Experimentando Diferenças", patrocinado pela Caixa. Gerente regional, Evandro Nobre falou da intenção de acertar uma agenda no município para o programa proporciona a oportunidade viver as experiências que as pessoas com deficiência têm. Nobre ressaltou a importância do trabalho da entidade que vai de encontro com a missão da instituição que representa, de melhorar a qualidade de vida.
A CORRIDA
O percurso permanece o mesmo, com largada do Horto Florestal e trajetos de 5km e 10 km para corrida, além de 3 km para caminhada. A Voltinha da Inclusão, com percurso de 200 metros, é voltada às crianças de 6 a 12 anos. Deficientes visuais e cadeirantes na categoria T11 também podem competir.
Desde as duas últimas edições as premiações não são mais em dinheiro, o que permanece na atual. Serão premiados com troféus os cinco primeiros gerais nos 5km e 10 km, deficiente visual e T11, tanto masculino quanto feminino em todos. Nas categorias a cada 10 anos os primeiros serão premiados com um medalhão. A premiação é prevista para participantes entre 16 anos de idade e acima de 70.
As inscrições custam R$ 70 e podem ser feitas pelo site www.corridasembarreiras.com.br ou nas academias.



Nova edição da corrida prevê inclusão
na prática e nº ampliado de participantes
Foto: JB Anthero/Gazeta de Limeira


"Carona" será optativa
nas próximas edições


Os 30 corredores que se revezarão ao guiar os 10 deficientes nos triciclos serão indicados pela entidade. Mas o objetivo é que esta seja uma opção do corredor durante as inscrições a partir das edições seguintes, como explica o diretor de Esportes da Ainda, Nestor Rossetti.
Além do empréstimo, são previstas campanhas para a compra de algumas unidades. Feitas em alumínio e pesando cerca de 14 kg, cada uma custa cerca de R$ 1,5 mil. "Se conseguirmos com recursos próprios, o objetivo é levar os usuários para participarem também de outras corridas", explica. (Daíza Lacerda)


Obras na via Jurandyr Paixão não
serão retomadas até a corrida


A via Jurandyr Paixão, que será pista dos participantes da corrida, não deve ter as obras retomadas até a data do evento, como informou o prefeito Mario Botion. Ele esclareceu que, independentemente da corrida, medidas foram tomadas para prevenir acidentes no local, que estava com desníveis e valas abertas no acostamento. A segurança deve ser garantida para o evento, ainda que a situação das obras ainda não tenha um desfecho no decorrer do mês.
Conforme a Gazeta tem divulgado, as obras não foram retomadas pela empresa neste ano, e a prefeitura rescindiu o contrato. Ainda não foi definido juridicamente se a segunda empresa da licitação poderá assumir ou se será necessária outra licitação. (Daíza Lacerda)



Publicado na Gazeta de Limeira.
sexta-feira, 3 de março de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Limeira tem desapropriações emperradas desde os anos 80

Processos estão na Secretaria de Urbanismo ou Jurídico e volume ainda é desconhecido

Daíza Lacerda

Para o crescimento viário do município, são inúmeras as vias que passaram por cima de propriedades para dar alternativas aos motoristas ou abrir passagem às novas regiões. Mas, mesmo com vias mais do que estabelecidas, há contas de desapropriações que ainda não foram encerradas, seja pelo pagamento ou pela documentação pendente.
A desapropriação publicada ontem no Jornal Oficial, da rua Isaura Santos di Sessa, no Jardim Roseira é apenas uma situação de um volume desconhecido da atual gestão. O processo, do início dos anos 2000, só teve o decreto publicado agora, com o pagamento da desapropriação ainda em aberto.
A situação é explicada pelo secretário de Urbanismo, Matias Razzo. Devido a outras prioridades, como loteamentos em aprovação e outras regularizações, a situação das desapropriações incompletas ainda não foi levantada, mas já foi possível identificar que há processos da década de 80, como da marginal Tatu, como exemplifica o secretário.
"Temos atendido à demanda que surge, como um caso levado no atendimento na praça. A área estava paga, mas a documentação não estava resolvida, e demos encaminhamento", cita, num dos casos que também era da década de 80.
Há outras situações mais recentes, como da via Guilherme Dibbern, em que proprietários contestaram o valor oferecido. A questão vai para o Jurídico e demanda mais tempo.
Razzo salienta que há tanto processos pagos com documentação incompleta quanto os que ainda não foram saldados. Sobre o acúmulo, avalia que, além desses processos não terem recebido a devida atenção, há demandas da parte técnica, em corpo restrito, além da burocracia da passagem por outros órgãos. Ele explica que há a intenção de fazer um pente-fino, já que as pendências podem complicar negociações com imóveis. Além das desapropriações, há permutas. Além do decreto publicado nesta semana, por enquanto não há nenhum outro na fila para desenrolar da desapropriação.

