sexta-feira, 25 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Viagem no tempo

Estamos fazendo - e escrevendo - história. Na minha pequena
cápsula do tempo, uma década de expectativas para avanço da educação

Há exatos 10 anos eu era estudante do 4º semestre de Jornalismo quando escrevi provavelmente o primeiro editorial da minha vida, selecionado pela professora Socorro Veloso para a edição do jornal laboratório Em Foco. Nesta semana, não tive como não relembrar o que me provocou a escrever naquela ocasião, numa espécie de cápsula do tempo particular, resguardadas as proporções com aquela que foi lançada nesta quarta-feira na Unicamp.
Graças ao meu apego ao papel (e história, e memória..) tenho aquela e muitas outras edições do Em Foco guardadas, mas bem acessíveis. A edição nº 43, de novembro de 2006, é aberta com as minhas considerações que partiam do I Salão do Livro Infantil, que havia acompanhado. Estava inconformada com o fato de Limeira ter um evento daquele e uma biblioteca com estrutura ainda tão precária, e cobrava um desfecho do novo campus da Unicamp, que parecia um assunto eterno e que só desencantaria anos depois. Quanto à biblioteca, tive a alegria de cobrir a sua mudança para a estrutura que merece (o que só foi efetivado há pouco mais de 1 ano!). Além do registro da morosa saga nos anos que antecederam esse "parto" (posso chamar assim, não é, Ligia Araujo?!)
Uma década depois eu cairia de paraquedas no assunto (porque não é a minha área de cobertura, que faço provisoriamente na ausência da escriba titular!) para registrar mais planos pra Limeira no ano 50 da Unicamp (e não posso esconder o prazer não só profissional quanto pessoal em noticiar o início das providências burocráticas para o futuro centro esportivo em Limeira... quem viver, verá.. correrá, nadará, jogará! Certo, Luciano Mercadante?!). Daí, ontem, um retrato simbólico de Limeira hoje, uma Gazeta com o meu texto e de meus contemporâneos, foi para a cápsula do tempo, que será aberta daqui a 25 anos. Nos minutos antes do início da solenidade (atrasada! a solenidade, não eu!), peguei a folha em branco com o símbolo da universidade e tracei algumas (várias!) linhas com expectativas para 2041. Não posso pedir muito mais do que continuar registrando a história, e torcer para que seja positiva (não canso de falar que gostamos é de notícia boa, embora todos julguem o contrário em relação à imprensa!).
Na minha viagem do tempo, pensei na vocação. A minha talvez seja mesmo o papel e a palavra. Mas e a de Limeira? Limeira ainda não me parece uma cidade universitária, e não sei dizer por que ainda não se rendeu a isso. É claro que é um processo, mas está devagar demais pra quem lida todo dia com o deadline, no "milagre" de fazer jornal nascer e morrer, todo dia (meus colegas de redação concordarão que o termo milagre não é exagero! haha...).
Um dos sinais mais evidentes de que Limeira não abraça a vocação universitária é a nossa vergonhosa rodoviária, a porta de entrada de mentes de tudo quanto é canto, que vêm efervescer o seu potencial aqui. Nós nem temos ideia do conhecimento que é produzido. Algumas pesquisas que conseguimos pinçar e repercutir em matérias é ínfima perto do que é desenvolvido. E, convenhamos: o clima universitário se restringe ao entorno dos campi. Ainda não contamina o resto da cidade com tudo aquilo que a presença maciça de estudante exige: custo de vida mais acessível, opção de lazer além de bares, opção de cultura, estabelecimento aberto até mais tarde que não seja loja de conveniência de posto, livraria de verdade (ou megastore, please!), sebos, mais sebos pelamordedeus!!
Reconheço que não é fácil "se encontrar", e a universidade também ainda tem muito a caminhar para ser mais aberta e mais acolhedora comunitariamente. Talvez o peso acadêmico ainda assuste, mas isso tem de ser desmistificado.
Enfim, entre uma cápsula e outra, nos cabe tentar agregar da melhor forma. Tenho muita expectativa sobre as histórias que teremos contado e vivido entre o agora e 2041, quando certamente terei as edições da Gazeta dos dias 23 e 24 de novembro de 2016 guardadinhas na minha cápsula particular. [Em tempo, experimentem isso: recentemente, numa sessão desapego, revirei baús e achei cartas que havia escrito para mim mesma anos antes, para ler aos 15, 18 e 21 anos... viajar no próprio tempo é saber se conhecer e reconhecer as mudanças que as fases e a vida nos provoca! Já escrevi outra para os próximos anos!].
A gente sempre reclama que não vê o tempo passar. Talvez seja porque a gente simplesmente não pare para olhar. Enxergar que estamos fazendo, o que estamos ganhando ou perdendo, construindo ou mudando.
quinta-feira, 17 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Tapa-buraco começa, mas avanço depende da chuva

Manutenção teve início ontem após trégua, e conclusão dependerá de precipitações

Daíza Lacerda

Além de frustrar o feriadão de muita gente, a chuva do último final de semana resultou em buracos em diversas regiões, graças ao intenso tráfego de algumas vias.
Após a trégua da última terça-feira e manhã de ontem, a manutenção até foi iniciada, mas prejudicada em algumas regiões que tiveram chuva à tarde. É o que explica o secretário de Obras e Serviços Públicos, Marcelo Coghi. 
A operação tapa-buracos, realizada pela Engep, começou pelo anel viário e seguiria pelas avenidas. Sairia da rota em casos relatados como mais preocupantes, como um buraco mais fundo na avenida Laranjeiras. Outras vias de tráfego mais intenso, como a Benedito Kühl, na Vila Cláudia, também registravam estragos.
Nos pontos com obras, a manutenção foi feita pela própria empresa executora, como informou Coghi. Foi o caso da via Antonio Cruañes Filho (anel viário), cujo acesso sentido hípica a partir da rotatória do Walmart foi solucionado paliativamente com a colocação de pedras.
Em outro ponto, o problema é parecido, mas demanda interdição para acabar com os buracos. No trecho de obras no córrego, entre a rotatória do Cecap e o viaduto Paulo Natal, sentido Anhanguera, a passagem de carros onde não há pavimento criou uma espécie de lombada e valeta. Segundo Coghi, naquele ponto também são colocadas pedras, mas o tráfego movimenta e forma novamente a valeta. "Naquele local será necessário colocar massa asfáltica, mas é um ponto mais complicado para interditar. Possivelmente isso será feito no final de semana, quando o tráfego é menor, caso não chova". Ele salienta que não adianta fazer a manutenção após a chuva, pois a massa não adere ao pavimento.
PEDIDOS
Diversas manutenções de buracos foram pedidas via Câmara Municipal, nesta semana. Entre elas, foram citadas pelo vereador Bruno Bortolan (PSB) vias como Vereador Samuel Berto, próximo do número 764, no Jardim Orestes Veroni; avenida Antonio Eugênio Lucato (Marginal Tatu) no trecho entre o Viaduto Jânio Quadros e Faculdade de Administração e Artes de Limeira (FAAL), e Rua Cezarino Ferreira, entre os números 1 e 61, na Vila Piza.




Rua Benedito Kühl está entre as vias
movimentadas com buracos após as chuvas
Foto: Mário Roberto/Gazeta de Limeira

Manchete da edição da Gazeta de Limeira.

Recursos de repatriação rendem R$ 3,1 mi a Limeira

Verba foi para o caixa geral da Prefeitura, para pagamento de servidores e fornecedores

Daíza Lacerda

Limeira recebeu do governo federal repasses provenientes do Imposto de Renda (IR) arrecadado durante a vigência do Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária (Rerct), também conhecido como repatriação. Tratam-se de recursos da regularização de bens e ativos no exterior, sendo que lei de 2014 prevê que a arrecadação do IR resultante do programa será compartilhada com os entes, sendo 21,5% desse montante destinado ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e 22,5% ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Os municípios recebem adicionalmente mais 2% dos valores arrecadados, via FPM.
Vicente Poleti, diretor de Receita e Fiscalização Secretaria de Fazenda, informa que o município teve repassados R$ 3.129.138, verba que veio para o caixa geral do Executivo, podendo ser usada para pagamentos de servidores e fornecedores. Em nível federal, o imposto rendeu R$ 50,9 bilhões.
Poleti explica que o repasse é na mesma proporção do FPM, e chega em boa hora, com a previsão de pagamento da primeira parcela do 13º do funcionalismo público amanhã. "O município está com as contas em dia, com os próximos pagamentos provisionados", reforça.
Como o ano ainda não fechou, não é possível saber se faltariam recursos caso não houvesse essa verba extra. Porém, Poleti explica que neste ano a situação é semelhante ao anterior: no aperto, mas sem dever, por enquanto. E não há mais espaço para investimentos. "Fazemos de tudo para não faltar. Agora é hora de pagar o que foi investido".
INDICADORES
A tendência de fechar o ano de forma estável é indicada pelos números do IPTU, até o momento. Segundo Poleti, na comparação de janeiro a outubro do ano passado e deste, a inadimplência saiu de 25,49% para 24,09%. Ele credita o resultado ao serviço de call center, que lembra o contribuinte do atraso. O serviço foi contratado de forma externa para a dívida ativa, de anos anteriores ao do exercício atual.
A arrecadação também aumentou no período comparado, mas sem cobrir a inflação. Até outubro, foram R$ 57,805 milhões em 2015 e R$ 63,882 milhões neste ano. Neste ano, devido às restrições eleitorais, não será realizado programa de negociação.

