domingo, 26 de junho de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Mudança de hábitos eleva venda de smartphones


Daíza Lacerda

Para ficar conectados, aumenta preferência de usuários pelos "telefones inteligentes"

Fazer ligações é um item que já não basta para a escolha de um celular. Câmera e bluetooth começam a figurar como itens insuficientes diante das novas exigências do consumidor, que quer ter em mãos as funcionalidades de um computador.
A nova preferência alavancou a venda dos smartphones, que possuem esses recursos. As lojas das operadoras consultadas, do Shopping Pátio Limeira, confirmam na cidade o que órgãos vêm prevendo como uma tendência mundial: os "telefones inteligentes" já superam as vendas dos celulares mais simples. Segundo o site especializado Asymco, foram 100 milhões desses aparelhos vendidos no mundo, no último trimestre, 27% do que sai das lojas.
"O que diferencia o smartphone de um celular comum é ser um dispositivo no qual se pode instalar aplicativos para diversas finalidades", explica Vladimir Barbosa, docente do Departamento de Tecnologia da Informação da área de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Faculdade de Tecnologia (FT/Unicamp).
Além da infinidade de modelos, os sistemas operacionais também começam a determinar a escolha do aparelho. No mercado, os com o sistema Android, reconhecidos pelo robozinho do Google, já começam a alcançar a preferência até então dominada pela marca da maçã, a Apple, fabricante do iPhone, que usa o iOS e é recorde de vendas a cada lançamento.

PROCURA
"O usuário não quer mais um aparelho só com rádio, câmera e bluetooth. O primeiro requisito agora é o acesso à internet, com wi-fi, o que aparelhos simples já oferecem. Embora os preços continuem como fator determinante, a procura é por maior qualidade e recursos", diz a gerente de loja Tim, Aline de Oliveira.
Na loja da Oi, o gerente Leandro José Porfirio diz que os smartphones representam 70% das vendas. O modelo que tem mais saída é o Samsung Chat 336. "Há procura tanto pelos Androids quanto pelo iPhone, tanto que às vezes fica difícil suprir a demanda", mensura. Os aparelhos BlackBerry também têm procura, embora menor. Entre os aparelhos com Android, o Sony X8 é o mais vendido.
Se a funcionalidade de falar está ameaçada em ficar no segundo plano, o uso das redes sociais e programas de bate-papo online nunca estiveram tão em alta na ponta dos dedos. "A procura é indiscutível. Em muitos casos, a decisão final pela qualidade do sistema", diz Aline. Mas ela ressalva que os equipamentos da Apple já têm uma preferência em que o sistema operacional não necessariamente é levado em conta.
"Associados aos planos de dados, a preferência dos smartphones ficam de 50% a 70% das vendas. Os mais simples são a opção dos que usam exclusivamente para ligações", diz Renan Brissolla, gerente da loja Vivo. Uso para trabalho ou checagem de e-mails são as maiores necessidades de quem opta pelos smarts.
No custo-benefício entre planos e aparelhos, os Androids têm despertado interesse, sobretudo pelo número de marcas que usam o sistema. "São bem vendidos os modelos Nokia C3 e x2, além do Samsung Chat e Motorola Defy, além do Atrix, recém-lançado", enumera Brisolla.
Na loja da Claro, a procura por aparelhos com Android já quase se equipara ao iPhone, de acordo com a gerente Priscila Alleoni. "Hoje o cliente quer aparelhos para acessar a internet de qualquer lugar. Há planos que se adequam à necessidade, nos quais se prioriza o pacote de dados ou de voz", diz ela.