0029 - JB Anthero/Arquivo Gazeta
Razzo: devido a outras prioridades, situação de desapropriações ainda ainda não foi detalhada

MP quer extinção do mandato de Dudu em 48h

Órgão considera lei federal e jurisprudência para perda independentemente de votação

Daíza Lacerda

O Ministério Público (MP) formalizou, na quarta-feira, recomendação para que o presidente da Câmara de Cordeirópolis, Laerte Lourenço (PMDB), faça a extinção do mandato do vereador Rinaldo de Lima (PMDB), o Dudu. Ele foi preso no início de janeiro, após condenação transitada em julgado por contravenção envolvendo máquinas caça-níquel. No mês passado, Dudu teve autorizado o regime aberto, e termina de cumprir a pena de três meses em sua casa. Ele foi o terceiro vereador mais votado, e fazia parte da Mesa Diretora, como vice-presidente da Casa.
Em documento assinado na última quarta-feira, o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua deu prazo improrrogável de 48 horas para que Lourenço formalize a extinção do mandato de Dudu. O Legislativo suspendeu o mandato pelo prazo do cumprimento da pena, atendendo ao regimento interno. Em meados de janeiro, o MP abriu inquérito buscando a extinção, com base em situação prevista na lei federal e também em jurisprudência já aplicada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Em resposta, a Câmara optou por obedecer a lei orgânica municipal, que prevê a extinção, desde que a situação seja votada em plenário e o vereador tenha chance de ampla defesa. Para isso, foi elaborado um projeto de decreto legislativo. A peça que foi lida na primeira sessão ordinária da nova formação da Câmara, em 7 de fevereiro, quando os vereadores se manifestaram contra a responsabilidade de decidir o futuro de Dudu.
No entanto, a linha adotada pela Câmara não foi aceita pelo MP. Na recomendação, o promotor considera que o regimento e a lei orgânica "são flagrantemente contrários à interpretação sistemática" de dois artigos da Constituição Federal, além de orientação do STF.
Ainda citando jurisprudência do STF, o MP reforça que "cabe à Câmara apenas formalizar a extinção do mandato e declarar sua vacância nas hipóteses em que há suspensão dos direitos políticos de vereadores e prefeitos municipais", o que deve ser feito "independentemente de deliberação do plenário". A ação deve ser comunicado à promotoria, sob pena de medidas judiciais cabíveis.
No documento, o promotor requisitou que a Câmara informasse em até 48 horas se acataria ou não a recomendação, apresentando os fundamentos no caso de negativa. Lourenço informou que recomendação foi recebida na manhã de ontem. A situação será avaliada e o posicionamento será dado na segunda-feira.


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quinta-feira, 2 de março de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Começa hoje prazo para declaração do IR

Contribuinte tem até 28 de abril para declarar; na região, quase 293 mil devem acertar as contas

Daíza Lacerda

A partir das 8h de hoje, contribuintes já podem começar a acertar as contas com o leão, no início do prazo para declaração anual do Imposto de Renda da Pessoa Física. A entrega deve ser feita até às 23h59 do dia 28 de abril.
Na circunscrição da Delegacia da Receita Federal de Limeira, que abrange a sede e mais 33 cidades, a previsão é receber 292.875 declarações. Para Limeira, estão previstas 56.337; para Cordeirópolis, 4.352; em Iracemápolis, a expectativa é de 4.503 e, em Engenheiro Coelho, 1.865. No prazo, em todo o Brasil, são esperadas 28,3 milhões de declarações. No Estado de São Paulo, 9.072.104.
Entre os contribuintes que estão obrigados a fazer a declaração do IR estão aqueles que, no ano de 2016, receberam rendimentos tributáveis acima de R$ 28.559,70 e aqueles com rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte, acima de R$ 40 mil.
Já as restituições serão pagas em sete lotes, de junho a dezembro. O primeiro lote sairá no dia 16 de junho. A prioridade é a ordem de entrega das declarações, com preferência para pessoas com idade igual ou superior a 60 anos, portadores de necessidades especiais e contribuintes com doenças graves.
O programa para emissão da declaração foi liberado na semana passada pela Receita, e passou por modificações neste ano. Entre as novidades está a atualização automática, sem a necessidade de realizar o download no sítio da Receita Federal na internet. A entrega também poderá ser feita sem instalação do Receitanet que, neste ano, foi incorporado ao programa, não sendo mais necessária a instalação em separado.
PARCERIA
Teve início o projeto Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal da Receita Federal (NAF), uma parceria entre as Faculdades Integradas Einstein Limeira, a Receita Federal do Brasil e a delegacia da Receita Federal de Limeira. Os alunos de Ciências Contábeis da Faculdade Einstein, por meio do NAF, terão a oportunidade de vivenciar a prática profissional e receber orientações da Receita Federal sobre obrigações tributárias e, também, prestar atendimentos contábeis e fiscais gratuitos à comunidade.
No próximo encontro será realizado o primeiro treinamento sobre o Imposto de Renda 2017, unindo o grupo de alunos, professores e a coordenação do curso de Ciências Contábeis e Administração da faculdade. Os atendimentos à comunidade pelo NAF-FIEL começarão no primeiro sábado de março e serão pré-agendados. A programação é que esses atendimentos sejam feitos no período da manhã e, primeiramente, com foco nas orientações de geração e envio à Receita Federal da Declaração de Imposto de Renda Pessoa Física simples.


Publicado na Gazeta de Limeira.