Publicado na Gazeta de Limeira.
terça-feira, 15 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Apuradas suspeitas de irregularidades no Bolsa Família

Ministério Público Federal indicou nomes; Ceprosom aponta banco de dados defasado

Daíza Lacerda

Limeira está entre as quase 4,7 mil cidades que receberam recomendação do Ministério Público Federal (MPF) para a realização de visitas domiciliares a beneficiários do programa Bolsa Família suspeitos de não cumprir os requisitos econômicos estabelecidos pelo governo federal para recebimento. Chamado de "Raio-X Bolsa Família", o projeto de iniciativa do MPF analisou todos os valores pagos pelo Bolsa Família no período de 2013 a maio de 2016.
No site disponibilizado pelo MPF com as informações por município, Limeira aparece com 3 beneficiários suspeitos de doações superiores ao benefício (R$ 1.894), 733 empresários, que teriam recebido R$ 2,5 milhões, 16 falecidos (R$ 38,6 mil) e 29 servidores com até quatro pessoas (R$ 75,1 mil).
O Ceprosom recebeu a solicitação no início de agosto, como informa Virgílio Alves, diretor da Vigilância Socioassistencial da autarquia. No entanto, foram encontrados equívocos logo na primeira checagem. "Primeiro, fizemos o cruzamento com o Cadastro Único. Há pessoas que não são de Limeira, assim como quem já não recebe mais o benefício. Não sabemos qual banco de dados foi usado, mas parece bastante defasado", explica.
No levantamento preliminar, foi identificado que ao menos 30% da lista já não recebia mais o benefício. Mas ele argumenta que o prazo de 60 dias do MPF é impossível de ser atendido, pelo número elevado para checagem, principalmente das centenas de empresários sob suspeita.
CHECAGEM
No levantamento da gestão municipal do Bolsa Família, foi identificada a situação dos quatro perfis apontados pelo MPF. Entre os servidores, 13 recebem, mas não são mais servidores, e 16 têm renda superior e não recebem mais. Outros 2 estariam em atividade, mas um não é de Limeira e outro declarou não receber.
Entre os doadores de campanha, foram identificados 4 com renda superior, mas que tinham o benefício cancelado há tempos. Outros 3 afirmaram nunca terem feito doação, levantando a possibilidade de uso do nome de forma irregular. Eles foram orientados a atualizar o cadastro, e a situação foi encaminhada ao MPF.
Dos listados como proprietários de empresa, 207 foram apontados com renda superior, mas não recebiam mais o benefício. Foi iniciada a visita a 528 famílias. Até a última semana, 80 haviam sido visitadas, e a situação comum entre os titulares era não ter fechado empresa aberta, principalmente na modalidade Micro Empreendedor Individual (MEI). Parte não foi localizada.
Entre os falecidos, de 16 apontados, 14 já não recebiam. Nos outros dois casos, o falecido não era o titular do benefício, mas alguém do grupo familiar.
Virgilio salienta que, em comum, os nomes apontados receberam o Bolsa Família em algum momento. O fato de não receber mais não impede que a pessoa esteja inscrita no Cadastro Único, esclarece. O CadÚnico é requisito não apenas para o Bolsa Família, mas para outros benefícios sociais nas esferas estadual e municipal, também voltadas a outras faixas de renda diferentes das previstas no programa de transferência de renda do governo federal.



Manchete da edição da Gazeta de Limeira.

República, uma estranha do povo

Sistema político completa 127 anos, iniciado em meio ao desconhecimento popular

Daíza Lacerda

No ano em que os resultados das eleições municipais surpreenderam muita gente que esperava a reeleição, o Brasil chega aos 127 anos da Proclamação da República. Entre outros objetivos, a mudança previa o revezamento de liderança política. Mas, se esse item não passou da intenção em considerável parte do tempo entre a proclamação em 1889 e apuração das urnas em 2016, o próprio sentido da palavra república (res publica = coisa pública) também não fez o menor sentido nos moldes em que a mudança política foi feita no Brasil. Ou nos Estados Unidos do Brasil.
Quem explica a conjuntura é Roberson Marcomini, professor de História e Filosofia do Colégio Jandyra. Imbuída pelos 100 anos da Revolução Francesa e proclamada pelo Marechal Deodoro da Fonseca, ele próprio sem tanta segurança no novo sistema proposto, a república foi resultado da articulação de grupos proeminentes da época, cada um com seu interesse, descontentes com dom Pedro II.
O primeiro grupo era dos militares, que esperava mais reconhecimento ao voltar da Guerra do Paraguai, que terminou em 1870. O segundo era dos cafeicultores que, com a Lei Áurea de 1888, perderam a mão de obra barata dos escravos, que tiveram a liberdade decretada. Por último, os padres, descontentes com um imperador da Maçonaria.
A união dos interesses desses grupos levou à destituição de dom Pedro II e o início da república, em 15 de novembro de 1889. Como primeiro presidente do Brasil sem votação, marechal Deodoro não parecia tão confiante assim na república, como pontua Marcomini. Ele cita pesquisas do historiador José Murilo Carvalho, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que dão conta que o marechal teria dado viva ao imperador, à família imperial e ao exército, na ocasião em que proclamou o novo sistema político que se opunha ao império. Ou seja, o porta-voz da república ainda possuiria fortes ligações com a família real.
COISA PÚBLICA
Isso tudo ocorreu e a população só ficou sabendo depois. "Naquela época, apenas 8% sabiam ler e escrever, e os que nasceram naquele período ainda eram apegados ao sistema imperial. Como tudo o que é novo, a república causou distanciamento".
O país deixava de ser o Império do Brasil para se tornar os Estados Unidos do Brasil, nome oficial de 1891 a 1967, quando mudou para República Federativa (descentralização do poder) do Brasil, da forma que permanece até hoje. As nomenclaturas foram usadas estrategicamente para fortalecer a ideia de república na época, como salienta Marcomini. Ruas e praças receberiam, por exemplo, o nome 15 de novembro e Tiradentes. Mas, na prática, vícios do período monárquico permaneceram.
O voto direto levaria um século até ser praticado, em definitivo, mas o voto de cabresto sobreviveria ao tempo, em prática existente até hoje em algumas regiões do país, como pontua o professor. A população pobre continuou da mesma forma após o decreto do novo sistema. Houve a ruptura com a continuidade da família real no poder, mas o revezamento pretendido esbarrou nas reeleições, que mantêm até os dias atuais oligarquias ou figuras políticas por décadas em determinados locais, como lembra Marcomini.
Na moral da história, "o povo recebeu a república sem ser consultado. Foi a busca de um grupo com interesses no poder. Enquanto outras revoluções, de outros locais, tiveram sangue, a nossa foi assim, sem graça", diz, sobre a mudança alheia ao povo.
Se esse tipo de busca (ou não busca) popular se tornaria um traço cultural no futuro, outro elemento persistente daquela época desperta a análise do professor para os dias atuais. "Naqueles tempos era nítida a união de igreja e estado no poder, ou seja, o Padroado. Hoje, pela lei, o estado é laico, independente da igreja. Mas, na prática, o que vemos é a religião sendo usada como um grande instrumento de política", salienta, lembrando dos crucifixos nas instituições públicas.

Publicado na Gazeta de Limeira.

domingo, 13 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Crise, inflação, correção e atraso impactam contas do Ceprosom

Em alguns casos, despesa mensal com serviços quase dobraram neste ano

Daíza Lacerda

O crédito suplementar de R$ 3,1 milhões pedido pelo Ceprosom para fechar as contas de 2016 foi justificado pela autarquia com outros fatores além do aumento da demanda de atendimentos. Além da elevação da procura por atendimentos e benefícios sociais, o aumento no custo de produtos e serviços, reajuste salarial e atraso de repasses federais levaram a autarquia a quase dobrar o pedido de ajuda financeira, na comparação com o ano passado.
Renata Chiari, assessora executiva do Ceprosom, lembra que o crédito requisitado em 2015 foi na ordem de R$ 1,8 milhão. Se o orçamento previsto para 2016 não foi suficiente, são grandes as chances da projeção para 2017 também ficar abaixo do necessário, se a demanda de atendimento mantiver a mesma. "O atendimento aumentou mais do que o dobro, mas não cortamos nenhum serviço, o que não ocorreu em outros municípios da região. Cumprimos o pagamento de fornecedores", informa.
Os recursos previstos para 2016 foram de R$ 27,106 milhões de verba municipal, R$ 3,191 milhões da federal e R$ 636 mil em verba estadual. Ainda não foi fechado o valor executado até o momento, mas, até outubro, o repasse federal havia totalizado R$ 2,2 milhões, com atrasos desde o início do ano em alguns casos. Segundo Renata, o atraso também ocorreu no ano passado, mas foi saldado, o que ainda é dúvida para este ano, contribuindo para o pedido de ajuda financeira mais dispendioso.
Para 2017, o orçamento da autarquia enviado à Câmara prevê R$ 27,217 milhões da fonte municipal, R$ 3,493 milhões da federal e R$ 599 mil da estadual. Apesar da queda prevista para o próximo ano, os repasses do Estado estão em dia, conforme Renata. Neste ano, os convênios estaduais foram marcados pela lentidão devido aos repasses tímidos, como na construção do novo Fórum e retomada da escola do Jardim Lagoa Nova, ainda ensaiada. No âmbito federal, alguns convênios seguem inconclusos à espera de verba, como a reforma da praça de esportes do Cecap.
CUSTOS
Mais pessoas desempregadas buscando benefícios como alimentação ou moradia não foi o único impacto. O aumento dos preços dos alimentos, por exemplo, representou quase o dobro do custo das cestas básicas, de um ano para outro. De acordo com Renata, no ano passado, a despesa mensal média era de R$ 37 mil para as cestas básicas, o que aumentou para R$ 66 mil neste ano (alta de 78%). A locação social subiu de 88 para 107 casos, num custo mensal que passou de R$ 41.537 para R$ 63.179 mensais (53%). Acolhimento de idosos, que passou de 22 para 31 pessoas, foi de R$ 30.140 para R$ 46.693 mensais (56%).
Outros tipos de assistência ampliados neste ano também representaram custo extra, como a implantação da Casa de Acolhida e a conclusão do reordenamento de abrigos de crianças e adolescentes. Neste último, as casas-lares equipadas foram de duas para quatro, dentro do convênio com a ONG Aldeias SOS Brasil, que no primeiro ano custa R$ 1,5 milhão à autarquia. 
Ela cita que o reajuste salarial de servidores também teve impacto significativo na folha de pagamento, que corresponde a 48% do orçamento da autarquia.
Renata salienta que todos os serviços tiveram aumento na demanda, mesmo aqueles que não dependem de recursos municipais, como o Bolsa Família, de transferência de renda do governo federal. Esse aumento foi observado o ano inteiro, sem um período de pico específico.

Publicado na Gazeta de Limeira.

