terça-feira, 18 de janeiro de 2011 | By: Daíza de Carvalho

MP e polícia abrem investigação para apurar segurança e causa de acidente no shopping

Daíza Lacerda
Rafael Sereno


A Polícia Civil de Limeira e o Ministério Público (MP) vão instaurar inquéritos para apurar, nas esferas criminal e cível, respectivamente, as causas do desabamento de parte do teto da praça de alimentação do Shopping Pátio, ocorrido anteontem.

Por ter resultado em vítimas com ferimentos, o acidente terá inquérito policial que investigará as causas, explicou o delegado José Henrique Ventura, da Delegacia Seccional. “Serão apuradas as responsabilidades e causas que levaram às lesões, a partir do que a perícia identificar”.
Ele declarou que os desdobramentos podem ser caracterizados como crime culposo (sem intenção de ferir), mas será preciso averiguar se não houve negligência, imprudência ou imperícia, que são elementos para esse tipo de crime, por parte da construtora responsável pela obra.
Sobre as implicações, no caso de alguma das possibilidades ser provada, Ventura explicou que os responsáveis podem responder processos na área cível, com indenizações para o prejuízo das vítimas, e criminal, devido às lesões.
O delegado informou ainda que, além da área que sofreu os danos, só foi verificada infiltração em uma loja. “Para além da área afetada, compete aos bombeiros e órgãos municipais um parecer técnico”.
Foram coletados pedaços do forro, para análise se houve fadiga de material, uso inapropriado ou se a estrutura suportava peso. Segundo Ventura, a área deve ser vistoriada ainda pela perícia específica de engenharia.

CÍVEL
O promotor de Habitação e Urbanismo de Limeira, Luiz Alberto Segalla Bevilacqua, vai instaurar hoje inquérito civil para apurar as condições de segurança das dependências do Shopping Pátio e as causas do desabamento do teto da praça de alimentação.
O promotor disse que o Ministério Público (MP) acompanhará de perto a apuração do acidente. Ontem mesmo, o Corpo de Bombeiros, a administração do empreendimento e a Prefeitura foram oficiados para que enviassem as primeiras informações para instruir a abertura do inquérito, cuja portaria deve ser baixada hoje, oficialmente.
Embora somente a área da praça de alimentação esteja interditada, o promotor pedirá aos Bombeiros um parecer sobre as condições de segurança de toda a estrutura do empreendimento. “Quero uma avaliação de todas as dependências do shopping. Sabemos que trata-se de um prédio antigo. Neste momento, o MP preocupa-se não só com os funcionários, mas com todos os frequentadores do local e, por isso, precisa ter certeza de que há uma segurança mínima”, disse Bevilacqua.
O promotor disse não ter elementos para avaliar a decisão do shopping em ter aberto as portas ontem - somente a praça de alimentação permaneceu fechada. Bevilacqua adiantou que, se necessário, pode chamar peritos da capital, vinculados ao Ministério Público, para ajudar nos trabalhos de perícia.
O MP estará atento também quanto à questão de reparação de danos, por parte do shopping, às vítimas. “Neste caso, cabem danos materiais, ou seja, vou acompanhar se o shopping se responsabilizou, por exemplo, com assistência médica. Danos morais ficam de fora da esfera de atuação do MP e aí cabe a cada vítima buscar seus direitos”, informou.

Laudo da perícia científica demora ao menos 45 dias

De acordo com Antônio Carlos Giaconi, perito criminal chefe do Instituto de Criminalística de Limeira, a vinda de peritos de São Paulo foi cogitada, mas não será necessária. “O material coletado precisará ser examinado na capital se por tratar de partes grandes para as quais não temos os equipamentos necessários”, explica. Entre as peças, estão estruturas metálicas que caíram.
Giaconi também endossa que a parte que cedeu não influenciou a área restante do shopping. “Exceto pelo risco no local da queda, a estrutura está preservada”, esclareceu.
Ele ressalta ainda que, pelo fato de a construção ser nova, o material não estava desgastado, mas muitos itens demandam exame como o estudo da situação climatológica, velocidade do vento, direção e índice pluviométrico (sobre a distribuição das chuvas).
Ainda assim, o laudo final dependerá do parecer das peças que irão para São Paulo, onde devem chegar dentro de 10 dias. “Até os materiais serem vistoriados de forma que possamos juntar todos os pontos para uma conclusão, levará pelo menos 45 dias”, estima o perito. (Daíza Lacerda)

Dia seguinte: movimento é pequeno; funcionários estão com medo

Os corredores do shopping não apresentavam grande movimentação ontem, durante a tarde. Algumas lojas estavam fechadas e uma parte do prédio - que fica abaixo da praça de alimentação - estava interditada.
Baldes espalhados ajudavam a conter as goteiras vindas do teto. A escada, que dá acesso ao terceiro piso, estava repleta de água. A administração tentava escoar a água que vinha de cima, pois o teto ainda está aberto e choveu muito na manhã de ontem. Cinthia explicou que alguns lojistas optaram por não abrir os estabelecimentos ontem, devido ao fato de o desabamento ter sido muito recente.
A atendente Suelen Carolina Tetzner foi ao local em busca de seus pertences, que ficaram no restaurante onde trabalha. “Fiquei com medo de voltar para pegar minhas coisas, afinal, não sabemos o que pode acontecer”, disse.
Ela e demais pessoas que deixaram na correria os pertences na praça de alimentação estavam preocupadas em conseguir reavê-los. Uma pessoa, que não se identificou, e que deixou a bolsa no local, entrou em contato com a Gazeta em busca de informações. “Há dinheiro, talão de cheque e até a chave do veículo que meu marido utiliza para trabalhar dentro de minha bolsa”, comentou.
A assessoria do shopping informou que a área não foi liberada para a retirada dos pertences, que ficaram no terceiro piso, devido ao tumulto. “Todos os objetos serão recolhidos e guardados na administração, para posteriormente serem devolvidos. As pessoas podem ligar e deixar os nomes para depois os pertences serem repassados”, informou Cinthia.

COMÉRCIO
O presidente do Sindicato dos Empregados do Comércio de Limeira (Sinecol), Paulo César da Silva, que também esteve no local da queda, informou que está tentando contato com o Ministério do Trabalho para solicitar a vistoria de um fiscal da segurança do trabalho. “Estamos preocupados com a segurança dos funcionários e também dos consumidores”, declarou.
Ele explica que é responsabilidade de cada um, lojista ou funcionário, cumprir expediente ou não. “Neste âmbito, não há implicações por parte do sindicato”, esclareceu.
Segundo ele, o shopping tem por norma multar estabelecimentos que deixam de abrir, mas neste caso as multas não seriam aplicadas. (Cláudia Trento/Daíza Lacerda)

Publicado na Gazeta de Limeira. Original em pdf aqui.




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