Cordeirópolis reúne cerca de 50 mil pessoas no carnaval

Daíza Lacerda

Cordeirópolis encerrou o Carna Família 2017 na última terça-feira, com público comemorado pela organização. A Secretaria de Cultura calculou cerca de 50 mil pessoas nos quatro dias de festa, com início no último sábado. Só na segunda-feira foram 18 mil pessoas, conforme o Executivo.
O prefeito Adinan Ortolan (PMDB) comentou que o público foi até acima do esperado, mesmo considerando a crise econômica, que afeta a questão do comércio, sem que as pessoas gastem tanto quanto costumavam gastar. Outro ponto considerado por ele é lei seca, concluindo que são motivos que inibiram a participação de mais pessoas da região. "Nunca tivemos tantas pessoas num carnaval de Cordeirópolis como tivemos neste ano. Lembrando que as pessoas estão reconhecendo novamente o carnaval de Cordeirópolis como referência na região". Para o próximo ano, o prefeito já prevê a preparação para receber ainda mais pessoas. "Temos que melhorar cada vez mais a estrutura", considera ele, parabenizando a equipe organizadora e os participantes da festa. "É um povo que veio para se divertir, com pouquíssimas ocorrências. Realmente foi o carnaval da família".
Para o titular da pasta de Cultura, Nivaldo Menezes, o evento superou as expectativas, apesar de uma certa apreensão no início, mesmo com a experiência de outros carnavais no mesmo local. "Isso nos dava um certo conforto, mas não tranquilidade", pontuou. "Mas tinha muita gente, incluindo o público flutuante. A análise é positiva", destacando o funcionamento da boate simultâneo aos desfiles, como opção às outras "tribos", como os que gostam de som eletrônico, além do tradicional das marchinhas.
O secretário também destacou a situação financeira atual, considerando que "fazer o carnaval popular foi certeiro", já que as famílias tiveram uma opção gratuita, cada uma levando suas bebidas e petiscos para ver os desfiles. "A maioria dessas pessoas provavelmente não teria condições de curtir de outra forma", opina. Menezes também destaca os elogios recebidos pela conservação pública. "A cidade estava limpa às 7h, sem atrapalhar os que não gostam de carnaval, mas têm o mesmo direito de ir e vir".


domingo, 12 de fevereiro de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Prefeitura começa a "conhecer" ocupação Constante Peruchi

Diagnóstico detalhará situação socioeconômica de famílias, além de aspecto físico do local

Daíza Lacerda

Quem são, como e com quanto vivem e em quais condições são algumas das questões buscadas pela Prefeitura de Cordeirópolis junto aos moradores da ocupação às margens da rodovia Constante Peruchi, próximo da divisa com Santa Gertrudes. A Secretaria da Mulher e Desenvolvimento Social iniciou o recadastramento das famílias, em parceria com a Secretaria de Obras e Planejamento. Além da atualização das informações e levantamento da atual situação socioeconômica, são verificados os volumes construídos, para que sejam propostos estudos para regularização do bairro.
A situação presenciada foi de vulnerabilidade, apesar do espírito de comunidade, como explicou Elaine Siqueira, titular da Secretaria da Mulher e de Desenvolvimento Social. "Durante o recadastramento, foi possível identificar os laços de solidariedade enquanto potencial da comunidade. Nos deparamos com uma situação de extrema pobreza e condições desumanas de habitação, que atinge os moradores há mais de dez anos, e que foi negligenciada".
Entre os desafios está o alcance aos serviços. "O precário acesso às políticas públicas de proteção social, a inexistência de serviço de esgoto, dificuldades no acesso a água, a falta de intervenção dos agentes comunitários de saúde, falta de referência do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) enquanto equipamento da assistência social, alto índice de desemprego, trabalhos precários e a baixa escolaridade dos moradores" são vulnerabilidades listadas por ela. "A administração atual tem avaliado alternativas para minimizar os impactos e garantir maior dignidade às famílias e indivíduos, com garantia de uma atenção especial à questão das mulheres", disse.
OBJETO DE ESTUDO
A ocupação já foi estudada por Renan Sanches, atual secretário de Obras e Planejamento, que acompanha o novo diagnóstico. Apesar da pasta focar as condições físicas do local, não se desconsidera o fator humano, como defende, já que são famílias que vivem em condições insalubres. "Ao menos 90% dos casebres são feitos de partes de madeira, com telhas de fibrocimento, pequenas e quentes. Alguns tiveram condições de colocar contrapisos", descreve. Ele estima que o imóvel mais amplo tem cerca de 20 m², a metade de uma casa popular. "Em muitas situações é só um cubículo".
É neste meio que vivem cerca de 80 famílias, com predominância jovem, algumas com ao menos três filhos. No entorno, rodovia, linha férrea e área de preservação inspiram ambiente hostil, mas a ocupação teve início há quase duas décadas, numa área particular de uma empresa falida. A posse já foi alvo de briga judicial, mas, em 2011, a área foi declarada como de zona de interesse social.
"São pessoas em condições precárias, desempregadas, com parte em situação de extrema pobreza. O diagnóstico serve para saber como o Executivo buscará soluções para resolver, e como criar condições dignas para que cada um possa adquirir o seu espaço", explica.
O município ainda tem outros parcelamentos irregulares para lidar, como outros assentamentos, a exemplo do Santa Rita, numa ocupação mais organizada, conforme o secretário. Outra situação é o Engelho Velho, vendido como área de lazer, mas que passou a ser usado como moradia. O local também foi alvo de cobrança da Justiça, e passa por trâmites para a regularização.
"BOOM" INDUSTRIAL
A ocupação era uma situação nova para Cordeirópolis no início dos anos 2000, quando a cidade tinha população estimada em cerca de 10 mil habitantes. As oportunidades de trabalho com o avanço da indústria, principalmente cerâmica, começou a atrair pessoas de outros estados, como Minas Gerais e Pernambuco, que começaram a suprir a mão de obra que faltava para a expansão. "Não só o trabalho na indústria cerâmica, mas também a instalação da Nestlé e os serviços voltados a transporte encontraram mão de obra barata numa cidade em que poucos trabalhavam nessas áreas. A busca era também por qualidade de vida, pois uma cidade que arrecada mais deve ter mais equipamentos públicos", contextualiza, com a ressalva que nem todos os moradores da ocupação são de fora.
Apesar das circunstâncias de formação, ele salienta que a ocupação não teve a expansão que se poderia esperar. Outro fator é que a população tem acesso a equipamentos públicos do Jardim Eldorado, pela proximidade geográfica.