Justiça determina que Cordeirópolis regularize Portal da Transparência

Município busca prorrogação de prazos para atender às exigências

Daíza Lacerda

A Justiça Federal determinou a adaptação do Portal da Transparência, acessado por meio do site oficial da Prefeitura de Cordeirópolis. A decisão foi assinada pela juíza federal Carla Cristina de Oliveira Meira, da 1ª Vara Federal de Limeira, no início de agosto.
O Ministério Público Federal (MPF) é autor da ação, tendo instaurado inquérito civil público para apurar irregularidades nas informações disponibilizadas por vários municípios da região em seus portais. No caso de Cordeirópolis, retificações necessárias não foram feitas de comum acordo, levando ao ajuizamento da ação.
Em sua defesa, o município alegou ter cumprido integralmente as exigências da ação inicial. No entanto, a juíza considerou a "referência apenas à disponibilização, de forma digitalizada, dos contratos firmados por aquela administração", sem menção às deficiências listadas, como a disponibilidade do relatório de gestão fiscal dos últimos seis meses. Para ela, a falta de tempo hábil não é desculpa, já que a Lei de Acesso à Informação é de 2011, além de disposições nesse sentido anteriores, da Constituição Federal de 1988.
O MPF se dispôs a considerar eventual termo de ajustamento de conduta (TAC), aceito pelo município, mas a juíza não designou data, aguardando manifestação do MPF. Ela deferiu a tutela inicial, para que o município cumprisse as adequações em até 60 dias. O MPF pediu multa de R$ 10 mil diários no caso de descumprimento.
O secretário de Negócios Jurídicos, Marcelo L. Braga, informou que "a Prefeitura está cumprindo a determinação, os dados estão sendo disponibilizados gradativamente no Portal da Transparência, conforme os documentos são preparados e digitalizados. No entanto, devido ao grande volume informado pelo setor que cuida do Portal da Transparência, a procuradoria municipal peticionou em 27 de outubro um pedido de prorrogação do prazo estipulado pela Justiça, que acreditamos, seja suficiente para a conclusão do que falta". Foram pedidos mais 20 dias.
IRREGULARIDADES
Conforme inquérito civil público do MPF de junho, assinado pelo procurador André Libonati, a análise das informações foi feita com base numa lista prevista numa das ações da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro, para monitorar e cobrar o cumprimento da lei de acesso e também da Lei da Transparência, de 2009.
O MPF considerou que o município "viola dispositivos constitucionais ao não disponibilizar informações quanto aos seus atos". Ainda argumenta que, quando o governo federal transfere recursos a Estados e municípios, "entra-se numa verdadeira caixa preta, não sendo disponibilizadas informações simples, como por exemplo: cópias dos editais de licitações, dos contratos firmados e dos pagamentos realizados. Sem tais informações, os órgãos federais de controle ficam impedidos de fiscalizar os recursos públicos envolvidos, dependendo do envio de ofícios e requisições por meio de papel, o que consome tempo e dinheiro".
O órgão requereu que fossem regularizadas pendências como links que não estão disponíveis para consulta (sem registro ou com arquivos corrompidos), implantação correta do Portal da Transparência, assegurando que nele estejam inseridos, e atualizados em tempo real, os dados previstos na legislação, como procedimentos licitatórios, com a íntegra dos editais e dos contratos. Outras pendências são a apresentação do relatório de gestão fiscal dos últimos 6 meses, indicação no site sobre o Serviço de Informações ao Cidadão, que deve ter indicações como os horários de funcionamento, endereços e telefones de unidades de atendimento ao público.

Publicado na Gazeta de Limeira.

Jovem de 14 anos é encontrado morto no Jardim Glória

Ocorrência foi registrada na madrugada de sábado; vítima foi reconhecida pelo pai

Daíza Lacerda

Reconhecido pelo próprio pai, Rafael Elias Almeida da Silva, de 14 anos, foi encontrado morto na noite de terça-feira, numa área verde da rua Comendador Jamil Abraão Saad, no Jardim Glória.
Segundo informações registradas no boletim de ocorrência, a Guarda Civil Municipal (GCM) foi solicitada no local, e a ocorrência foi atendida pelos GCMs Oliveira Sobrinho e Costa Oliveira. Eles depararam com o corpo do jovem, que tinha um pedaço de arame enrolado no pescoço, que provavelmente o asfixiou.
O adolescente não carregava nenhum documento, mas o pai esteve presente no local e reconheceu o corpo do filho, sem dúvidas. 
INVESTIGAÇÃO
A equipe do Instituto de Criminalística compareceu no local, que foi periciado e teve laudo elaborado. Investigadores da polícia civil também foram acionados para dar início às apurações para esclarecer a autoria e materialidade do delito. O depoimento do pai foi registrado e o exame necroscópico da vítima, requisitado.
A partir da apresentação dos fatos e depoimentos, principalmente o do pai, além da forma e local em que o jovem foi encontrado, a situação foi tipificada inicialmente como homicídio qualificado. O caso deve ser encaminhado para a Delegacia de Investigações Gerais.

Publicado na Gazeta de Limeira.
sábado, 12 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Invasores desafiam escola do Jd. Paineiras

Vandalismo, invasões e furtos aterrorizam rotina de alunos
e funcionários (Foto: JB Anthero/Gazeta de Limeira)
Muro baixo e buraco dão acesso livre a adolescentes alheios às aulas

Daíza Lacerda

Além da complexidade das questões internas da escola estadual do Jardim Paineiras, a comunidade lida agora com ameaças vindas de fora. A instituição tem sido invadida pelos muros e por um buraco num deles, em horários de aula ou intervalo, por adolescentes que atrapalham as aulas e cometem furtos, conforme os relatos.
Conforme a Gazeta apurou, os delitos ocorrem na presença de alunos e professores. Num dos flagrantes, um jovem subtraiu um pacote de pirulitos que a professora havia levado para as crianças na ocasião do Halloween. A sala, da faixa etária de 12 anos, ficou sem doce, só com a indignação.
Ainda na prática de tirar doces de crianças, uma delas também teve um salgadinho furtado. "Era algo que mãe raramente comprava, e daquela vez havia dado um de melhor qualidade para o filho levar de lanche. Como explicar isso para uma criança que fica só com a vontade?", questiona um membro da comunidade.
Mas o terror não fica só nos lanches. Também há suspeita do uso de entorpecentes, ainda que não fosse identificado se por alunos ou intrusos. Na última semana, um dos invasores ameaçou de morte uma funcionária, em caso que foi parar na polícia e aterrorizou ainda mais os servidores, já fragilizados com os problemas desde o início do funcionamento da escola, em agosto.
São 900 alunos, entre crianças e adolescentes dos ensinos fundamental e médio. As invasões se concentram no período diurno, mas o noturno também começa a apresentar problemas, como bombas. Vizinhos afirmam já terem apelado a todos os órgãos, inclusive o Estado, responsável pelo equipamento. Uma equipe teria vistoriado o local para solucionar a questão da estrutura que permite as invasões, mas nada ainda foi feiro.
A preocupação aumenta com a violação de direitos dos alunos, com intrusos que mexem e furtam materiais. Os identificados não são da escola, embora haja a tentativa de identificar se são de outras unidades, além de achar os pais. Mas a investigação é complicada devido às outras demandas escolares, como avalia uma das pessoas ouvidas.
A escola expõe o problema em oportunidades como o Conseg. A situação foi exposta tanto no conselho Centro-Sul quanto no Central. Mas ainda não houve uma iniciativa de chamamento dos órgãos para discutir ações. "Sabemos que é difícil conseguir reunir todos, mas temos o pensamento de tentar".
ALÉM DA (IN)SEGURANÇA
O capitão Costa Pereira, comandante da 5ª Cia da Polícia Militar (PM), informou que ainda ontem o tempo de ronda foi ampliado no horário de troca de períodos. A corporação também atende os chamados pelo 190, como o do invasor que fez ameaças. "No entanto, foi necessário um trabalho psicológico para que a pessoa ameaçada registrasse o boletim de ocorrência. Com isso, foi emitida uma medida cautelar para que o invasor não se aproxime numa distância mínima da ameaçada", relata.
Se por um lado os denunciantes temem represálias, por outro, é necessário envolvimento, como salienta o comandante. "Embora a consequência seja a insegurança, a causa é um problema de estrutura física, sobre o qual não temos como agir, assim como na disciplina escolar. Não há contenção física para impedir a entrada. Mas a comunidade também precisa colaborar. As pessoas sabem quem são os responsáveis pelas pixações nos muros, mas não denunciam. A insegurança não é omissão da PM".
PROVIDÊNCIAS
Procurada a se posicionar sobre as providências para a estrutura da escola, a Secretaria de Educação do Estado informou que "a Diretoria Regional de Ensino de Limeira lamenta que a escola, inaugurada para atender a comunidade do Jardim Paineiras, sofra com vandalismo. A unidade que recebeu investimentos de R$ 5,2 milhões foi criada para atender a demanda do bairro e funcionar também como um espaço para a comunidade. Mas, mesmo após inúmeras reuniões da Diretoria Regional de Ensino com pais, alunos e representantes do bairro, com o Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) e da efetiva parceria com a Polícia Militar para monitoramento de seu entorno, o espaço continua a ser desrespeitado, por isso, serão necessárias obras para elevar os muros da escola. O projeto já está em andamento, com orçamento previsto de mais R$ 147 mil e a expectativa é que as obras aconteçam no mês de janeiro, seguindo todos os trâmites legais".



No Conselho Tutelar, desafio
é a negligência dos pais


A conselheira tutelar Maria Hilda Costa Galva esteve na escola do Jardim Paineiras em ao menos duas ocasiões. Numa delas foi devido à invasão por pessoas que não são da escola. Em outra, a providência foi para alunos que não foram à aula, mas permaneceram na escola perturbando, com correria nos corredores e chutando portas de salas em aula. Os pais são notificados, mas a negligência é o fator mais comum encarado pelos conselheiros. "Vemos que até há famílias estruturadas, mas muitos lavam as mãos. Num dos casos, o garoto disse que os pais estavam trabalhando e chegavam tarde. Mas a mãe trabalhava em casa, com joias, e não sabia que o filho não estava na aula", ilustra.
O primeiro desafio é deter o aluno para que ele não fuja até a chegada do Conselho, e os pais sejam notificados da situação. Assim como a entrada, a fuga também é fácil pelos muros ou cercas. Mas os pais, mesmo cientes, não garantem mudança de comportamento dos filhos, e a reincidência é considerável. "É muita negligência dos pais, que deixam os adolescentes soltos, sem limites. Permitem até que os filhos abandonem a escola", cita, sobre acompanhamentos que deparam com inanição dos pais diante da interrupção da vida escolar. "Alguns dizem que vão encaminhar os filhos para a escola no próximo ano, mas muitos desistem diante da dependência química ou inúmeras passagens pela delegacia".
Apesar de toda a resistência, ainda há casos que permitem nutrir a esperança. "Há famílias que dão tudo, mas esquecem o essencial, que é o exemplo, o respeito. Mas há adolescentes que conseguimos encaminhar para rumos melhores. É o que nos mantém lutando". (Daíza Lacerda)

Publicado na Gazeta de Limeira.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Chuva e licenças adiam Rubi para 2017

Nova projeção considera prazos para conclusão e liberações de órgãos para registro do empreendimento

