quinta-feira, 6 de janeiro de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Aos 101 anos, d. Itália elege paz como segredo de uma vida feliz

Daíza Lacerda

O passado de Itália Poleto Bazan, que completa hoje 101 anos, está bem vivo em sua memória. Embora com dificuldades para enxergar e ouvir, ela não cansa de listar tudo o que mais gostava de fazer e sente saudades.

O trabalho no campo e em casa, para a família, foi o que norteou boa parte da vida de dona Itália, cujos pais nasceram no país que lhe deu o nome. “Na minha época, brinquedo era boneca de pano. Mas o que fazia mesmo era trabalhar na lavoura, plantando café, arroz, feijão e mandioca, lidando com os animais. Foi assim que criei todos os meus filhos”, conta.
Nascida em Araras, ela veio com a família para Limeira em 1961. Teve 12 filhos, seis deles vivos hoje. “O mais difícil foi criar todos, mas fartura nós tínhamos. Vivi uma vida feliz, meu marido era trabalhador, e meus filhos também são”, declara.
O primeiro tataraneto está prestes a nascer, para se juntar aos 20 netos e 18 bisnetos. Seu último filho nasceu quando ela tinha 48 anos, e já contava com alguns netos.
Dona Itália tem alimentação normal e não toma remédios, a não ser vitaminas para os ossos, explicam as filhas Luíza Bazan Gonçalves, 67, e Lourdes Bazan de Aguiar, 69. “Ela come de tudo, e nada faz mal. Tem pressão ótima, além de ser lúcida”, diz Lourdes. E entre os gostos da idosa estão vinho e cerveja preta, além de carnes.
O único susto que os filhos tiveram com dona Itália foi quando ela tinha 84 anos e foi atropelada na calçada. As filhas ressaltam, aos risos, que dona Itália “tem a língua boa, sempre afiada”. A própria reconhece ser brava, mas não a ponto de brigar.

NOS TEMPOS DA VALSA
Entre as lembranças mais recorrentes de dona Itália, estão as das valsas. Ela lembra a que dançou em seu casamento, ao som de sanfonas: Saudades de Matão, do Tonico e Tinoco. E saudades sobram de seu marido Valentim Bazan, que morreu há mais de 30 anos, de câncer. “Para se casar, é preciso gostar. Senão, pode tirar o cavalo da chuva”.

COMO PASSAR DOS 100
Para aconselhar os outros que querem chegar ao seu tempo de vida com tanta saúde, ela hesita um pouco. “Só vivendo para ver. Todo dia me preparo para Deus, rezo muito por todos. Mas quem tem paz na família tem tudo, e isso eu tenho. A felicidade é ter a família unida, em paz. Nunca houve briga entre meus filhos”.
E o que ela ainda gostaria de fazer, nessa altura da vida? “Queria lavar prato, carpir quintal. É duro viver sentada”, diz ela, acrescentando que tudo o que faz agora é comer e beber. “Como não tenho o que fazer, rezo para um, rezo para outro. Nunca pensei em chegar a esta idade. A sorte é Deus que dá. Quando Ele me chamar, eu vou”.


Publicado na Gazeta de Limeira.


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