Levantamento teve encaminhamentos às políticas
públicas e busca alternativa habitacional às famílias
Foto: Divulgação/Prefeitura Cordeirópolis



Jardim Cordeiro II: melhoria
de construções é buscada


Para o secretário Renan Sanches, de Obras e Planejamento, o programa Minha Casa, Minha Vida desenvolvido no Jardim Cordeiro II é um exemplo da política habitacional mal direcionada, o que a atual gestão pretende evitar ao fazer diagnósticos que apontem onde estão as reais necessidades.
As 60 casas foram entregues com atraso às famílias mais carentes do município, depois do abandono de uma empreiteira e outra reassumindo. Problemas estruturais das casas foram diversas vezes apontados pelos moradores, que não tiveram festa ou formalidade na entrega das chaves, com imóveis sob risco de invasão diante da morosidade da entrega. O telhado de uma das casas chegou a desabar, e outros conviviam com chuva dentro dos cômodos.
Conforme Sanches, esta é uma das situações que demandam orientação técnica para construção de forma adequada. Mas, num projeto que já foi entregue com problemas, a atual gestão está acionando os responsáveis para melhorias nas construções. "Estamos levantando os processos em busca dos responsáveis para otimização e melhoramentos nas casas". (Daíza Lacerda)



GeoLimeira: acesso só após renovação da licença

Base de dados sobre o município em mapa está inacessível até novo processo de compra

Daíza Lacerda

A ferramenta GeoLimeira, um mapa do município no qual podem ser destacados itens como equipamentos públicos, como postos de saúde e escolas, não tem data para voltar a ser disponibilizada. O fim do acesso, que era feito por meio de link disponível no site da Prefeitura de Limeira, chegou a ser questionado na Câmara.
Secretário de Urbanismo, Matias Razzo explicou que a licença não havia sido renovada, o que está sendo providenciado. O processo está sendo retomado, mas ainda não há estimativa de datas ou valores.
Ele explica que a intenção é alimentar ainda mais o sistema, para ser usado como uma ferramenta de governo, com cruzamento de dados.
Eram disponibilizadas diversas bases de dados, como da Educação, Saúde, Ambiente e Mobilidade, permitindo a consulta de abrangência de territórios, por exemplo. São delimitadas áreas institucionais, dominiais, divisas, bacias e microbacias, em informações que podem ser usadas para fiscalizações. Também eram oferecidas as fichas imobiliárias sobre cada lote do município, com as informações de âmbito público, de publicidade permitida, como dimensões e dados do proprietário. A ferramenta teve amparo jurídico para ser disponibilizada, e é usada também por outros municípios, como São Paulo. 
Quem tentar acessar por outros meios, vai se deparar com campos de login e senha para acesso. Justamente para evitar esse tipo de confusão é que o link foi tirado do ar, como explica Razzo.
FOTO AÉREA
Ainda no âmbito digital, a secretaria prevê atualizar a base de fotos aéreas, usadas para fiscalizações para regularização onerosa e fundiária. A usada atualmente é de 2014, de satélite, sem resolução satisfatória que permita identificar mais detalhes. Razzo defende que a nova base é necessária devido a expansão de diversas áreas. 
O objetivo é fazer a compra das fotos que não sejam de satélite. No entanto, ainda não foi levantada a situação dos recursos, e a atualização pode ocorrer tanto neste ano quanto no próximo.


Com baixa adesão, aprovação
on-line deve passar por ajustes


Lançada oficialmente no final do ano passado após período de testes, o sistema de aprovação on-line ainda tem adesão tímida. Até a última semana eram 10 processos, 5 com pendências apontadas pela equipe técnica, 4 aguardando pagamento e 1 aprovado.
Conforme o secretário de Urbanismo, Matias Razzo, o sistema deve passar por ajustes. Tudo é feito on-line, mas possivelmente a apresentação final do documento não dispensará o papel e atestado em vias. Por enquanto, a opção é válida para aprovação de construções novas, residenciais e de até 500 m².
Razzo reforça que há planos de deixar o sistema mais completo, abrangendo outros tipos de aprovações. No entanto, além da construção desse sistema, são necessários equipamentos mais modernos para a operação e manutenção dos trâmites on-line. (Daíza Lacerda)

Condenação anterior de Dudu é extinta pela Justiça

Daíza Lacerda

Antes da condenação que o levou à prisão no início de janeiro, o vereador Rinaldo de Lima (PMDB), o Dudu, acumulava condenação anterior, em processo de 2012, no qual era responsabilizado por falso testemunho, com Josefa Severina de Oliveira. O caso também estava relacionado com máquinas caça-níquel no estabelecimento de ambos.
Decisão do juiz Leonardo Delfino, do último dia 7, extingue a pena aplicada a ambos em 2012 pelo juiz Marshall Rodrigues Gonçalves, que era de um ano e dois meses de reclusão em regime aberto, mas que foi substituída por prestação de serviços à comunidade.
A defesa de ambos sustentou que já se passaram mais de quatro anos da sentença transitada em julgado, considerando-se 24 de abril de 2012, o que justifica a extinção da punição, fundamentada no Código Penal. O Ministério Público deu parecer contrário, sob o argumento de que o prazo deveria ser contado a partir da condenação para ambas as partes, que seria 28 de maio de 2015. No entanto, o juiz considerou que "o marco inicial para contagem da prescrição da pretensão executória é o dia em que se operou o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, nos termos em que dispõe o art. 112, inciso I, do Código Penal".
Desta forma, a decisão expõe que o crime prescreveu em 24 de abril de 2016, o que leva à extinção da punição aos réus.
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Acordo terá prazo de 1 ano para ações na Limeira-Cordeirópolis

