sábado, 1 de janeiro de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Abaixo a procrastinação; hoje e sempre

Você domina o tempo
ou ele te domina?
Há poucos minutos me veio, vivo e sorrateiramente à memória, o trecho de uma música cantada em minha formatura do pré, momento que completará 20 anos.

"Já está chegando a hora de ir
Venho aqui me despedir e dizer
Que em qualquer lugar por onde eu andar
Vou lembrar de você
Só me resta agora dizer adeus
E depois o meu caminho seguir
O meu coração aqui vou deixar
Não ligue se acaso eu chorar
Mas agora, adeus"

O momento não é despedida, senão, em tese, do ano velho que acaba de morrer. E estive pensando o quanto ansiamos (pelo menos eu e boa parte das pessoas) a chegada do novo marco de tempo, o novo ano, durante as últimas semanas e  minutos em que findava aquele velho. Ou como numa mensagem bonita que recebi e repassei a algumas pessoas queridas, "uma folha em branco novinha para escrevermos o que quisermos".
Pode ser que muita gente, também, esteve esperando o relógio de 2011 começar a correr para botar em dia tudo aquilo nunca feito dantes. É a tal da dieta que começa na segunda-feira ou incontáveis planos pessoais e profissionais, amorosos, financeiros... que faltam ser saldados.
Eu também sou assim, mas descobri que "não me engano" mais. Porque eu não tinha nada que esperar 2011 para fazer um monte de coisas que não fiz em 2010 (embora estivessem em pauta desde muito antes do ano agora velho).
Escrevi um pouquinho sobre isso (indireta ou diretamente: o gerenciamento de tempo, que determina o que produzimos - ou não) na matéria que ilustra o Jornal da Mulher que circula hoje com a Gazeta de Limeira. Eu odeio a palavra procrastinação. Ela é feia e longa, como muitas de nossa língua, mas ela insiste em ressoar nas horas de culpa e este o maior motivo para odiá-la, ou melhor, as consequências dela. Ela assombra a muitos, mesmo a quem a desconhece.


Convenhamos
Embora esperemos 365 (ou 366, eventualmente) dias para soltar os fogos, rever a família e celebrar o futuro, de novo, todo dia iniciamos uma nova semana, um novo mês, um novo ano. Nosso aniversário é o marco de um novo ano, que também traz lá no íntimo todas aquelas reflexões do quanto evoluímos ou não.
Ou seja, todo dia é dia. Pra quê esperar o mês que vem ou uma data específica (às vezes lááá na frente), para iniciar algo que pode ser feito já, ainda que um primeiro passo para planejamento futuro? É, eu também não sei a resposta. Talvez o medo, que é sim necessário, nos domine demais nas horas impróprias, e a preguiça, absolutamente dispensável, não largue do pé.
E nisso passam-se os dias, semanas, em que muito do nosso tempo que poderia ser preenchido com coisas úteis que dessem bons frutos, não passem de folhas em branco em nossa vida. Felizmente muitas pessoas não são nada disso que descrevi aqui, e possivelmente muitas partilham comigo desse tipo de "culpa", que arrisco dizer que é a minha única resolução (que engloba tantas outras) que tenho para as horas que seguem, independemente de como elas se agrupem (um dia e meio, uma semana e três quartos, um décimo de década ou 10% de um século).
As regras de divisão do tempo foram "criadas" (e sobre isso a reportagem da Superinteressante de dezembro discorre muito bem) para organizar, para que possamos nos orientar. Mas depois do que li e escrevi sobre o assunto, além de minhas próprias reflexões, ficar à mercê do tempo e botar nele a culpa de tudo o que não fizemos é, agora, a desculpa mais esfarrapada do mundo.
E a música do Roberto Carlos foi só um pretexto para externar tudo isso.

0 comentários:

Postar um comentário