domingo, 30 de maio de 2010 | By: Daíza de Carvalho

Museu, que já pertence ao município, passa por processo de “atualização”

Daíza Lacerda

Fechado para visitação bem antes do início da reforma do prédio Coronel Flamínio Ferreira, o Museu Histórico-Pedagógico Major José Levy Sobrinho não está em processo de municipalização. O local, já pertencente ao município, passa agora por um processo de atualização com o governo estadual.
A situação foi explicada por Cecília Machado, diretora do Sistema Estadual de Museus (Sisem), em entrevista à Gazeta. Segundo ela, o processo foi concretizado, e o município já assumiu a administração do museu. A situação na qual a instituição está, agora, é de atualização no Estado.
“O Estado teve duas levas de criação de museus, em 1956 e 1974. Parte deles nunca foi implantada e outra foi municipalizada por decretos entre outubro de 2000 e março de 2001. Nesta situação estavam 44 instituições, inclusive a de Limeira”, disse ela.
Outra lei estadual, 13.209/2008, no entanto, diz respeito às adequações que devem ser feitas nos processos de municipalização, de onde partiu a necessidade da atualização de documentos e processos. “Na verdade, sempre haverá supervisão do Estado, de forma a assessorar tecnicamente”, lembra. A medida exige ainda uma audiência pública para legitimar a passagem do Estado para Prefeitura.
Em Limeira, embora o prédio do museu esteja em fase de restauração, o local foi fechado para visitas em 16 de janeiro de 2007. Teve algumas exposições itinerantes até o acervo passar por catalogação e condicionamento supervisionados pelo Sisem. Segundo Cecília, em prosseguimento à atualização, para a reabertura, deverá ser feito, além de readequação do espaço, novo plano museológico, realinhamento de perfil e missão à comunidade, infraestrutura moderna, dinâmica e de interatividade, acessibilidade e ação educacional que valorize a instituição em nível regional.
Ela afirma que, quando recebeu a primeira visita da entidade, o local estava em situação “complicada”. “Era uma intervenção que precisava ser feita com urgência e administração acatou. Era preciso desocupar o ambiente, que era um espaço não apropriado para as peças, com excesso de coisas, precisando de restauração emergencial”, diz.
O novo projeto com os itens citados deverá atender todas as normas técnicas museológicas. “O Sisem apenas dá orientações ao município, mas não executa. Para isso, possivelmente deverá ser feita alguma licitação para o trabalho, via empresa com museólogo. Para o funcionamento, seguramente o município terá que fazer contratação de museólogo via concurso público”, explica Cecília.
Embora a estação ferroviária tenha sido cogitada para exposição das peças, o local foi descartado e não houve novas propostas de outros que pudessem receber adequadamente o acervo. O local propício para abrigar os materiais precisa, além de segurança, cooperar na conservação da peças, além de possuir acessibilidade. Segurança e limpeza são itens primordiais.
O museu possui 1.450 peças que pertenceram ao Estado, que fazem parte do processo de atualização, além de cerca de mil peças do município.
Cecília afirma que não há pedidos de trabalho parecido para o Museu da Joia, embora tenha sido pedida uma visita de profissionais da entidade ao local.

O QUE ESTÁ SENDO FEITO
Segundo o secretário municipal de Cultura, Adalberto Mansur, a ideia, com a reabertura, é que o público não somente receba as obras, mas que haja interação. “Planejamos ações culturais, mas ouviremos a população para um projeto mais focado. Vamos repensar projeto de museu, mas não com visão acadêmica”, diz.
Ele lembra que ainda não foi pensada uma audiência pública, o que possivelmente seria feito com os trabalhos da secretaria, não apenas do museu.
Quanto às orientações do Sisem, pontua que a parceria visa condicionar o acervo da forma mais correta do ponto de vista técnico.
Entre medidas no sentido das atualizações que a entidade propõe, o secretário destacou a participação, neste mês, de membros da Cultura em seminário da 8ª Semana de Museus, em Nova Odessa, que teve Cecília entre os palestrantes.
A obra no prédio para o qual o acervo deverá voltar teve prorrogação de quatro meses e deve durar pelo menos até julho. No entanto, o secretário informa que o projeto passa por alterações e revisões. A execução tem R$ 1,2 milhão de recursos federais, com estimativa de valor total de R$ 1,5 milhão, cuja diferença será arcada pelo município. 

Memórias do museu
“O museu de Limeira foi criado pelo decreto estadual 42.987, de 26 de janeiro 1964. A municipalização foi feita pelo decreto 44.735, de 3 de março de 2000”. As informações exatas são lembradas e descritas com detalhes pela museóloga Ariadne Francisca Carrera Miguel, que trabalhou por anos no local. Todo o histórico do museu de Limeira é contado por ela no livro “Memórias do Museu Major José Levy Sobrinho”, que está em fase de edição.
Ariadne, que é integrante do Conselho Regional de Museologia (Corem IV Região), teve o livro avaliado por editoras que indicaram o material como didático.
Publicado na Gazeta de Limeira.

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