Prefeitos de Cordeirópolis e Limeira se reuniram para debater providências

Daíza Lacerda

Pela primeira vez, as responsabilidades acerca da rodovia Dr. Cássio de Freitas Levy, a Limeira-Cordeirópolis, serão colocadas no papel em acordo entre as duas prefeituras. Esta é uma das definições do encontro entre os prefeitos Adinan Ortolan (PMDB), de Cordeirópolis, e Mario Botion (PSD), de Limeira, na tarde de terça-feira.
Adinan já havia anunciado que aguardaria prazo de seis meses a partir do início do mandato de ambos para efetivas medidas acerca da via, que acumula reclamações sobre a segurança e manutenção, não condizentes com a arrecadação do pedágio, que vai para os cofres do Executivo de Limeira. Conforme o prefeito cordeiropolense, na conversa foi definido o prazo de um ano para levantar custos de ações de itens como a duplicação. A contagem será a partir do convênio a ser firmado entre os municípios, que deve ser submetido ao Legislativo das duas cidades.
O acordo deve prever responsabilidades de Limeira enquanto detentora dos recursos do pedágio, o que nunca foi formalizado. Botion informou que as demandas colocadas devem ser avaliadas. Entre elas estão melhorias na chegada de Cordeirópolis, em intervenção que ainda será detalhada posteriormente, incluindo os custos. "Há problemas como a drenagem na rotatória da entrada. Já um projeto maior pode ser visto a longo prazo, conforme o que o diagnóstico determinar", disse, referindo-se ao levantamento que será feito pelo Executivo limeirense.
A minuta de cooperação já traz acordos em linhas gerais, mas pontos específicos da manutenção e obras emergenciais devem ser negociados entre os municípios. A expectativa é ter o convênio assinado em março.
DIAGNÓSTICO
Não há levantamento algum sobre a rodovia, o que será feito pela Prefeitura de Limeira como ponto de partida. Deve ser contratado um projeto para dimensionar tanto o tráfego quanto o custo da duplicação, além da real receita e despesa do pedágio. "Será um estudo abrangente para apontar o melhor modelo a ser adotado, se a concessão, duplicação ou parceria público-privada. É um assunto importante e deve ser tratado tecnicamente, não ficar no 'achismo'", ressaltou Botion, sobre análise que deve também se estender no âmbito jurídico.
Sobre as tentativas frustradas da gestão anterior em iniciar um projeto, Botion explicou que o processo não chegou a ser finalizado, e será retomado. Serão verificados os fatores que impediram o avanço, para os ajustes. "Não houve tempo hábil para levantamento dessa situação, mas, com essa conversa para uma solução conjunta, será buscado", informou.
ETE
O prefeito de Cordeirópolis também foi cobrado sobre a execução da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), cuja obra sofreu atrasos. Enquanto isso, o esgoto do município ainda é lançado em Limeira, no Ribeirão Tatu. Apesar da previsão de término da construção em maio, ele considera atrasos, com a conclusão mais provável até o fim do ano. "Desta forma, duas grandes pendências entre os municípios devem ser resolvidas em um ano", acredita Adinan.
O chefe do Executivo de Cordeirópolis acrescentou que também entrou em contato com o promotor Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, que acompanha a situação da rodovia no âmbito do Ministério Público, para atualização do acordo entre os municípios. "Embora a ação civil pública seja contra Limeira, Cordeirópolis vai acompanhar oficialmente", disse. Também reiterou a cooperação limeirense. "Botion foi muito positivo e receptivo. É um assunto enrolado desde 1998, e agora temos um cronograma. Estamos próximos de um final feliz desta novela".


Adinan e Botion chegaram a acordo
sobre rodovia Limeira-Cordeirópolis
(Foto: Adilson Silveira/Prefeitura de Limeira)


Vereadores se queixam sobre decisão da situação de Dudu

Parte do Legislativo se manifestou na primeira sessão, realizada na noite de terça-feira