Daíza Lacerda

Ainda não será neste ano que as 900 famílias selecionadas para o Residencial Rubi irão para a casa própria. Elas foram informadas ontem do cronograma até a conclusão da obra, em reuniões no Teatro Vitória para futuros moradores de cada um dos três condomínios. A projeção ficou para o primeiro semestre de 2017.
A estimativa atualizada leva em conta a ocorrência de chuvas que prejudicam o avanço da obra, além das licenças necessárias para a liberação, como explicou o secretário de Habitação, Felipe Penedo. A construtora Fyp estima 45 dias para a conclusão da infraestrutura externa, como término da pavimentação das ruas e rede elétrica, além da estação elevatória. No entanto, para cada dia de chuva, são necessários 8 de tempo firme para retomada. E somente depois da conclusão é que órgãos como Odebrecht e Cetesb irão emitir licenças, cujo prazo também é incerto. Depois de todas essas medidas é que poderá ser emitido o Habite-se para que a Caixa registre os imóveis em cartório. Os 900 apartamentos estão todos prontos.
"Os futuros moradores ficaram chateados com o prazo, e nós também. Mas é pouco tempo perto do quanto esperaram para ter a casa própria. Mesmo a compra de um imóvel na planta demanda ao menos dois anos, e estão selecionados há 7 meses. Ou seja, ainda estão no lucro pelo prazo, preço e tempo, além de ser um programa que não existe mais", disse, referindo-se à faixa 1 do Minha Casa, Minha Vida.
Pelo extensão do projeto, a obra ocorreu de forma acelerada. Teve início em março de 2015. São 45 prédios em 250 mil m² de loteamento, com escola e ginásio. O financiamento de R$ 84 milhões para a construção, bancados pelos governos federal e estadual (que arcou com R$ 20 mil em cada uma das 900 unidades), chegou a ter quase três meses de atraso nos repasses, absorvidos pela construtora.
PRÓXIMOS PASSOS
Os futuros moradores definiram a empresa que será responsável pelo condomínio. O consenso foi da taxa de R$ 130 mensais que deve cobrir itens como portaria e manutenção, administração e limpeza, o que será revisado após 6 meses. Também estão cientes das providências para colocação de medições individuais do consumo de água e energia elétrica.
Até o fim deste mês o secretário deve se reunir no residencial com a comissão representativa dos condomínios. E até 20 de dezembro deve ser realizada outra reunião com todos os moradores.
As principais dúvidas foram acerca das mudanças de condições que interferissem na renda, como casamento ou mudança de emprego. Segundo o secretário, a Caixa considera a situação dos últimos seis meses até a época da aprovação, desde que não haja informações fraudadas. Como a Gazeta publicou, recentemente nomes foram excluídos após a comprovação de denúncias de irregularidades.
O secretário ressalta que, apesar da chateação em relação ao prazo, é importante o despertar do pertencimento. "Obras são assim mesmo, mas de certa forma tem estimulado que acompanhem até o término". 






Futuros moradores receberam atualizações
sobre o andamento da obra
(Foto: Adilson Silveira/Prefeitura de Limeira)


Publicado na Gazeta de Limeira.





quarta-feira, 9 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Pente-fino identifica irregularidades no Bolsa Família

Ministério aprimora cruzamento de informações para flagrar inconsistências

Daíza Lacerda

O Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDSA) divulgou dados de um pente-fino realizado entre beneficiários do programa de transferência de renda, o Bolsa Família. A verificação teve início em junho e, em Limeira, foram identificados 581 bloqueios e 733 cancelamentos.
Conforme a pasta, o benefício foi cancelado nos casos em que a renda per capita da família ultrapassou R$ 440. Já o bloqueio foi adotado para os beneficiários que apresentaram renda entre R$ 170 e R$ 440.
Gestora municipal do Bolsa Família, Vanessa Cristina Silva Godoy, e o diretor da Vigilância Socioassistencial do Ceprosom, Virgílio Alves, explicam que o processo de averiguação ocorre todo o ano. Desta vez, a diferença é que mais bancos de dados são usados para cruzar as informações e identificar inconsistências. Conforme o MDSA, são seis bases do governo federal para cruzamento de dados: Relação Anual de Informações Sociais (Rais), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Sistema de Controle de Óbitos (Sisobi), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos (Siape) e Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ). Com isso, é possível identificar funcionários públicos usando o benefício, assim como o uso do nome de pessoas mortas.
Vanessa e Virgílio explicam que as sanções ocorrem em quatro fases: advertência, suspensão, bloqueio e cancelamento. Além da situação da renda, identificada pelos sistemas do governo federal, as faltas escolares e falta de regularidade no atendimento de saúde também podem acarretar notificações.
No relatório de outubro, Limeira totalizava 10.195 famílias no programa federal, que receberam R$ 2.040.882,00 no benefício, entre as 31.056 inscritas no Cadastro Único. Desse total, 10.811 têm renda per capita familiar de até R$ 85; 3.211 entre R$ 85,01 e R$ 170; 7,6 mil entre R$ 170,01 e meio salário mínimo e 8.962 acima de meio salário mínimo.
Quando descumpre alguma condição do programa, como as relacionadas à educação ou saúde, a família é notificada e tem três meses para comparecer e esclarecer a situação. Mas o governo federal encaminha ao município as listas de averiguação. Em maio deste ano, foram indicados 9,9 mil nomes do CadÚnico, que abrange outros benefícios como a tarifa social de energia elétrica. Entre esses, 3.392 eram do Bolsa Família. Em setembro, essa lista foi reduzida para 1.161 nomes, ainda em averiguação.
Sobre os números informados pelo governo federal, eles explicam que, neste ano, não foi registrada tamanha variação entre os beneficiários do Bolsa Família. Nos últimos meses, a média foi de até 10 novos benefícios.
Conforme a Gazeta mostrou em maio deste ano, Limeira registrou o auge de cadastrados em março, com 10.794 famílias no Bolsa Família. As famílias que tiveram o repasse bloqueado devem procurar a gestão municipal do Bolsa Família para comprovar que estão dentro das regras do programa.


Região totaliza 1,5 mil famílias beneficiárias

Na listagem com todos os municípios, Cordeirópolis registrou 18 bloqueios e 16 cancelamentos. No Relatórios de Informações Sociais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, o município tinha 1.060 pessoas no CadÚnico, sendo 449 famílias no Bolsa Família, em outubro, que receberam R$ 68.167.
Em Iracemápolis, foram 32 bloqueios e 32 cancelamentos. Com 1.752 no CadÚnico, os beneficiados pelo Bolsa Família totalizavam 457 famílias em outubro, que receberam R$ 84.786.
Engenheiro Coelho registrou 44 bloqueios e 41 cancelamentos. Entre os 2.267 no CadÚnico, 640 famílias recebem o Bolsa Família, num montante de R$ 104.220 em outubro. (Daíza Lacerda)


Publicado na Gazeta de Limeira.

Nova Vila Dignidade será no Jardim Manacá

Daíza Lacerda

Limeira teve confirmada a construção da segunda Vila Dignidade, programa habitacional voltado a idosos em situação de vulnerabilidade. A primeira unidade funciona no município desde 2014, no Parque Nossa Senhora das Dores, onde abriga 26 idosos em 22 casas.
Secretário de Habitação, Felipe Penedo informou que o novo empreendimento será no Jardim Manacá, em terreno de ao menos 9 mil m² indicado pelo município à Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), responsável pela construção. Serão 27 casas completas e adaptadas para idosos, contando com aquecedor solar, fogão e geladeira na cozinha.
A busca do programa começou em junho de 2014, desde quando o município teve que comprovar a viabilidade do empreendimento. Entre as exigências, estão a estrutura urbana e de serviços no entorno, já que o programa é voltado a idosos com autonomia. Assim, a vizinhança deve ter estabelecimentos como posto de saúde, farmácias e lotéricas.
Segundo Penedo, a estimativa é de início da execução no segundo semestre de 2017, com projeção de 1 ano e meio para a construção. O secretário vê o programa como uma tendência para o futuro, já que a população idosa tende a aumentar.
DEMANDA
Atualmente, o Ceprosom tem 39 pessoas na fila de espera para morar na Vila Dignidade, em demanda espontânea, como explica Renata Chiari, assessora executiva do Ceprosom. No entanto, a prioridade na indicação é dos Cras e Creas, equipamentos de atendimento social.
Graças ao avanço da longevidade, é esperado que essa demanda aumente. Porém, a moradia é voltada principalmente para o idoso em situação de vulnerabilidade que não tem família, e nem onde morar, ou vive em local cedidos. Conforme Renata, a Vila abriga moradores de rua acolhidos e que passaram pela Casa de Convivência. Eles só saem quando morrem ou quando ficam sem condições de se cuidarem sozinhos. Atualmente, a gestão do local é feita pelo Asilo João Khül Filho.

Publicado na Gazeta de Limeira.
terça-feira, 8 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

A corrupção "aqui debaixo"

Partidarismos à parte, não é preciso ir longe para ver o tamanho da hipocrisia de parte do nosso povo, que vai às ruas pedindo o fim da corrupção mas, fora dos holofotes, tem decência duvidosa. Quem acompanha a Gazeta de Limeira sabe do que estou falando. Duas matérias recentes da Renata Reis servem como exemplo. Uma delas mostrou os gastos da Saúde atendendo ordens judiciais para a compra de cosméticos, em pedidos de pessoas visivelmente com condições de arcar com este luxo. É um recurso perdido para aproveitadores que provavelmente não sabem a importância da disponibilidade de um remédio, ou de uma melhoria num posto. A mais recente são os casamentos de luxo de quem assinou atestado de pobreza no cartório para não pagar a taxa do casório. Um benefício usado injustamente quando muitas pessoas que realmente precisam sequer sabem que existe. Gente que conta os centavos para viver e arca com essa taxa, enquanto ilustres por aí atestam pobreza para chegar na cerimônia com carro de luxo. E ainda achamos que só os nossos políticos precisam mudar.  Espelho Brasil, espelho!!

Colunista social deve devolver R$ 500 mil por ser ‘fantasma’ na Assembleia Legislativa do RN


http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/colunista-social-deve-devolver-r-500-mil-por-ser-fantasma-na-assembleia-legislativa-do-rn/
segunda-feira, 7 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

#Enemfeelings

Passando pra dizer que eu achava que o melhor do Enem era o Machado saudosista (Bons dias!), mas aí veio o Verissimo (outrossim???), daí  #aprendinoenem que piada é o que nos representa na real, e acabamos com a água do mundo a cada gole de cerveja. Daí descobri que esses textos legais eram o afago antes do tapa chamado matemática, que nada lembrava em tecnologia, e sim uma tortura do modo arcaico way of life, e terminar mais acabado do que em fim de balada era tanto a regra quanto aquelas que os matemáticos sem vida social fizeram o desfavor de inventar (e a nossa vida social, conhecida por Netflix, fez o favor de enterrar nos confins da memória). (Esse parágrafo gigante sem pausa é pra simular o ritmo de resolução pra caber no tempo. Acho que isso foi invenção de queniano, é o pace Enem: 1 - km ou questão - pra 3 minutos. Treine em três turnos pra acompanhar, sem direito a tropeço!)

