domingo, 17 de março de 2013 | By: Daíza de Carvalho

O lento avanço do 4G

Tecnologia engatinha no Brasil; usuário deve preparar o bolso para compra de aparelhos

Daíza Lacerda

A implantação do serviço móvel de quarta geração (4G), tecnologia para conectividade móvel de alta velocidade, deve começar a se tornar realidade no Brasil no próximo mês. A cobertura deve ser providenciada até o dia 30 de abril pelas cidades-sede da Copa das Confederações (Belo Horizonte-MG, Brasília-DF, Fortaleza-CE, Recife-PE, Rio de Janeiro-RJ e Salvador-BA). Todos os municípios com mais de 100 mil habitantes devem ter a rede até 31 de dezembro de 2016.
A implantação no Brasil começa na faixa de frequência de 2,5 GHz, sendo que em outros países, como os Estados Unidos, operam na faixa de 700 MHz. No Brasil, no entanto, essa frequência é ocupada pela TV aberta analógica. A previsão para essa faixa ser desocupada é 2016, prazo que a TV digital ou decodificadores cheguem às localidades que ainda não possuem. É o que explicam Eduardo Tude, professor especialista visitante da Faculdade de Tecnologia (FT/Unicamp) e Rangel Arthur, coordenador das áreas de Engenharia de Telecomunicações e Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações da instituição.

RÁPIDO E CARO
Com o uso de dados móveis crescendo à frente do serviço de voz, o 4G deve chegar com uma demanda já enorme para o atual 3G, que continuará em operação. Os países que mais usam o 4G, como Japão e Coreia, além dos Estados Unidos, já usufruem da velocidade de 10 Mbps na mão. Porém, na prática, o usuário brasileiro não deve ter toda essa velocidade, já que a operadora não dedicará toda a banda, mas limitará o acesso para a demanda, como já acontece com o 3G. Principalmente considerando que o sinal deve ser usado cada vez por mais pessoas que, por sua vez, consomem mais dados.
Eduardo avalia o 4G ainda numa curva de difusão que, mais do que a construção da rede, envolve a aquisição dos aparelhos. Por não serem comercializados ainda num grande volume, os preços são altos. "Enquanto no mundo foram vendidos 600 milhões de aparelhos com 3G num ano, os com 4G somaram apenas 20 milhões", compara.
Além de desembolsar cerca de R$ 2 mil num smartphone com 4G, ou menos com um modem, o usuário deve optar por pacotes com altas franquias de dados para usufruir da tecnologia. Também não adianta importar aparelhos, já que no exterior a rede é dos 700 MHz, o que não funcionaria no Brasil, que vai operar inicialmente na de 2,5 GHz. A exemplo do 3G, os preços devem cair ao atrair mais usuários. A "migração" para o 4G poderá ainda desafogar a rede 3G.

De antena em antena

As empresas de TV por assinatura que prestam serviço nos municípios-sede da Copa das Confederações não poderão, a partir de 12 de abril, usar as faixas de 2,5 Ghz, destinadas ao 3G. A determinação foi feita neste mês pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e obedece ao cronograma do edital de licitação da faixa.
A frequência será usada para implantação do sinal nas cidades maiores, que necessitam de maior número de antenas, como explicam Eduardo e Rangel. Porém, futuramente, tanto as faixas de 2,5 Ghz como as de 700 Mhz serão usadas, já com a previsão da alta no consumo de dados, que dobra a cada ano.
Após as cidades-sede, a abrangência deve continuar pelas capitais, algumas delas já com o sinal, como Curitiba-PR, mas há operadoras com testes em cidades menores e turísticas como Campos do Jordão-SP.
Nas licitações, Claro e Vivo detiveram 20 Mhz cada, enquanto Oi e Tim, 10 Mhz cada. Elas se comprometeram a garantir banda larga em escolas rurais. As duas últimas anunciaram que usarão a mesma infraestrutura, assim como a Claro e a Vivo, que vão dividir as redes. A medida beneficia o usuário, já que permite facilidade na ampliação da cobertura.

INFRAESTRUTURA MÓVEL
A expansão, no entanto, deve esbarrar nas burocracias já conhecidas. Uma delas é a dificuldade de autorização por parte das prefeituras para colocação de antenas, um problema histórico, como destaca Eduardo.
O especialista explica que, para a Copa, a infraestrutura deve ser pensada sobretudo nos locais dos jogos, onde haverá concentração de pessoas. "A solução será colocar várias antenas nos estádios, compartilhadas pelas operadoras. No entanto, em algumas obras no Brasil já são encontrados problemas", disse, sobre o fato de as obras andarem, mas a estrutura para telefonia, não.
Em Londres, a iniciativa funcionou. Mas não o bastante para o atual nível de exigência de usuários das redes. A navegação e postagens de fotos foi tranquila com a grande estrutura, mas quem tentou ver ou postar vídeos, teve dificuldades.
Uma das saídas para a demanda seria o uso do wi-fi, que ainda é tímido no Brasil. Bastante difundido no exterior, a internet via wireless oferecida por operadoras ainda existem em projetos pilotos em poucos locais de capitais. (Daíza Lacerda)

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