sábado, 28 de janeiro de 2012 | By: Daíza de Carvalho

Moradores de Engenheiro Coelho se unem e clamam por segurança

Daíza Lacerda


Passeata ontem reivindicou a criação da Guarda Municipal no município

Assaltos à mão armada, furtos no interior de casa e sequestro. Parte dos moradores de Engenheiro Coelho tem sua história de trauma para contar em ocorrências frequentes no município. A mais recente delas, que indignou a população, foi o assalto à casa do agricultor Adilson Hermann, de 63 anos, quando sua família foi feita refém, na última semana.
Hermann foi o porta-voz na cobrança à prefeita Rosemeire Guidotti Scholl para a criação da corporação que zele pela segurança na cidade. "Fui salvo por um homem pilotando uma motocicleta, que eu e meus vizinhos o pagamos para fazer a ronda na rua. Ele é quem chamou a polícia. Por que a Prefeitura não pode colocar motos e pessoas para fazer o mesmo, além de usar as viaturas ociosas da prefeitura em rondas noturnas?", sugeriu.
O comerciante Evandro Rocha, de 46 anos, também já foi vítima de assaltos e é um dos que mobilizaram a passeata realizada na tarde de ontem, que saiu da igreja matriz até a Prefeitura. "Não somos e nem defendemos partido algum. Cobramos algo de que a cidade precisa. Há 25 anos havia guarda aqui, a partir de contribuição dos moradores. Depois que deixou de ser distrito de Artur Nogueira, caiu no esquecimento. E quando cobramos, são várias as desculpas", justifica.
Rocha opina que a única delegacia de polícia do município é precária e reconhece que uma agravante é o número de habitantes (15 mil), parâmetro para o efetivo de policiais, que são 15. "Somos a única cidade da Região Metropolitana de Campinas que não tem guarda municipal, e todos os municípios vizinhos têm. Assim, nos tornamos alvo fácil dos bandidos", considera.
"Não estamos pedindo, mas exigindo a criação da guarda e instalação de câmeras de monitoramento na cidade. O tempo de pedir já passou", frisou Hermann.

MEDO E ADESÃO
Centenas de moradores participaram do movimento, que foi pacífico. "É uma iniciativa importantíssima. Nunca sofri nenhum roubo ou furto, mas não podemos esperar acontecer. A cidade é muito pequena para viver um momento de medo como esse", disse a professora Ângela Maria Correia, de 45 anos. A advogada Fernanda Paola Correia, de 30 anos, concorda. "Dessa maneira, a população mostra que se sente insegura e que não quer ficar sem resposta".
A resposta da prefeita foi a de estar trabalhando na questão da segurança. "A criação da guarda é também um anseio da prefeitura", disse à Gazeta. "Aumentamos recentemente o efetivo de policiais de 11 para 15, com apoio da Secretaria da Segurança do Estado, além da construção da nova delegacia. Não estamos de braços cruzados", justificou.
Segundo ela, serão viabilizados por meio da Agência Metropolitana de Campinas recursos para o monitoramento, com verba de cerca de R$ 600 mil. Ela garantiu a criação da guarda municipal, com processo a ser iniciado ainda neste ano. Não estimou prazos, mas disse que a medida teria início o mais breve possível.
Questionada sobre o processo ter início agora, a partir da mobilização da população, que alega cobrar a criação da guarda há tempos, Rosemeire disse que optou por prioridades, como a educação. Sobre como será a guarda, ela não estimou detalhes. "Se não tiver prédio, vamos alugar. E será preciso fazer concurso e treinamento", disse ela, sem revelar um provável número do futuro contingente.

NO PALANQUE
Carros de som e faixas erguidas por populares sugeriam que a prefeita transformasse carros oficiais em viaturas e lembrou que a manutenção da guarda é cara, porém, a vida humana não tem preço. Ela foi convidada a se unir aos moradores que organizavam a passeata no palanque improvisado num caminhão. Na oportunidade, Hermann deixou claro que não daria palavra a parlamentares, mas apenas a uma única autoridade, a prefeita. Ilustrou a parcela da população vítima da falta de segurança. "Se no carnaval criarmos o bloco dos assaltados, vamos lotar um quarteirão". Colocou seu voto "à venda". Mas não vão me comprar com caixas de cerveja ou tapinha nas costas. Meu preço são 48 meses de trabalho com afinco no município", disse o porta-voz.
Em resposta, a prefeita defendeu o direito à democracia do movimento e prometeu que neste ano dará início ao processo de criação da guarda.



Hermann dirige-se à prefeita na reivindicação da guarda municipal na cidade
Hermann dirige-se à prefeita na reivindicação da guarda municipal na cidade


Moradores se uniram ontem e, em passeata, resolveram cobrar da prefeitura a criação de uma guarda municipal no município
Moradores se uniram ontem e, em passeata, resolveram cobrar da prefeitura a criação de uma guarda municipal no município



Furtos aumentam 50%
em um ano no município

A reportagem ouviu o PM Augusto, e este nos informou que a maioria das ocorrências é de furto em área rural e de miudezas no comércio, além de desentendimentos. Ele informou que o município possui uma viatura para patrulhamento normal, mas quando necessário, recebe reforço de outras cidades.
De acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado, a quantidade de furtos em geral (excetuando-se o de veículos), aumentou cerca de 50% de 2010 para 2011. Os 159 registros subiram para 240. Furto e roubo de veículos somaram 14 e 18, de um ano a outro.
Diferentemente de 2011, a partir de 2011 a Secretaria de Estado fornece as ocorrências de forma mais detalhada e mostra que Engenheiro Coelho fechou 2011 com 134 casos de lesões dolosas, segundo item mais numeroso depois dos roubos. Em seguida está a lesão culposa por acidente de trânsito, com 34 ocorrências.
Entre os homicídios, foram dois dolosos e seis culposos por acidente de trânsito. Foram registrados ainda cinco casos de estupro e um de tráfico. (DL)

Publicado na Gazeta de Limeira, também na capa.



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