Desculpe, só recuperei a dignidade hoje pra poder comentar...

Mas entre todas as revoltas e todos os alívios desse glorioso dia pós Enem só tenho uma conclusão: que puxa país será o nosso quando o sistema se transformar e a educação pública for do nível dessa prova. Ou: o governo entregar o que cobra. Espero viver para contar, um dia, que "você pode não acreditar: mas houve um tempo em que" as pessoas se desesperavam pra esse exame! Já pensou, que louco, sair do ensino básico pronto para o Enem?

#sonharpode #buscartambém #enemfeelings
quinta-feira, 3 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Pelo respeito ao direito de não querer filhos

É disso que eu falo quando falo que não, filhos não estão não planos, nem agora e nem depois, que sinto muito em decepcionar as expectativas da sociedade em não ter o dom da coisa. E imagino o tamanho da guerra desta socióloga só pelas reações que já tive ao manifestar essa tendência à não maternidade, sem enveredar muito na discussão. É um assunto muito complexo, que respinga em questões ainda mais delicadas como o aborto (que ainda acho absurdo ser uma decisão de Estado, e não das pessoas). Mas imagino que respeitar a decisão alheia, de ter ou não ter, já seria um bom começo.

"Porque há uma percepção de que este debate é perigoso para o Estado e para a ordem social, que estabelece que a essência das mulheres na vida é serem mães. E eu proponho que é possível não ser mãe e também ser e depois se arrepender. O problema é que não há um roteiro alternativo. As pessoas não conseguem imaginar outras opções porque a imaginação está tomada por um discurso único, segundo o qual para ser feliz é preciso ter filhos. Eu não digo que a vida sem filhos será perfeita. Pode ser uma vida difícil, mas suficientemente boa".

Orna Donath: “O instinto materno não existe”

http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/27/estilo/1477586348_982538.html
quarta-feira, 2 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Alargamento da estrada do horto afetará localização de árvores e postes

Coghi: em diversos pontos o alargamento
será concentrado em um dos lados
Foto: JB Anthero/Gazeta de Limeira
Orçadas em R$ 18,8 milhões, obras na via de acesso ao Bairro do Tatu iniciaram remoções

Daíza Lacerda

Para o alargamento da Via Jurandyr Paixão de Campos Freire, estrada de acesso ao Horto Florestal e Bairro do Tatu, 80 eucaliptos serão retirados, 214 postes realocados e outros 400 implantados, nos dois lados. As mudanças, previstas para cerca de 8 km da via, entre a rotatória do Jardim Campo Belo e Bairro do Tatu, já tiveram início.
Na região em frente à antiga cerâmica, só é aguardada a ação da Elektro para retirada dos postes para iniciar a colocação das camadas de base para o asfalto. Em diversos pontos, o alargamento será concentrado em um dos lados, como explica o secretários de Obras e Serviços Públicos, Marcelo Coghi.
Mais próximo do Horto Florestal, alguns exemplares de eucaliptos já foram retirados, na margem da via. Conforme Coghi, a compensação ambiental prevê o plantio de 2 mil unidades nativas para compensar as 80 a serem removidas.
Em todo o curso da via, proprietários doaram parte da terra para o alargamento, conforme Coghi. A metragem mínima foi em torno de 300 m², e a compensação virá da valorização dos imóveis após as obras.
As intervenções ocorrem em cinco pontos da via. Próximo do horto, são implantadas as tubulações da rede de águas pluviais, sendo que o trecho da entrada, onde há uma lagoa na parte oposta, ficará 1,70 metro mais alto. Naquele ponto será construída tubulação entre os lagos para dar conta do fluxo em períodos de chuva, e evitar alagamentos. O mesmo será feito em outro ponto, próximo do casarão do Tatu, onde há registro de inundações. "Neste local em específico, o alargamento também vai influenciar no grau da curva, que será menos fechada e menos perigosa", acrescenta.
O secretário explica que cada trecho possui topografia específica, que é um modo de cortar custos. A terra retirada de alguns pontos será reutilizada em outros. Iniciada em junho, a obra tem prazo de dois anos de execução, por meio de convênio com o governo federal. O contrato com a empresa Getel é de R$ 18,8 milhões, mas pode chegar a R$ 20 milhões, que é o valor do convênio.


Publicado na Gazeta de Limeira.





terça-feira, 6 de setembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

O interior na serra (do rio do rastro)

Deixei minhas pegadas num dos lugares mais bonitos do mundo. Mas quem saiu marcada fui eu. Porque não dá para se conter quando se está à beira de um penhasco com a imensidão verde à sua frente. E acima, e abaixo. Quando é tão perfeita a obra da natureza e o atrevimento do homem ao ousar se colocar ali. Nós ousamos. Mesmo sem saber, no início, o que isso significaria.
Sábado, 3 de setembro de 2016, às 7h, foi dada a largada para a terapia mais insana e mais profunda que eu poderia ter me submetido: subir, correndo, a Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina.
Não lembro bem o que me levou a fazer a pré-inscrição para essa corrida há um ano, assim como confirmar a inscrição quando fui sorteada. Sim, porque o número de vagas é limitado, e liberado por sorteio, com chamadas consecutivas quando há desistência. A doidera começou em 2013 com prova de 42k com largada em Treviso-SC. Mas, neste ano, foi incluída prova dos 25k, com saída em Lauro Muller-SP, ambas com chegada no mirante da serra, a mais de 1.400 metros de altitude. Se você acha que não há loucos o bastante, havia ainda o Desafio Samurai, para quem tivesse currículo para encarar as duas provas (25k às 7h e 42k às 15h). O "privilégio" é só pra quem tem marcas de 1'20 em meia maratona e 3'20 em maratona.
Consta que (http://chipbrasil.com.br/brlive/brlive-bsb.html?f=resultados/bsb/bsb.mizunomarathonuphill.03092016.clax), das 496 pessoas que largaram nos 25k, 322 completaram. Foram 113 mulheres entre 177 (fiquei em 48ª colocação) e 209 entre 319 homens. O primeiro a chegar foi Fernando Beserra, que é coletor de lixo em SP. Ele fez o desafio Samurai, chegando em 4º dentro do tempo limite de 6h para as duas provas. Um pouco sobre ele aqui: http://esportes.estadao.com.br/blogs/corrida-para-todos/a-montanha-e-o-samurai/.

O tormento dessa prova não são só os mais de 1.200 metros acumulados de elevação (como efeito de comparação, o morro azul tem 100m!), mas o tempo limite para garantir a medalha. Um terrorismo que considero besta por parte da organização, mas que sempre esteve lá no regulamento. A medalha e camiseta survivor só seriam entregues para quem chegasse até 3h30 nos 25k e em 6h nos 42k (que no fim das contas foram 44k, tirando muita gente do páreo e resultando numa retificação, na mais grave das trapalhadas da x3m, que DESorganizou o evento).

Daí você pensa: qual estratégia vou usar para alcançar o topo, de preferência dentro do tempo? Se é que posso chamar disso, minha única estratégia foi não ver o pace no relógio, só controlar a quilometragem para hidratação e gel. E correr até as pernas não aguentarem mais, no ritmo que fosse possível manter naquelas horas. Era indiscutível que eu iria andar, e muito, mas a meta era que isso ocorresse o mais tarde possível.

Não dá para embrenhar sobre essa experiência sem falar das tantas pessoas cujos caminhos foram cruzados graças ao desejo de conquistar a serra. Participo de um grupo criado no Whatsapp pra galera se ajudar, seja com informações de treinos, voos, hospedagens, estratégias, e puxões de orelha para sair do zap e ir treinar. E, tanto quanto a beleza da serra, o convívio com esse pessoal não tem preço. Gente de todo lugar e com todo tipo de preparação e das mais variadas experiências, mas todos duros na queda. Tiveram ainda os anônimos que esbarramos serra acima, e não encontrei ninguém que não estivesse disposto a ajudar ou animar o desconhecido ao lado - ou atrás. O clima solidário entre os participantes desta prova foi realmente sensacional, nunca vi algo parecido. De alguma forma, parecia que todos estavam no mesmo nível, a luta de um era a luta do outro, sem importar qual dor pesava mais.

A PREPARAÇÃO

Minha ficha só começou a cair algumas semanas antes da prova, quando comecei a conhecer o currículo recheado de alguns participantes e a questionar o que eu ia fazer naquele lugar com experiência zero em corrida de montanha, sem a mínima noção do que é ladeira de verdade. Nos treinos, não mudei muito daquilo que fiz na preparação para os 42k de SP em abril, mas precisava acostumar com as subidas. Se você pensa que Limeira tem ladeira, sinto dizer: não tem. Haha! Revirei meus registros de treinos no Strava pra ver qual percurso tinha a maior elevação em menor quilometragem e, fora o morro azul, qualquer subida da cidade era uma piada. Avenida Laranjeiras, Lauro Correa e Eduardo Peixoto foram as principais nas quais me arrastei repetidas vezes pra acumular uma altimetria minimamente decente, já que não dava para "acampar" no morro.

Fazia treinos de 22k para 450 metros de elevação, pra isso tendo que subir a Lauro Correa e a Eduardo Peixoto três exaustivas vezes consecutivas. No morro, sempre fui acompanhada do parceiro de roubadas, meu namorado Andre Pelayo, na escolta de bike. Como já disse antes, é muito amor pra acompanhar no morro, porque é uma subidinha ingrata, não importa o modal, chega-se morto no topo. Passamos a subir só o lado da cerca, e ainda sonho com o dia que não vou vacilar nele.

Daí batia o desespero: se não consigo encarar nem o morro direito, o que vai ser de mim na serra?? Afinal, as informações sobre a porcentagem de inclinação eram desencontradas, a DESorganização falava em média de 59%. Oi? Então eu nunca sabia se o treino era ideal ou não, mas sempre estive ciente que jamais seria suficiente.

