segunda-feira, 4 de abril de 2011 | By: Daíza de Carvalho

Restaurada, imagem de Jesus Cristo Crucificado volta aos fiéis da Boa Morte

Daíza Lacerda

Era triste a visão da imagem de Jesus Cristo Crucificado às vésperas da interdição da igreja Boa Morte, em 2008. Refletindo as condições da igreja e das dificuldades que ainda seguiriam, a situação era de deterioração.

"Sem dedos, e com os braços quebrados. Cansado", assim definiu Marisa Bellão, da Confraria da Boa Morte. Novamente apresentada ao público no último sábado, 26, a imagem ocupa agora um lugar do qual não deve mais sair, na entrada da igreja. "Recebeu novas bênçãos, além de muitas visitas", reitera Marisa. Agora, os fiéis voltam para buscar as bênçãos junto à imagem.
Por estar em condições precárias para locomoção, a restauração da imagem foi feita na capela e demorou dois meses, de acordo com a artista plástica Célia Tank Ragazzo, que fez o trabalho junto com Beatriz Araújo Ferrari. "A imagem sofreu muito a ação do tempo e, mesmo durante o restauro, recebeu visitas. Por ser considerado milagroso, o Cristo é bem procurado", diz ela, que também se emociona com a visão da peça. "Ficamos felizes, foi uma satisfação fazer o trabalho".
Com cerca de quatro metros de altura, foram necessários quatro homens para carregar a imagem, que agora está à disposição para as orações dos fiéis.
A igreja ainda guarda muitas imagens, algumas delas que já receberam cuidados de profissionais, como a do Sagrado Coração de Maria, que ficava na entrada da igreja e hoje é levada nas procissões. Outras ainda serão restauradas.

OBRAS

A igreja, reaberta após obras previstas num Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), terá nesta segunda-feira o início da segunda fase dos trabalhos.
"Serão restaurados os forros dos dois lados do piso superior, além dos assoalhos", explica Francisco Bellão, da Confraria. Esta fase deverá custar entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Cerca de 20 casamentos já estão marcados para acontecer no templo.

Seu Emiliano, o homem que viu a imagem chegar a Limeira

Para Emiliano Bernardo da Silva, 86, a imagem de Cristo novamente entregue aos fiéis da Boa Morte tem um significado especial. Aos 11 anos de idade, ele era coroinha da antiga catedral de Limeira, quando a imagem chegou da Europa. Ele ajudou a desencaixotar e montar a peça.
“Fui na igreja um dia e não vi a imagem. Foi quando soube da restauração, que era necessária. Costumo chamá-la de ‘meu Cristo’”, diz ele, que ainda não foi visitá-la, devido a problemas de saúde na família.
Além do desgaste causado pelo tempo, ele observa que a imagem era de fácil acesso para os fiéis, que passavam a mão para se benzer.
A primeira “casa” do Cristo foi a matriz que antecedeu a atual catedral de Nossa Senhora das Dores. Era década de 30. “Só foi para a Boa Morte em 1948 ou 1949, quando a antiga catedral foi derrubada. A pedra fundamental da nova matriz foi inaugurada em agosto de 1951”, diz ele, que lembra ainda que diziam que a imagem vinha de Portugal, embora não se tenha certeza. (DL)



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