A volta do carnaval em Limeira neste ano já começou a mobilizar blocos e escolas, além de tomar forma não só com cores, plumas e tecidos, mas com muito ferro, madeira e trabalho de quem está empenhado em fazer uma festa bonita.
“Quando as pessoas veem pronto, e muitas ainda criticam, não têm ideia do quanto é trabalhoso”. A constatação é de Edna Gomes, 39, que junto com o marido Leilton Machado iniciou nas últimas semanas o trabalho de reformar e confeccionar carros alegóricos e fantasias para blocos da cidade. Os carros são uma novidade no retorno da festa. O trabalho tem ainda o toque detalhista de Rebecca Roberia, que aos 15 anos ajuda o casal. “Ela tem ideias que a nós passam batidas, como um brilho ou um adorno que faz diferença no todo”, diz Machado, que conta orgulhoso que a filha “praticamente nasceu sambando e foi passista aos 7 anos de idade”.
A família vive em Limeira e trabalhou durante 10 anos na Gaviões da Fiel e Acadêmicos do Ipiranga, em São Paulo. Eles têm contrato com escola de samba de Cordeirópolis, na qual desenvolvem o trabalho de confecção de carros e fantasias há cinco anos, mas a pedido de diretor do Departamento da Juventude da Secretaria de Turismo e Eventos, Wesley Cordaço, auxiliam os participantes conterrâneos, principalmente os de primeira viagem. “Nos empenhamos por acreditarmos que a cidade merece uma coisa bonita. Também torcemos para que os desfiles em Limeira se repitam ano a ano”, diz Machado.
A montagem das peças é feita no NAI,que dispõe de espaço, além do contato entre os envolvidos com arte, que fazem cursos no local. Alguns são montados do zero, com estrutura trazida de outras cidades, enquanto outras peças foram adquiridas com alguns danos, para serem reformadas. É o caso do carro em que desfilará a Corporação Musical Artur Giambelli.
A família assina ainda os bonecos de Olinda que farão parte do Bloco dos Mascarones e fantasias do Bloco da Diversidade, além do término do carro do Bloco da Associação de Moradores do Abílio Pedro, após o imprevisto da chuva. “Precisamos refazer uma parte, porque a água subiu e molhou os tecidos”, explica Edna.
Além das bases que sustentam as formas, entre os materiais usados estão fibra de vidro e papelão e panos em recortes, em camadas, como são moldados animais ou personagens mitológicos. O carro em que trabalhavam deve levar 10 passistas.
Machado começa ajustes nos carros alegóricos: técnica
e beleza devem desfilar na volta do carnaval de rua
O Bloco da Diversidade, que é organizado pela ONG Centro de Apoio à Diversidade (CAD), já conta com 100 participantes, entre LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) e heterossexuais.
Além do combate à discriminação pela orientação sexual, o objetivo do grupo é pregar o fim do preconceito em outras esferas. “Desfilarão conosco índios, negros, japoneses e deficientes físicos, além da terceira idade, que também faz parte da busca pelo respeito à diversidade”, explica Jorge Luís de Freitas, 23, que é vice-presidente do CAD.
Com essa ideia, o som será diferenciado, com um samba remixado da música Single Ladies, de Beyoncé. Freitas explica que a maioria dos participantes gosta do carnaval, mas nunca desfilou. A procura pela participação no bloco é grande e até esta semana, quando terá o primeiro ensaio, ainda dá tempo de se integrar. Os telefones de conato são 9173-5371 e 9139-1414.
Enquanto o primeiro ensaio não acontece, a produção das fantasias está a toda. As drag queens que serão abre-alas e porta-bandeiras prometem caprichar no figurino, além dos demais participantes que representarão também a diversidade social. “Embora a Parada LGBT, realizada pela primeira vez em Limeira no ano passado, tenho sido um sucesso, não queremos ficar rotulados na ação somente contra a discriminação sexual, porque a ONG tem projetos para este ano de combate a vários tipos de preconceito”, ressalta.
- Jorge: objetivo do Bloco da Diversidade é pregar o fim de todo tipo de preconceito
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