Os meses, e principalmente semanas que antecederam a prova foram de um inferno astral desafiador. Passei a segunda e terça anteriores com muitas dores, e a saída, programada de moto, na quarta, foi frustrada por um dilúvio que durou a manhã inteira e exigiu mudança total de planos. O importante é que, depois do que pareceu um ano, agosto terminou e seguimos viagem, numa semana inteira sem treinar, umas duas (ou mais) sem academia, alimentação indecente e um cagaço que me acompanhou cada km nos 1000 km de viagem até o sul. Tudo isso pra chegar na sexta à tarde em Criciúma-SC e descobrir que os restaurantes fecham às 14h! Porque é claro, comer porcaria é tudo o que a gente precisa em véspera de prova... E não podia nem falar em massa após passar duas noites jantando pizza! Ah, sono? Que sono? Com baladeiros na vizinhança do hotel e a ansiedade a mil, foi uma noite "daquelas"... pra levantar às 4h a tempo do café e do transporte até a largada antes de fechar a subida da serra.

A PROVA

Aqui em SP estamos acostumados com o maior circo nas vias quando tem prova, mas isso não aconteceu na Uphill, que lotou hotéis da redondeza. O caminho até a largada não tinha um banner sequer orientando sobre interdições ou mesmo sobre o local exato da largada. Dava pra passar por Lauro Muller sem saber que um evento desses aconteceria ali. O pórtico de largada ainda estava em montagem menos de uma hora antes de largarmos. Depois eu soube que o circo foi montado em cima da hora também na chegada. Foram inúmeros os furos da organização da x3m (a cereja do bolo foi o percurso maior nos 42k, que tirou muita gente injustamente). Não vou detalhar agora, mas a Mizuno devia ficar ligada e contratar uma empresa que faça jus à imagem da marca, antes que seja tarde.

Enfim, a previsão do tempo ameaçava vento e chuva na serra. Friorenta que sou, fui preparada para qualquer coisa abaixo de zero: touca, luvas térmicas, segunda pele, camiseta, blusa flanelada e corta-vento. Não me arrependi do exagero, conhecendo o meu "termômetro", o vestuário foi confortável mesmo quando o corpo esquentou. Sou daquelas que bate os dentes com meros 17ºC.
Não conhecia a região, mas deu pra perceber que o tempo é bastante, digamos, dinâmico por ali. Uma hora tudo aberto, noutra, tudo fechado. Nos primeiros kms parecia que correríamos mesmo em meio à névoa, sem comer a serra com os olhos. Quando foi dada a largada ao som de Enter Sandman, do Metallica, éramos algumas centenas, provavelmente a maior parte rumo ao desconhecido. Eu, que tanto desejei conhecer a serra de moto, e também de bike, daria risada se lá atrás alguém me dissesse que a minha primeira vez seria com fogo nas canelas. Porque foi o que senti nos primeiros kms, considerados "leves". Dizia a lenda que a brincadeira ficaria séria mesmo nos últimos 10k, sobretudo nos últimos 5k. Mas na primeira subida braba, no km 2 ou 3, já tinha gente andando. Alguns comentários sobre o que viria também me assustaram, mas mantive o passo - lento, mas contínuo.
Perto do que estamos (nós, paulistas) condicionados enquanto cidade e comunidade, aquele entorno parecia nada além do que o meio do nada. Um belo meio do nada, com algumas casinhas encrustadas na beira da estrada, sempre com algum morador interessado e incentivando os corredores. Não é nada parecido como o que se vê numa São Silvestre, por exemplo. Não há multidão. Há um cidadão ou outro, que teve a sua rotina alterada pela nossa presença, e na maioria das vezes parecia tentar fazer com que sentíssemos bem-vindos, fosse com um aceno ou um simples sorriso.
Quando as casas começaram a ficar raras, animais é que davam sinal de vida, ali, do lado do guardrail. Quando estes estavam escondidos, a vida pulsava forte das entranhas da floresta sem fim, à frente e abaixo, sem limite a partir daquela faixa sinuosa de concreto que era o nosso tapete vermelho. Do outro lado, paredões, rochas, minas, flores (muitas hortênsias!). Nunca corro sem ouvir música, mas, desta vez, abaixei o volume, não para ouvir, mas para sentir a serra. Talvez a Marisa Monte descreva melhor este momento numa de suas lindas canções: "atenção para escutar o que você quer saber de verdade".

Eu sabia que a dificuldade viria, sem ter certeza de quando. E não saberia se seria punk o suficiente pra tirar o meu deslumbramento. Só segui o melhor conselho que poderia ter recebido: curtir a passagem. Sorri, chorei, pensei, pesei a minha vida e outras vidas. Me questionei, afinal, qual era o objetivo de estar ali, e pensei em tantas lutas de gente que amo, todas com algum propósito prático, diferente de alcançar o topo de uma serra. Pensei na minha mãe, na minha avó falecida recentemente, e a pirambeira que essa vida foi e é para elas, e qual a recompensa disso.

São coisas que nunca vou poder mensurar, mas talvez eu procure, em desafios assim, autenticar um tiquinho da força delas, para ir além da serra, para a vida e avante. Porque embora a elevação exija muito do corpo, a mente é que manda. Isso era o que eu pensava, e isso serviu para 42k no meio da selva da cidade. Na serra, longe da "civilização", a cabeça tinha que estar no lugar, mas quem mandou foi o coração. Quando se desliga de pace, de medalha, de qualquer performance para estar sensível ao que a serra tem a transmitir, é como se todos os outros sentidos fossem amplificados. É uma conexão que não há como explicar. É o interior na serra. Eu achei que isso fosse só uma frase num vídeo que fiz pra falar que encontrei corredores de cidades vizinhas no trajeto. Mas é mais. É isso, em essência: o nosso interior na serra.

Para quem esperava um clima sinistro, fomos agraciados com sol e trégua da névoa. Estava ali o nosso prêmio, ao nosso redor. Quando as curvas fechadas começaram, ecoavam incentivos de quem estava mais acima, para aqueles que tinham mais um cotovelo da serra a dobrar.

A largada foi fria, aqueci pouco. Além da queimação nas canelas, meus pés formigavam demais nos primeiros quilômetros. Mas, depois de um tempo, meio que me condicionei à situação e esses incômodos me deixaram. É como se o corpo tivesse acostumado a só subir, subir, subir, e mantive um ritmo constante no avançar dos kms, descobrindo a dureza e a beleza de cada curva. Mantive a corrida ou trote até o km 17, mais ou menos, até o início das curvas fechadas. Naquele ponto, não lembro de ter visto ninguém mais correr, mas invariavelmente juntava uma turminha pra dar um gás até a próxima placa, ou até a próxima "esquina", na estratégia de última hora de fazer cada quilômetro em até 10 minutos, para chegar dentro das 3h30.
Passei por senhor que disse que faltava 1h10, e ia dar. Eu só via a hora quando pegava o celular para tirar fotos, mas tentava não me preocupar com isso. Num dos trechos, a discussão com um pessoal foi sobre a filosofia barata de planilhas para Uphil. Hahaha, como pode existir planilha para aquilo?? Simplesmente não existe receita "certeira" para se preparar. Um pessoal de bike sempre aparecia para um apoio moral, alguns explicando que subir com a magrela era tão difícil quanto correndo, mas de modo diferente.

Nos últimos 5 kms, o jeito foi não esmorecer no passo. Eu pelo menos não tinha a menor condição de correr ali, e minha conclusão foi que tentar isso seria tão desgastante quanto inútil no tempo final, então o melhor era manter a caminhada na filosofia da tartaruga: sem pressa, mas sem parada.

A única paradinha que fiz foi no km 15 para pegar isotônico, banana e gel (o pouco que sobrou no posto). A partir dali eram inúmeras as garrafas jogadas no chão, cheias de líquido, num desperdício lastimável, assim como a falta de agilidade da "produção" em repor os produtos.
Geralmente só uso gel, água e isotônico, sem exagerar muito pra não pesar. Não comi nem o pé de moça que levei, mas mandei ver nas bananas. Também não usei sal, não sou acostumada e nem senti necessidade. Sou medrosa em ousar na alimentação durante a prova em qualquer coisa que vá além do que a carcaça está condicionada. Até agora não tive prejuízo.

Bom, só sei que a chegada se aproximava e, diferentemente da experiência da maratona, só consegui sorrir! Simplesmente NÃO TINHA como não sorrir naquele lugar e naquela situação. Vai mais um clichezão: chegar ali com a força das próprias pernas não tem preço. Não tem. No fim da serra, ao longe, as árvores se perdiam na névoa. Após a mítica escalada, estava finalmente batendo à porta do céu.
Até que o concreto dá lugar ao asfalto, e uma placa avisa que estamos próximos do mirante da serra. A paisagem muda repentinamente. Retomo o trote e vou acelerando. Naquele ponto já havia bastante gente voltando pra buscar os quase concluintes e animar. Com um sotaque carregado do sul, um menino me diz para não desistir, que estou chegando, e bate na minha mão. Outros atletas fazem o mesmo e já começo a ouvir as músicas e o locutor. A música que toca, Highway to hell, não poderia ser mais equivocada. It's a long way to the top if you wanna rock n' roll seria mais apropriada!
A serra acabou. Desabo no choro, é claro, poucos metros antes do pórtico de chegada. Quando o atravesso, sou outra pessoa.

CONCLUSÃO

Pouco após a minha chegada, a névoa cobriu a serra e não consegui ver nada do mirante. Mas fiquei com a cereja do bolo, a serra em si, km a km. Quando descemos, de carro, e paramos em outros mirantes, eu olhava para as ladeiras e não conseguia acreditar que tinha subido tudo aquilo, passo a passo. Os detalhes "mensuráveis" estão no Strava: https://www.strava.com/activities/698990292.

Uma das conclusões possíveis é que a força da natureza também é a nossa força. Isso eu considero também pela experiência dos colegas que concluíram acima do tempo estipulado e daqueles que deixaram a prova, na difícil e prudente decisão de optar pela saúde em vez de um título. Pelo marketing da prova, quem chega é um "ninja runner". Mas esse título está longe de exprimir o significado até mesmo da tentativa de uma travessia em que o fora é só um pretexto para enveredar dentro.

Não se trata de uma experiência só para conhecer ou derrubar os nossos limites. A coisa que a corrida proporciona, e que muita gente não entende, é o equilíbrio. Tentar colocar nossos anjos e demônios no devido lugar, ainda que seja preciso se entregar ao caos entre eles. Às vezes parecemos funcionar à base de metas, mas estou aprendendo que a verdadeira razão só descobrimos depois. No fim, o queremos é ser mais fortes. Mesmo se desmanchando perante à realeza (a serra). No fim da curva, a serra é a vida. Sempre tem algo esperando que só vamos saber se ousarmos avançar.



















segunda-feira, 8 de agosto de 2016 | By: Daíza de Carvalho

A velha (e a nova) infância

Se você também foi uma criança que cresceu sob o encanto de obras como "ET - O Extraterrestre", vai me entender. E se também devorou os episódios de Stranger Things na sua rotina moderna e tecnológica, te convido à melancolia da comparação de gerações que não têm comparação. Sim, são os "novos tempos", ganhamos e perdemos. Mas, como conservar mais daquilo que era tão bom e escorre pelos dedos? As brincadeiras de crianças são outras, infelizmente mais dependentes de coisas do que de outras pessoas - esse é o fator mais triste. Os desafios se impõem primeiro a nós, "adultos", antes de indicarmos os caminhos às crianças. Que a verdadeira essência não se perca. Nem em nós, nem nelas.
Artigo de hoje da coluna Releitura, da Gazeta de Limeira, que fica off por um tempo, durante as férias de quem vos escreve.