Daíza Lacerda

A responsabilidade de decidir o futuro de um de seus pares levou vereadores de Cordeirópolis a se manifestarem na primeira sessão, realizada na última terça-feira. O encontro teve a leitura do Projeto de Decreto Legislativo sobre a perda do mandato do vereador Rinaldo de Lima (PMDB), o Dudu. Preso em 5 de janeiro por contravenção penal envolvendo máquinas caça-níquel, Dudu agora cumpre a pena de três meses em regime aberto, em sua residência.
O projeto parte de reação da Câmara diante de inquérito instaurado pelo Ministério Público, que cobra a extinção do mandato de Dudu devido à condenação transitada em julgado, e não apenas a suspensão, como adotou o Legislativo, com base no regimento interno.
Diante da reivindicação, vereadores decidiram seguir a Lei Orgânica do Município, que prevê a extinção no caso de condenação. No entanto, o ato não pode ser da Mesa Diretora, mas tem de passar pelo aval de todos os vereadores, com direito de defesa do vereador.
No final da tarde de ontem, o projeto lido na sessão de terça ainda não estava disponível no sistema on-line da Câmara. No portal, a assessoria disponibilizou as manifestações na Tribuna Livre de cinco vereadores diante da incumbência, como do presidente Laerte Lourenço (PMDB): "Não podemos ter a responsabilidade em decidir essa questão do vereador, pois de acordo com o ofício recebido, o MP quer atribuir à Câmara uma função que era deles durante o período eleitoral e agora quer forçar essa Casa a consertar o equívoco que eles, ou o Poder Judiciário propriamente dito, cometeram".
Cássia de Moraes (PDT) também fez uso da palavra, lembrando do processo de habilitação junto à Justiça Eleitoral, para que pudesse lançar a candidatura, assim como fez o vereador Dudu. "Fui eleita de forma democrática e com o intuito de legislar em prol da nossa cidade, e fiscalizar o Poder Executivo, não para julgar ou validar a candidatura de um outro vereador. Reitero a todos que farei da forma mais clara e objetiva possível, me embasando nos documentos oficiais, nos pareceres jurídicos e principalmente pensando no bem da cidade", declarou.
Para Cleverton Nunes (PMDB), o Carioca, "foi jogado às nossas mãos um julgamento que o Ministério Público tinha obrigação em realizar. Todos os documentos foram entregues, certidões negativas, enfim, foi eleito, diplomado e empossado. Faremos da melhor maneira possível e seguiremos o que determina a lei".
Sandra Santos (PT) considerou que "ele teve 379 votos e hoje está sendo representado pelos seus eleitores, e antes mesmo em se espalhar boatos e calúnias por redes sociais, deveriam conhecer melhor todo o processo que se chegou e não simplesmente julgar, e não cabe a nós fazermos isso".
O vereador Geraldo Botion (PSDB) lembrou que, "para poder registrar a candidatura, a Justiça pede inúmeros papéis e documentos, os quais ele apresentou e foram passados pelo crivo deles. Fui eleito para legislar, e solicitar ao Executivo o que está faltando aos munícipes, e não determinar e julgar o vereador, esse ofício cabe à Justiça que está melhor preparada e amparada, e não a nós".
PROPOSTAS
A sessão iniciou com a aprovação de quatro requerimentos, sendo um do vereador José Geraldo Botion (PSDB), que apela à Elektro para que determine o remanejamento dos postes em rotatórias da Rodovia Constante Peruchi. Os demais são do vereador Anderson Hespanhol (PPS), para a criação de mais uma sala do 6º ano na escola Odécio Lucke, e votos de congratulações à empresa Google e Nuvem Mestra.
Há dois projetos de resolução que serão discutidos para aprovação. Um prevê a criação da Câmara Participativa, proposto pelo presidente Laerte Lourenço (PMDB). Já a criação do Serviço de Informação ao Cidadão (SIC) foi proposta pela Mesa Diretora. Houve 23 indicações, 8 do vereador Antonio Marcos da Silva (PT), o Lemão, 9 do vereador Cleverton Nunes (PMDB), o Carioca, e 6 de Anderson Hespanhol (PPS), o Pique.


Em sessão, parte dos vereadores se posicionaram sobre
condição prevista em lei para extinção de mandato (Foto: Divulgação)

Publicado na Gazeta de Limeira.
domingo, 8 de janeiro de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Robinho: falta uma perna, mas sobra disposição


Robinho adotou o lema "o limite é só o começo",
que resume a sua jornada
(Foto: JB Anthero/Gazeta de Limeira)

Limeirense que passou por dois cânceres e uma amputação busca o triathlon paralímpico

Daíza Lacerda

Muita gente começa o ano com o propósito de se movimentar como uma das resoluções. Para Douglas Aparecido Antonio, o Douglas Robinho, de 28 anos, ficar parado não é uma opção. Com uma das pernas amputada há mais de um ano, o rapaz mergulha no esporte como filosofia de vida, sem ter deixado se abater por dois cânceres que o acometeram antes da amputação.
A sua história é conhecida dos gupos de ciclismo de Limeira, já que o limeirense se dedica a pedalar cerca de 60 quilômetros quase todos os dias. Sem prótese. O equipamento, que é alívio de alguns, já significou um peso para quem se redescobriu voando sobre rodas. Isso porque uma prótese interna é que limitava o rapaz, que ganhou as ruas e trilhas quando se viu, finalmente, com uma perna só.
O apelido Robinho remete ao início da adolescência, quando jogava futebol. Com 14 anos, passou pelo Independente, Inter e Guarani. Sem incentivo, a carreira não deslanchou e o jovem deixou o futebol para trabalhar, aos 15 anos.
Foi há 11 anos que ele teve diagnosticado o primeiro câncer, maligno, que atingiu o fêmur e o joelho esquerdos. Seguindo a orientação médica, não amputou, mas recebeu uma prótese interna. Foi quando adotou a natação para recuperação, em esporte que não deixou nunca mais.
A perna era só "para inglês ver", já que a falta de movimentos mais o limitava do que ajudava. "Não conseguia dobrar. Além da musculatura fragilizada, que não respondia aos movimentos, tinha um encurtamento de 9 centímetros. Já era dependente da muleta", conta. Nessa condição ele já participava do projeto de Cicloinclusão, mas só conseguia usar triciclo, bem longe das trilhas. 
MENOS É MAIS
Quatro anos depois do primeiro câncer, foi identificado o segundo. Desta vez, na virilha, também do lado esquerdo. Robinho encarou as quimioterapias, fez tratamento por oito meses no Instituto do Câncer em São Paulo e seguiu a vida. Passada mais de uma década da implantação da prótese, o "corpo estranho" é que começou a dar problema. "Depois de tanto tempo, houve rejeição da prótese, e havia risco da infecção se espalhar. Só aí houve decisão médica pela amputação, que eu já queria desde a primeira intervenção", explica.
Por ter contato com várias pessoas amputadas, ele já colhia informações sobre o que esperar, como possibilidades de infecção e processo de cicatrização e recuperação, o que tornou o processo ainda mais tranquilo. "Foram experiências que me ajudaram também psicologicamente", acrescenta.
Quando pedalava com triciclo, a perna com prótese era como um bebê que tinha que ser protegido de todas as formas. Qualquer batida poderia representar danos muito maiores ou longos tratamentos com medicações, tudo o que ele não queria. Por isso a amputação foi uma porta para a liberdade.
"Ficou muito mais fácil praticar esportes. Comecei a pedalar amarrando o pé no pedal, me equilibrando. Depois fui pegando mais confiança com o firma pé, e fiz trilhas assim por um mês. Tive ganho muito rápido e parti para a sapatilha. Afinal, com um ou dois pés, se tiver que cair, vou cair", diz ele, sobre o calçado que se encaixa no pedal, capaz de provocar tombos bobos até que o ciclista ganhe habilidade em usá-lo.
ALÉM
O início de treino em corrida é com o objetivo de disputar provas de paratriathlon ainda este ano. Só que, em vez de cadeira, ele vai de muletas. Ainda está se acostumando com as dores, mas nem a cadeira e nem a prótese são opções. Como ele sofreu uma desarticulação de quadril, não tem coto, e a prótese específica custa R$ 95 mil. Ele até usa uma no dia a dia, mas a apropriada para o esporte é inviável.
Afastado de seu emprego no comércio há 11 anos, Robinho deve voltar a trabalhar neste ano. Enquanto isso, recebe ajuda de parceiros que viabilizam equipamentos, orientam em treinos e apoiam para os provas, que têm custo de hospedagem, inscrição e transporte. "Minha vida de esportista só é possível com essas parcerias. Quero fazer provas mais longas, mas como amador, para poder relatar as experiências em meu livro", anuncia, sobre material preparado para este ano. Apesar da preparação para o triathlon, mais comum no asfalto, suas primeiras provas devem ser em trilhas.
SEM LIMITES
Ao fazer um balanço de suas experiências e sua condição, Robinho argumenta que "problemas todo mundo têm, a diferença é como cada um encara". Ele prefere viver de forma intensa, se questionar. Adotou como slogan que "o limite é só o começo", que resume a sua jornada. "Toda vez que parecia que algo ia me limitar, eu pude viver de outra forma. Então pergunto: de que forma se quer viver?".
O rapaz de uma perna só é sustentado por um tripé: Deus, família e amigos. "Sem essa base eu não conseguiria atingir nenhum dos meus objetivos". A posição otimista é tão natural que ele às vezes estranha tanta dificuldade que os outros veem e ele não. "É o que tenho, e tento fazer as coisas com prazer".
Robinho pode ser contatado pelo e-mail douglasrobinho7@hotmail.com e pela página do Facebook Douglas Robinho.





