domingo, 19 de junho de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Estudo para reaproveitar petróleo premia limeirense


Daíza Lacerda

Simulação procurou identificar formas de melhorar o rendimento dos processos em reatores

A simulação de um reator usado no refino do petróleo fez parte dos três anos e meio de estudo da engenheira química limeirense Gabriela Cantarelli Lopes para o seu doutorado em Engenharia Química, pela Unicamp.
Após a destilação do petróleo, que dá origem a subprodutos como gasolina, diesel e GLP, os resíduos gerados precisam passar por um segundo processo, para o seu reaproveitamento. A otimização desta fase foi o objetivo do estudo. "O aproveitamento dos resíduos é um processo já aplicado pela indústria petroquímica há décadas. O objetivo da simulação foi entender melhor os fenômenos presentes no reator na tentativa de aproveitar ainda mais esse material", explica ela.
O processo de aproveitamento de resíduos da destilação do petróleo é tão complexo quanto o nome: craqueamento catalítico fluído (FCC, sigla em inglês para fluid catalytic cracking). "É um dos processos de maior importância da indústria petroquímica. Atualmente, com aumento da demanda por combustíveis fósseis e a redução na extração de óleos convencionais, o aperfeiçoamento do processo de FCC vem se tornado essencial para as refinarias", diz a engenheira.
Daí o objetivo do estudo de entender melhor o escoamento no interior de reatores de FCC, visando melhorar a performance do processo.
O processo que ocorre no interior do reator envolve altas temperaturas e pressões, além de uma série de fenômenos complexos acontecendo simultaneamente, e a simulação feita nesse estudo é a mais completa até agora. "São usados 16 processadores em paralelo. Para simular 15 segundos do escoamento do petróleo no reator, que é suficiente para entender o processo, são necessários 30 dias de simulação. Pôde-se observar que tanto o uso de diferentes configurações geométricas para o reator, quanto a modelagem ou não do fenômeno de vaporização da carga, alteram as características do escoamento, influenciando no rendimento das reações. Em geral, foi ressaltada a importância do uso de modelos mais sofisticados nas simulações de reatores de FCC", explica Gabriela.
Ela atua no laboratório de Pesquisa em Processos Químicos e Gestão Empresarial, da Unicamp, que tem parceria com a Petrobras. O trabalho, que já foi apresentado em congressos, inclusive na Itália e Estados Unidos, começou durante o seu mestrado, quando foi pedido um estudo a respeito. "Na época, em vez de usarmos um software comercial, passamos a desenvolvê-lo. Devido ao nível de complexidade que desejávamos alcançar nas simulações, passamos a usar o software comercial. Porém, esse projeto foi o que deu base para a continuidade do trabalho no doutorado".  

PRÊMIO PETROBRAS
O estudo rendeu a Gabriela o Prêmio de Tecnologia da Petrobras. "Foi uma surpresa, pois concorrem instituições do Brasil inteiro", declara.
Ela não foi a única limeirense agraciada. Conforme a Gazeta já divulgou, a bióloga Giuliana Clarice Mercuri Quitério também recebeu reconhecimento pelo estudo da detecção de vazamentos de hidrocarbonetos (como são chamados os derivados de petróleo) por meio da plantação de vegetação comum por onde passa a rede dutoviária da Petrobras.
A premiação foi no início do mês, no Rio de Janeiro, e as duas limeirenses se destacaram entre os 21 trabalhos selecionados entre 346 inscritos.




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