COLUNA RELEITURA - 08/08/2016

A velha (e a nova) infância

Daíza Lacerda

Na semana que passou, a infância atual e a da "nossa época" foram motivo de considerações aqui na redação. O ponto de partida da discussão foi a série Stranger Things, da Netflix. Ela arremessa nós, "trintões", de volta aos saborosos anos 80 da infância, com filmes de amizades e acontecimentos extraordinários. Inevitável pensar como as produções de hoje valorizam mais os efeitos de computação gráfica do que as boas histórias, tendo no tal CGI uma muleta para arrebatar multidões aos cinemas, exagerando na dose visual e relaxando na emocional.
Apesar de também ter efeitos, a curta primeira temporada de Stranger Things resgatou o senso de companheirismo, a amizade que nasce e se fortalece genuinamente - apesar dos monstros. Os quatro amigos que transitam pela cidadezinha de bicicleta, que têm uma cabana na floresta, parecem remeter a outro mundo, distante algumas décadas que parecem milênios.
Porque parece que faz tempo que vivemos no reino das telas de alta resolução, e não das bicicletas e das reuniões no porão ou quintal, cara a cara, com a imaginação ditando os jogos, como os de tabuleiro, que exigem interação física. Vivemos na era em que o movimento só acontece quando assim dita o mundo virtual, como o Pokémon Go ou Kinect, sensor de videogame que faz o jogador dançar ou praticar algum esporte. Dentro da sala.
A nossa geração, que viveu tempos de jogar queimada ou taco na rua sem se preocupar com o tráfego intenso ou ladrões e sequestradores, cercará seus filhos de todos os cuidados que a tecnologia e segurança poderão proporcionar, na melhor das intenções. Conseguir resgatar o mínimo de liberdade que vivemos lá nos anos 80 demandará não só muita criatividade, mas escolhas que vão interferir diretamente no meio de vida, inclusive profissional.
As crianças saberão inglês antes da adolescência, ensinarão informática aos pais, vão zerar os níveis dos jogos, passar de primeira no vestibular. Mas talvez não saibam o que é ralar o joelho aprendendo a pedalar ou tropeçando no pega-pega, que não dominarão a imensidão de um bairro com a sua turma, mas espaços delimitados, por tempos delimitados, eventualmente. Talvez não consigam ter mais atenção nas pessoas do que nas telas.
Reconheço que sempre fui chegada nos aparatos eletrônicos, mas é muito chato tentar travar uma conversa com quem está mais interessado nas telas do que na gente. E isso tem virado regra entre crianças, sob "exemplo" dos adultos. O início da matéria publicada na sexta, na Gazeta, da repercussão do Pokémon Go em Limeira, reflete exatamente o que aconteceu na busca de depoimentos no parque: entrevistas entrecortadas pelo jogo, ainda que ele fosse o assunto.
De minha parte, fico feliz com a lembrança de, num aniversário, descer ao Centro de ônibus com a minha mãe, escolher meus patins no Palácio dos Brinquedos (que parecia mesmo um palácio!) e passar uma das tardes mais ansiosas da minha infância até que a aula da 2ª série acabasse, para curtir meu brinquedo novo, na rua, com a criançada. Talvez os caçadores do Pokémon jamais saibam o que é isso.
segunda-feira, 1 de agosto de 2016 | By: Daíza de Carvalho

O eleitor é que precisa evoluir

É sempre mais fácil reclamar dos candidatos do que procurar fiscalizá-los a contento, não é? A urgência de fazermos nossa parte como eleitores (cidadãos!) é assunto do meu artigo. Convido a refletir, de forma séria, sobre a nossa postura como quem elege, e não "lavar as mãos" diante de todas as consequências que colhemos a partir do nosso voto. Por mais clichê que seja, a mudança está, sim, em nossas mãos, e essa responsabilidade não termina na urna, mas começa. Não basta eleger, tem de acompanhar, cobrar, contribuir, participar. Isso depende de uma longa mudança cultural, é verdade. Mas não existe maratona sem o primeiro passo!

COLUNA RELEITURA - 01/08/2016

O eleitor é que precisa evoluir

Daíza Lacerda

Pode não ser nos próximos quatro anos. Nem mesmo neste milênio. Mas a postura do eleitor precisa mudar tanto quanto a batida fórmula dos candidatos. Cobramos sangue e ideias novos, mas nós mesmos não evoluímos o nosso "relacionamento" com políticos e com a política. O esquecimento em quem votou em eleições passadas é uma das evidências mais graves.
É fato que nunca tantas pessoas serão cumprimentadas em inícios e meios de mandato como serão nos próximos meses. Já se ouve por aí que "vai começar" aquilo tudo que a gente já conhece na rotina pré-eleições, seguida de um revirar de olhos. Boa parte não consegue esconder o desânimo, já esperando mais do mesmo: discursos, promessas, quintais e ruas imundos com santinhos e a encheção de saco dos carros de som.
Sei que a descrença nas instituições é considerável, e não sem motivo. Só não dá para ignorar que as instituições são reflexos das nossas escolhas e, principalmente, dos nossos desleixos. Milhares elegem um vereador ou deputado, mas quantos acompanham sua conduta durante o mandato? Verbalizar em rede social é fácil, mas quem vai no gabinete para cobrar posição e atuação condizentes? Daí, chega esta época, emerge o circo do desespero como o retratado na última sexta nesta Gazeta, em matéria da jornalista Érica Samara, sobre a quantidade de proposituras arquivadas por serem ilegais. Parte das dezenas de pessoas que são pagas com o nosso dinheiro para legislar e fiscalizar, sequer sabe uma coisa ou pratica outra. Isso só para ficar no âmbito municipal.
Quero acreditar que nossos critérios como eleitores é que serão responsáveis por elevar o nível principalmente de comprometimento de candidatos, ainda que eu não esteja viva para usufruir disso. Afinal, dependerá de uma profunda mudança de cultura que, felizmente, começou, ainda que tímida perto da revolução que necessitamos. Antes tarde do que mais tarde.
Já passou da hora, por exemplo, de acabar com os votos de protesto, elegendo figuras cujos perfis são evidentemente inaptos para qualquer cargo eletivo. Já passou da hora de torcer o nariz para horário político, e tentar avaliar as propostas - para avaliá-las e cobrá-las no futuro, se for o caso. No mínimo, vai garantir risadas, o que é quase inevitável na campanha televisiva.
Estamos mais céticos, mas muitos ainda se rendem à ingenuidade perante a imagem. Passou da hora de se deixar levar pela trilha sonora envolvente, pelo sorriso falso nas fotos, pelos terninhos e camisas, pelo excesso de base facial ou de Photoshop mesmo e ir direto ao que interessa. Não basta saber quais são as propostas, mas a viabilidade, como serão executadas, se são possíveis ou palavras ao vento. Estamos condicionados às promessas vagas. E na hora do vamos ver, a velha justificativa da falta de verba, de entraves jurídicos.
Nós também temos de ser realistas o suficiente para saber o que é e o que não é possível dentro das fórmulas que nos serão vendidas. Não dá para tolerar ingerência e má vontade, mas também não dá para esperar milagres. Para isso, é preciso se envolver, se interessar o mínimo para entender as engrenagens que fazem uma cidade evoluir ou não. Nada menos do que exercer a cidadania.  

quinta-feira, 21 de julho de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Limeira vive dia olímpico com passagem da tocha




Chama olímpica passa em Limeira sem incidentes

Revezamento atraiu populares às ruas e também despertou protestos

Daíza Lacerda

Dois extremos marcaram o dia de ontem para os condutores da chama olímpica em Limeira. A calmaria da concentração nos ginásios do Sesi e Vô Lucato no final da manhã deram lugar à euforia das ruas, em revezamento que teve a participação de quem passava pelo trajeto ou se programou para assistir a condução da tocha olímpica.
A nadadora paralímpica Beatriz Zuzi, de 19 anos, não garantiu colocação para participar dos Jogos, mas teve, na condução da chama, a sua realização. "É um meio de sentir quase a mesma emoção. Não conseguia acreditar quando meu nome foi confirmado, mas fiquei muito feliz. É um momento único para mim, para a cidade e o país, pois não sabemos quando isso se repetirá".
A funcionária pública Priscila Pereira, de 36 anos, estava preocupada em não tropeçar e cair no trajeto. "É uma festa bonita, apesar dos protestos, pois nem todos entendem o espirito olímpico, que independe de questões políticas. É um simbolismo forte".
Baiana radicada em São Paulo, Zingara Atta, de 37 anos, foi um entre três funcionários selecionados de uma empresa que fornece tecnologia para as Olimpíadas, cada um alocado num local para o revezamento. Para ela, que já tinha referências de Limeira pelo setor de joias, a condução simboliza uma virada de ciclo. "Há cinco anos eu não teria condições físicas de fazer isso. Estava obesa, perdi 44 quilos e o esporte passou a fazer parte do meu novo estilo de vida", conta.
Aos 23 anos, Lucas Chung Man Leung foi um dos condutores mais animados, pedindo participação dos populares e entoando gritos de de guerra. O estudante da Unicamp em Limeira foi selecionado por se destacar num intercâmbio e vencer um concurso da embaixada britânica, além de fomentar projetos sociais entre estudantes e comunidades de Limeira, como o bairro Geada. Para ele, as Olimpiadas são motivo de esperança no contexto brasileiro atual, principalmente por meio da educação. "É o ponto de partida para projetos que podem atingir qualquer um, beneficiar comunidades, trazer alegria. O meu lema é acordar todo dia e fazer alguém feliz".
Indicada pelo COB, a atleta Maíla Machado falou da alegria em conduzir a chama no lugar que nasceu, mas chama atenção para a necessidade de mais apoio aos atletas. "É uma oportunidade para que patrocinadores abram os olhos, pois há muito jovem sem chances para deslanchar. A cidade também deixa muito a desejar em incentivo, e deve apoiar mais para que seus atletas não precisem sair daqui".