terça-feira, 3 de janeiro de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Releitura - O fim e os acertos

COLUNA RELEITURA 
daiza.lacerda@gazetadelimeira.com.br

O fim e os acertos

Daíza Lacerda

Ainda há quem se pergunte como um prefeito que viabilizou moradia popular, avançou em situações complicadas da assistência social e iniciou obras em vias das mais usadas no município pode perder a eleição. Ao que tudo indica, principalmente o resultado das urnas, Hadich foi traído pelo próprio temperamento, mesmo com os acertos de seu governo, um mérito que não há de se tirar de boa parte de seu secretariado. Dentro do Edifício Prada e, principalmente ao deixá-lo, faltou a humildade demonstrada por muitos de seu primeiro escalão.
Ainda que carisma não signifique gestão, quem vota em quem não lhe causa empatia? E nisso parece ter pesado o Hadich delegado, intrínseco no Hadich prefeito. O ar autoritário não fugiu à percepção popular, fazendo sombra àquilo que deu certo nos quatro anos de governo.
A identificação maior com os subordinados de Hadich foi notória, por exemplo, no sorteio das unidades do Rubi, quando o então secretário da Habitação foi mais ovacionado do que o próprio prefeito. Ainda que capitaneados pelo ex-chefe do Executivo, os ex-secretários lidavam de forma muito próxima dos principais interessados dos serviços de suas pastas, principalmente usando as redes sociais. Uma afinidade que o ex-prefeito não conseguiu criar.
Apesar do amargor do resultado das urnas, Hadich tinha motivos para ser um bom perdedor, já que iniciativas do seu governo chegaram a ser elogiadas e devem ser continuadas por parte do secretariado que sucederá a sua gestão. Além do orgulho, não lhe custava deixar o posto na cerimônia de posse e sair pela porta da frente, como tanto enfatizou que faria.
Toda cidade estará em permanente construção, e Limeira não é diferente. Também não é novidade que é obrigação de qualquer gestor entregar uma cidade melhor do que pegou. Mesmo assim, é justo reconhecer quem se esforçou para que isso de fato acontecesse, e isso foi nítido em algumas áreas como o Ceprosom, com equipes muito afinadas que atenderam moradores de rua e desencantaram o complexo reordenamento de abrigos de crianças e adolescentes; no Urbanismo, foi iniciado quase o milagre de desburocratizar processos, e a própria Habitação, que desenrolou emaranhados como o Recanto dos Pássaros e bairros irregulares, e fez um dos mais objetivos processos para selecionar os futuros moradores do Rubi.
Por outro lado, nem tudo que reluz em seu luxuoso informativo de prestação de contas é ouro. A paz ainda não reina em bairros das periferias mais vulneráveis, principalmente ao tráfico, a manutenção pública é o mínimo que se espera de uma administração, e indicadores de segurança não necessariamente garantem uma sensação geral de segurança. E sempre há de se considerar as subnotificações, pois há gente que já foi tantas vezes alvo de ladrões ou teme represálias, que não registra mais queixas, numa cultura que ainda há muito que ser trabalhada e transformada.
A parceria com a sociedade buscada e citada por Hadich em sua entrevista à Gazeta publicada em 31 de dezembro poderia perfeitamente ter sido iniciada com mais ênfase por ele. Talvez a população tivesse outro olhar se o Executivo usasse peças publicitárias para convidá-la à participação, e não exibir conquistas que, apesar de genuínas, não necessariamente traduzem um sentimento coletivo. Um questionário do usuário de transporte, por exemplo, ficou escondido, quando merecia outdoor e coletiva. O piscinão, com toda a sua importância, todos sabiam da execução. Mas ainda é urgente a mudança de postura em como lidar com o lixo para evitar alagamentos e reduzir os custos com limpeza urbana. Talvez ter se colocado um pouco mais na pele do munícipe, aquele que perde tempo esperando ônibus, que perde tempo na onda vermelha dos semáforos, que faz viagens nos postos para conseguir exames e remédios. Essa distância talvez explique porque os acertos não foram associados a Hadich, ou solenemente ignorados pelo eleitorado.
É claro que as medidas acertadas apontam para evolução, mas não são o suficiente para um sentimento de melhoria geral. Principalmente porque ainda restam calos muito incômodos, como a saúde e o transporte público, muito longes do ideal para o porte de Limeira. Um desafio que agora está nas mãos de Mário Botion e o time escalado por ele.



