segunda-feira, 8 de maio de 2017 | By: Daíza de Carvalho

Corrida Ainda: deficientes vão pegar carona com corredores

Repaginado, evento quer atrair mais atletas da região e chamar atenção à causa

Daíza Lacerda

"As pessoas poderão conhecer um pouco as nossas dificuldades, mas também nos ajudar. Esperamos que a corrida atraia cada vez mais gente". A expectativa é de Luís Irineu, um dos atendidos da Associação Integrada de Deficientes e Amigos (Ainda). Ele participará pela primeira vez da corrida realizada pela instituição, que chega à 11ª edição, com outros 9 usuários que terão a oportunidade de percorrer 5 km em triciclos específicos, emprestados à entidade, que serão guiados por três corredores em revezamento.
A participação efetiva dos deficientes atendidos marca uma mudança no tradicional evento, que passa a se chamar "Corrida sem barreiras", atentando à causa da deficiência. A Caixa Econômica Federal mantém o apoio à corrida, como patrocinadora desde a primeira edição. Neste ano, a organização é da Scuderia e responsáveis do projeto "Pernas de Aluguel", de Campinas, ajudarão com o empréstimo dos triciclos que levarão os deficientes à corrida.
"É um evento importante não só para divulgar o nosso trabalho, mas também para mantê-lo", ressaltou Kédima Silva, gerente da Ainda. Ela salienta que os recursos provenientes da prova são os principais no orçamento da entidade, que tem despesas na faixa de R$ 30 mil mensais. De acordo com ela, os primeiros meses deste ano fecharam com saldo negativo. Com cerca de 40 usuários a partir dos 5 anos, o total de atendimentos ficam entre 800 e 900 por mês, com demanda maior na faixa etária entre 18 a 35 anos. O que mais pesa no orçamento são os recursos humanos. "É necessária equipe especializada para atender. Às vezes são dois profissionais para um atendido", explica.
ORIGENS
O prefeito Mario Botion lembrou das origens do evento, salientando que era voluntário da entidade antes de pensar em entrar na vida política. Recordou como a iniciativa nasceu numa conversa durante treinos com José Carlos da Silva, o Fumaça. Precisava de ideias de como divulgar a instituição e buscar recursos. Fumaça, que já conhecia o caminho, com a realização de seu campeonato anual, auxiliou desde o início por meio da Associação Limeirense de Atletismo (ALA), que permanece como parceira do evento.
O objetivo é alcançar o número de mil inscritos, atraindo mais atletas da região, principalmente de grupos como o de academias, como salientou Eleuses Brandeker, da Scuderia. No ano passado, foram cerca de 600 participantes, com estimativa de 30% de outras cidades.
O município também é cotado para receber o projeto "Experimentando Diferenças", patrocinado pela Caixa. Gerente regional, Evandro Nobre falou da intenção de acertar uma agenda no município para o programa proporciona a oportunidade viver as experiências que as pessoas com deficiência têm. Nobre ressaltou a importância do trabalho da entidade que vai de encontro com a missão da instituição que representa, de melhorar a qualidade de vida.
A CORRIDA
O percurso permanece o mesmo, com largada do Horto Florestal e trajetos de 5km e 10 km para corrida, além de 3 km para caminhada. A Voltinha da Inclusão, com percurso de 200 metros, é voltada às crianças de 6 a 12 anos. Deficientes visuais e cadeirantes na categoria T11 também podem competir.
Desde as duas últimas edições as premiações não são mais em dinheiro, o que permanece na atual. Serão premiados com troféus os cinco primeiros gerais nos 5km e 10 km, deficiente visual e T11, tanto masculino quanto feminino em todos. Nas categorias a cada 10 anos os primeiros serão premiados com um medalhão. A premiação é prevista para participantes entre 16 anos de idade e acima de 70.
As inscrições custam R$ 70 e podem ser feitas pelo site www.corridasembarreiras.com.br ou nas academias.



Nova edição da corrida prevê inclusão
na prática e nº ampliado de participantes
Foto: JB Anthero/Gazeta de Limeira


"Carona" será optativa
nas próximas edições


Os 30 corredores que se revezarão ao guiar os 10 deficientes nos triciclos serão indicados pela entidade. Mas o objetivo é que esta seja uma opção do corredor durante as inscrições a partir das edições seguintes, como explica o diretor de Esportes da Ainda, Nestor Rossetti.
Além do empréstimo, são previstas campanhas para a compra de algumas unidades. Feitas em alumínio e pesando cerca de 14 kg, cada uma custa cerca de R$ 1,5 mil. "Se conseguirmos com recursos próprios, o objetivo é levar os usuários para participarem também de outras corridas", explica. (Daíza Lacerda)


Obras na via Jurandyr Paixão não
serão retomadas até a corrida


A via Jurandyr Paixão, que será pista dos participantes da corrida, não deve ter as obras retomadas até a data do evento, como informou o prefeito Mario Botion. Ele esclareceu que, independentemente da corrida, medidas foram tomadas para prevenir acidentes no local, que estava com desníveis e valas abertas no acostamento. A segurança deve ser garantida para o evento, ainda que a situação das obras ainda não tenha um desfecho no decorrer do mês.
Conforme a Gazeta tem divulgado, as obras não foram retomadas pela empresa neste ano, e a prefeitura rescindiu o contrato. Ainda não foi definido juridicamente se a segunda empresa da licitação poderá assumir ou se será necessária outra licitação. (Daíza Lacerda)



Publicado na Gazeta de Limeira.

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