Estimativa inicial é de 
30 mil participantes

Nas ruas, o revezamento foi festejado por adultos e muitas crianças, ainda que o evento sofresse alguns protestos, como um rapaz que acompanhou o comboio com cartazes questionando prioridades no País em relação à tocha. Nas vias liberadas, motoristas observavam e alguns apoiavam com buzinas.
Nenhum incidente foi registrado no trajeto, como informou Gino Torrezan, secretário de Desenvolvimento. "Parabenizamos a população que recebeu muito bem o evento, respeitando o comboio. Os condutores foram muito aplaudidos e muitos saíram de suas casas ou trabalho para ver esse símbolo que talvez não passará mais em Limeira".
Pela distância do trajeto, de cerca de 6 km, a estimativa inicial é de 30 mil pessoas no percurso, conforme o secretário. No entanto, a extensão do público deve ser aferida pelos critérios da Polícia Militar e Guarda Civil Municipal, em avaliação do evento que deve ocorrer ainda nesta semana.
Torrezan lembra que foi um ano de planejamento conjunto com o Comitê Olímpico Brasileiro, que proveu experiência de um evento feito com vários órgãos das esferas federal, estadual e municipal. O município também deve receber uma avaliação do Comitê, quando o revezamento for finalizado. (Daíza Lacerda)

Emocionados, condutores 
pedem incentivo ao esporte

Além de atletas olímpicos, revezamento reuniu pessoas de diferentes cidades e históricos

Daíza Lacerda

Um comboio de diversos veículos antecedeu a chegada dos condutores da chama olímpica, que tinham o ponto de revezamento previamente marcado. A condução da tocha começou sem atraso, pouco depois das 13h, com a suspensão do tráfego poucos minutos antes do início, na avenida Major José Levy Sobrinho.
Ovacionado, o atleta paralímpico Odair dos Santos assumiu a condução ainda na Boa Vista, assim como a atleta Maíla Machado. A concentração de espectadores foi maior no Centro, mas em diversos pontos trabalhadores de empresas e comércios  também pararam para acompanhar a passagem.
O condutor mais festejado foi José Carlos da Silva, o Fumaça, rodeado por atletas e fãs enquanto esperava a sua vez de guiar a chama olímpica, o que fez emocionado. Ele fez a passagem para o nadador Guilherme Guido, que encerrou o revezamento em palco montado no Parque Cidade. Depois, ele descreveu o momento. "Foi muito bom trazer esse símbolo para Limeira, sentir o calor dos limeirenses e fechar o revezamento. Vi muitas crianças e esse é um meio de incentivar as novas gerações, já que o esporte e educação andam juntos", disse ele, que só soube na manhã de ontem que encerraria o evento. Ele também destaca a importância de olhar para jovens promissores. "Tive a oportunidade de viajar o mundo e no Brasil as coisas acontecem fora de ordem, buscam o atleta pronto. Mas é preciso investir nas bases", defende.
Nascida em Limeira, a atleta do handebol Alexandra Nascimento, de 34 anos, também descreveu a emoção de carregar o símbolo olímpico. "Quando comecei a ver todos torcendo, meu coração saiu pela boca. É uma experiência inexplicável. Estou indo para a quarta olimpíada e não esperava essa sensação", declarou. Ela também recorre ao símbolo da esperança diante das condições do Brasil. "São tempos difícieis na política e na economia, mas a passagem é a busca de um novo espírito. O Brasil precisa de muitas coisas, mas também precisa do espírito olímpico. É preciso pensar em quantos jovens saíram da rua graças ao esporte. É um incentivo para o País, uma maneira de crianças e famílias sentirem um pouquinho do que os atletas sentem na hora do jogo".


quarta-feira, 20 de julho de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Maior símbolo olímpico chega hoje a Limeira



Interdições em vias começam às 7h, com proibição de estacionamento

Daíza Lacerda

Num simbolismo milenar do uso do fogo como elemento divino, Limeira recebe hoje a chama olímpica, a mesma acesa no Templo de Hera, na cidade de Olímpia, na Grécia, em 21 de abril. É o fogo que acenderá a Pira Olímpica no Maracanã, dando início dos Jogos Olímpicos Rio em 5 de agosto. Limeira participa da tradição que remonta aos Jogos Olímpicos da Antiguidade, quando os gregos já conservavam chamas acesas em frente de seus principais templos, como o santuário de Olímpia. Uma vez acesa, a chama é conduzida por meio de tochas, num revezamento até a cidade-sede dos Jogos. Entre os mais de 5,5 mil municípios brasileiros, Limeira está entre as mais de 300 cidades que formam o percurso até o Rio de Janeiro sem que a chama se apague, e terá mais de 20 revezadores entre os 12 mil condutores que guiam o fogo olímpico em todos os Estados durante 95 dias.
O revezamento da chama está previsto para começar às 13h09, mas as restrições no trajeto começam às 7h, entre Boa Vista, Centro e Parque Cidade, onde está prevista a chegada às 14h15. A data e a hora, distância e tempo gasto são determinados pela Rio 2016 com base na rota completa, sem que a cidade possa fazer alterações.
COMBOIO
O comboio que traz a chama e as tochas move-se entre as cidades entre 60 km/h e 80 km/h, sendo que no trajeto o ritmo é de 6 km/h, com cada condutor percorrendo 200 metros com o fogo olímpico. O comboio do revezamento é formado por ao menos 15 veículos, 10 à frente do condutor e o restante atrás, sendo que cada um que detém a chama é acompanhado por outros corredores de segurança. É composto por uma viatura da polícia, um carro piloto, um ônibus de chegada dos condutores, três caminhões (um de cada patrocinador do revezamento), outro veículo de apoio aos patrocinadores, o da segurança dos condutores, batedores da polícia e veículo da imprensa da Rio 2016. O condutor é seguido por um carro de comando, viatura de segurança, ônibus de coleta dos revezadores, carro de varredura e viatura da polícia.
MUNICÍPIO E PERCURSO
Apesar das definições serem do Comitê Olímpico, com segurança da Guarda Nacional para a chama olímpica, os municípios participantes se comprometem em fornecer os serviços de apoio necessários, como planejamento, suporte, segurança pública geral e gestão de tráfego, com controle de multidão e o fechamento de vias.
Exceto pelo horário, não haverá alterações no planejamento para o público, como esclareceu o secretário de Desenvolvimento, Gino Torrezan. "Toda a organização está mantida, e recomendamos a comemoração com prudência desse símbolo olímpico que representa a união dos povos", salienta.
Alvo de diversos questionamentos, os custos do evento chegaram, até ontem, a R$ 29 mil, conforme Torrezan. São do seguro obrigatório, uniforme dos voluntários e trabalhadores da prefeitura e infraestrutura do palco para a tocha, que teve de ser alugada. Mas a planilha será fechada somente após o evento. Segundo Torrezan, serão cerca de 600 pessoas do município trabalhando no evento, incluindo 250 voluntários, além de equipes da Mobilidade, Guarda e Ceprosom.


Ordem dos condutores será "surpresa"

O percurso de 6,5 km teve numerados, ontem, os locais da troca da chama, com identificações nos postes. Os números nos postes correspondem aos dos condutores e seus locais de revezamento. Cada cruzamento (cerca de 60) e cada troca terá um coordenador de percurso.
A concentração dos condutores ocorrerá em dois locais: no Sesi 408 e no ginásio Vô Lucato, dentro do Parque Cidade. As instruções foram enviadas pelos patrocinadores direto aos condutores. Na sequência dos participantes de Rio Claro, a numeração de condutores em Limeira começa no 17, e segue até o 46. Foram confirmados os nomes de 22 condutores, sendo que o restante, indicado pelas empresas, deve ser conhecido na hora. Até o início da noite de ontem não havia sido confirmada a ordem dos condutores no revezamento.
Conforme a Gazeta apurou, Eduardo Ferreira dos Santos deve ser um dos primeiros. Ele recebeu o número de identificação 21, com previsão de partida às 13h16 da avenida Major José Levy Sobrinho próximo do nº 1.600. José Carlos da Silva, o Fumaça, receberá a chama próximo do encerramento do percurso. Sob o número 45, seu horário previsto é às 14h07 na Via Antonio Cruañes Filho (anel viário), próximo do logradouro 700.
Haverá bolsões em diversos pontos (Nissan, Limeirão, Praça das Nações na Boa Vista, Teatro Vitória e Prefeitura). Além da participação de alunos, colônias alemã, japonesa e italiana animarão esses pontos, com roupas e apresentações típicas. No parque, as atrações serão dança e a banda dos Patrulheiros. (Daíza Lacerda)


No percurso, estacionamento
para às 7h e circulação às 12h30


Não será permitido o estacionamento de veículos em todas as vias que receberão o comboio, em restrição começa às 7h de hoje. Já a circulação de carros será permitida até por volta das 12h30, em horário que será sincronizado com a saída do comboio de Rio Claro. A projeção é de liberação até às 14h30. A organização recomenda que motoristas respeitem as restrições. Além do risco de pessoas esbarrarem, o motorista não poderá sair caso precise, durante o evento. Comerciantes e pedestres receberam orientações, ontem, nos locais que terão alteração, e faixas foram colocadas no trajeto. Embora informem da interdição até às 18h, a liberação ocorrerá antes, pois foram confeccionadas antes da confirmação do horário.
A AutoBan informou, ontem, que fará o apoio do deslocamento do comboio na Anhanguera (SP-330). Comboio com o símbolo olímpico deverá percorrer trecho entre os quilômetros 153 e 98 da pista sul (sentido interior-capital, Cordeirópolis-Campinas), entre 10h45 e 16h, dividido em três etapas. Entre Rio Claro e Limeira, o comboio trafegará entre os quilômetros 153 e 148+600, com acesso à rodovia SP-147, em Limeira, ainda no final da manhã. No início da tarde, o comboio se deslocará de Limeira para Americana, percorrendo o trecho entre os kms 142 e 125 da Anhanguera. Por volta das 15h, deixa Americana e parte para Campinas, trafegando entre os kms 120 e 98 da Via Anhanguera.
Em apoio à Polícia Militar Rodoviária, a concessionária realizará, caso necessário, o fechamento temporário de acessos durante o deslocamento da comitiva. Além disso, painéis eletrônicos instalados nas rodovias informarão os usuários sobre a passagem do comboio pela rodovia. Ainda durante a operação, a Polícia Militar Rodoviária poderá, se necessário, impedir que veículos ultrapassem o comboio do Comitê Organizador, que trafegará de acordo com a velocidade diretriz da Via Anhanguera. (Daíza Lacerda)