Formato se desenvolve e 
exige escolha entre sistemas

"Já tenho um Mac [Macintosh, computador de mesa da Apple], então a sincronização é mais fácil", diz o designer Lucas Lima, sobre a escolha do iPhone. Design, facilidade de uso e confiança no sistema, difícil de pegar vírus, são motivos enumerados por ele. "Quando saem programas para o Mac, são lançadas também versões para iPhone. O celular se torna uma extensão", diz. Programas financeiros e que gerenciam senhas são alguns que ele destaca.
Já o publicitário Rafael Beccari optou pelo aparelho com Android devido à popularização de suas ferramentas. "Por ser um sistema aberto, os programas são muito baratos, além de vários gratuitos. Apesar de ser fã dos produtos da Apple, há muitas limitações", diz ele, que cogitou a compra de um iPhone, além de aparelhos com o sistema do Windows para dispositivos móveis. Outro ponto forte é a disponibilidade do Android para várias marcas.
"A vantagem dos smartphones é a mobilidade. É como levar um computador a qualquer lugar", salienta Barbosa, da FT. "A tecnologia permitiu a redução do tamanho dos componentes dos equipamentos, com um processamento muito maior. Para se ter uma ideia, em 1969, quando o homem foi para a lua, a Nasa tinha um poder computacional grande. Hoje, o poder de processamento de um smartphone é superior ao da Nasa, na época", compara.
Menos volume e mais funções no aparelho, com suporte para jogos, planilhas, internet e leitura de e-mails e notícias são os atrativos dos aparelhos, encontrados em modelos que variam de R$ 300 a R$ 2 mil. "Máquina fotográfica, GPS, som, filme, TV, wi-fi, agenda, armazenamento de dados e edição são funções centralizadas num único aparelho, o que muitos computadores não agregam", diz o professor.
Enquanto os usuários se adaptam, responsáveis pela tecnologia nas empresas devem estar preparados para mudanças rápidas. O
desenvolvimento para o mercado corporativo deve focar ainda a integração de plataformas. Um exemplo é quando a pessoa faz uma movimentação na conta bancária e automaticamente recebe uma mensagem de texto no celular sobre a operação.


Tablets ainda "engatinham" 
nas revendas de Limeira

iPad, Samsung Galaxy Tab, Motorola Xoom e ZTE são tablets disponíveis no Brasil e alguns dos modelos são encontrados nas lojas de Limeira. No município, a procura por esses produtos se limita à sondagem, por enquanto, dizem os lojistas. "Há uma expectativa que esses aparelhos substituam o notebook, mas o preço ainda é elevado", diz Aline, da Tim. Com preço médio de R$ 2 mil, muitos usuários ainda recorrem ao smartphone.
"A procura é grande para conhecer, mas em termos de venda ainda está caminhando", diz Brissola, da Vivo.
Já o professor Vladimir Barbosa, da FT, explica que a tecnologia dos smartphones estão nos tablets. "São equivalentes, mas depende muito da necessidade para substituir por um computador. Profissionais da área de tecnologia têm aproveitamento melhor para uso em desenvolvimento, o que não acontece com usuário simples". Sensíveis ao toque e fáceis de usar, tanto por crianças quanto idosos, Barbosa vê o tablet como forte aliado para disseminar a tecnologia de forma prática e tranquila, não se limitando a profissionais da área.
Sonhos de consumo desta geração, o sistema operacional dos tablets também aparece como promessa no mercado, principalmente para o Android, que tem código aberto, ou seja, qualquer um pode fabricar programas nesta plataforma.
Ainda não há disciplina específica para dispositivos móveis, que é algo recente, mas o assunto já se tornou tema de estudo de alunos, diz Barbosa. "Eles se interessam, porque o mercado dita as regras e é onde estão as oportunidades. O mercado está de portas escancaradas para quem desenvolve aplicativos para dispositivos móveis. As fabricantes estão incentivando".
E o governo federal, também. Há algumas semanas foram divugados os benefícios sobre a tributação desses aparelhos, além da produção de iPads no Brasil, que deve contribuir com a queda dos preços. "No entanto, os fabricantes deverão investir não só na montagem, mas na produção de componentes, o que deve representar uma queda não tão grande assim no preço final", analisa Barbosa.





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