quarta-feira, 10 de agosto de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Economista explica como crise nos EUA pode afetar brasileiros

Daíza Lacerda


Encarecimento do crédito com aumento dos juros pode ser uma das consequências

Pagar as contas e evitar novas dívidas, pelo menos por enquanto. É o que aconselha a economista Rosângela Carvalho, coordenadora de Economia do Isca Faculdades, durante a "turbulência" no mercado financeiro mundial que derrubou a bolsa de valores brasileira em 8,08% na segunda-feira.
Apesar da alta de 5,10%, ontem, como tudo depende do tempo de recuperação dos Estados Unidos (EUA), o Brasil tem motivos para se preocupar, mesmo com a estabilidade local. "Uma das consequências possíveis para segurar investidores é a tendência do aumento da taxa selic", explica. Ou seja, o crédito poderá ficar mais caro, e os produtos com componentes importados também, diante da possível alta do dólar. E a economista explica o por quê.
"Os EUA são referência para todos os países, por serem uma potência e maior investidor e credor mundial. Se há dúvida em relação ao investimento neste país, o temor será maior ainda em outros". O país vive oscilção econômica desde a crise de 2008, quando aumentou os gastos sociais e em incentivos para o consumo e consequente produção e crescimento econômicos. Agora, com as dívidas, precisa cortar gastos, o que causa um "efeito dominó".
No Brasil, o primeiro reflexo é a redução de exportações, o que deve levar o governo a repetir a "receita" de 2008, como anunciou a presidente Dilma Rousseff: a aposta no mercado interno. No cenário de crise, o governo precisa economizar, mas manter incentivos para o consumo, de forma a alimentar o ciclo de desenvolvimento - ter demanda para não parar as produções, evitando o desemprego e perda de mercado.
Já a queda das principais bolsas do mundo, que começaram a semana "no vermelho", foi resposta à baixa da "nota" dos Estados Unidos (EUA) de AAA para AA+ pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, na sexta-feira.

TEMOR
A venda de ações "em massa" devido ao temor de queda é o que causa a queda propriamente dita nas bolsas, explica Rosângela. "São as consequências em torno da expectativa. Há queda no Brasil, mas o nível de segurança é menor em outros países". O que não necessariamente serve de alento no cenário atual, já que a crise de 2008 tinha como ícone o mercado imobiliário norte-americano e, agora, o próprio governo.
Como meio de defesa, o ônus da recuperação dos EUA pode recair sobre os demais países dos quais é credor. "Mesmo que o Brasil tenha reservas internacionais, o que dá maior segurança, é uma reserva que escapa rápido. Por isso o País não está blindado, embora melhor preparado do que em 2008. As contas podem ficar mais caras", avalia.

OPORTUNIDADE
Para quem tem quantias disponíveis para investir - sem contar com este dinheiro por tempo indeterminado - pode ser uma boa hora para tentar, diante da queda dos valores das ações. Mas é preciso paciência até a recuperação, mesmo de ações de empresas mais estáveis como a Vale e Petrobrás. Já os títulos públicos são outra opção que apresenta menor risco. Mas o investidor deve avaliar a tendência das ações por semanas e meses, não isoladamente. "Quem já tem investimentos em ações não deve de forma alguma retirar neste momento", salienta Rosângela.
Enquanto isso, o cidadão deve cortar gastos. "O melhor, para garantir, é pagar as contas e guardar dinheiro, evitando fazer novas dívidas e financiamentos, que podem ficar mais caros".
Com a crise, há a tendência de alta no dólar, o que é alerta também para quem vai gastar no exterior numa inversão do cenário que os brasileiros têm aproveitado bastante, com a queda da moeda americana. "O ideal é não comprar no cartão de crédito internacional para evitar surpresas com a cotação do dólar no dia em que fechar a fatura".



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