Publicado na Gazeta de Limeira.

Adinan anuncia mudanças administrativas; Laerte é presidente por unanimidade

Novo prefeito de Cordeirópolis engatilha três projetos para sessão extraordinária

Daíza Lacerda

Na posse como prefeito de Cordeirópolis, Adinan Ortolan (PMDB), anunciou suas primeiras medidas à frente Executivo. Ao menos três projetos serão encaminhados nesta semana à Câmara Municipal, com uma sessão extraordinária prevista para a próxima terça-feira, dia 10.
Uma delas prevê que o Hospital Maternidade de Cordeirópolis (HMC), que hoje é uma autarquia, passe para a administração direta da prefeitura. "Na verdade é um pronto socorro e centro odontológico, com custo de R$ 10 milhões por ano. A Secretaria da Saúde demanda R$ 18 milhões com 7 unidades de saúde, vigilâncias sanitária e epidemiológica, e administração. Propomos a extinção da autarquia, que tem quatro diretores. A administração da Saúde iria para o prédio da HMC, e só de aluguel a economia será de R$ 2 milhões por ano".
A economia prevista também é na ordem de R$ 2 milhões com o projeto de reestruturação administrativa, com corte de cargos comissionados. Adinan nomeará secretários que assumirão mais de uma área.
O terceiro projeto é da reativação da Faculdade de Cordeirópolis. São previstas 160 vagas em quatro cursos: Gestão em Marketing Digital, Recursos Humanos, Processos Gerenciais e Gestão Pública. “Vamos encaminhar para a Câmara o projeto de reativação da faculdade municipal e da criação de uma escola técnica. Se aprovado, teremos vestibular já no dia 29 de janeiro”. Neste ano ainda pretende abrir licitação para a construção de um prédio próprio para faculdade. "Para o segundo semestre, além de novos cursos superiores, deve ser retomada a escola técnica, com cursos técnicos em Mecatrônica, Automação Industrial, Técnico em Cerâmica, entre outros. A expectativa é gerar até 300 vagas por ano".
ESTREIA
O primeiro dia de governo foi de reunião com servidores e organização da casa. "Esses primeiros dois dias serão dedicados à organização de espaços. Saí da prefeitura em 2010 e agora encontrei muita bagunça no aspecto físico, coisa entulhada, móveis quebrados, arquivo morto. Mas também nos apresentamos, e as nossas propostas, para que os servidores nos conheça como novos gestores". A reunião com o secretariado ficou para sexta-feira. "Já nos reunimos nas última semana, então cada um chegou já sabendo o que precisava fazer, como se acertar com suas equipes".


Transmissão de cargo foi feita de Zorzo a Adinan no gabinete - Foto: Divulgação


Programa vai pagar para
desempregado se preparar


Entre as iniciativas previstas por Adinan Ortolan está o "Programa Emergencial do Emprego", com previsão de investimento de R4 2 milhões em um ano. A proposta, que está em elaboração e deve passar pelo crivo da Câmara, é oferecer 500 vagas num curso de preparação para o trabalho, com orientações sobre postura, marketing profissional, currículo e autoestima para desenvolver tarefas. Cada participante deve receber R$ 200 para fazer o curso e os 250 melhores que demonstrarem maior interesse e pontualidade serão selecionados. Eles ganharão um salário mínimo para o encaminhamento de cursos de qualificação profissional, como pedreiro, eletricista, soldador, mecânico e paisagista. A contrapartida será em meio período de serviços em próprios municipais, com instrutores. "Em vez de contratarmos esse serviço, o trabalho pode ser desenvolvido por essas pessoas, até que as empresas se recuperem para voltar a contratar", declara Adinan. Os recursos virão de cortes de cargos e aluguéis. (Daíza Lacerda)


Por unanimidade, Laerte
presidirá em Cordeirópolis

Sem concorrentes para a presidência da Câmara de Cordeirópolis, Laerte Lourenço (PMDB) foi eleito por unanimidade para presidir a Casa no biênio 2017/2018. A Mesa Diretora ainda é constituída pelo vice-presidente Rinaldo Lima (PMDB), a primeira secretária Cássia de Moraes (PDT) e segunda secretária Sandra Santos (PT). Cleverson Nunes (PMDB) foi eleito líder de governo.
Laerte reconheceu que a maioria dos vereadores não tem experiência política, e devem aprender juntos. "Será necessária unidade para as coisas prosperarem. Não tomaremos decisões em separado", diz ele. O início dos trabalhos ainda não será no novo prédio da Câmara, pois é necessário o alvará, além da manutenção de alguns pontos. (Daíza Lacerda)



Laerte foi o vereador mais votado e eleito por unanimidade para presidir a Câmara

Publicado na Gazeta de Limeira.