quinta-feira, 27 de maio de 2010 | By: Daíza de Carvalho

Enquanto TV digital se estabelece, transmissão em 3D ainda engatinha

Daíza Lacerda

A transmissão experimental em três dimensões (3D) no último domingo do programa Pânico, da Rede TV, contribuiu com a especulação da mais nova tecnologia, mal o mercado se habituou às exibições digitais e infinidade de aparelhos (LCD, LED, plasma).

Cultuada como a primeira transmissão de TV aberta mundial do tipo, os testes são feitos por outras emissoras, com planos de exibição para a Copa. O que há de concreto, no entanto, é que até esta tecnologia se tornar comum nas salas domésticas, as emissoras ainda terão trabalho e os interessados devem preparar o bolso.
A estimativa é do professor Rangel Arthur, do curso em Tecnologia em Sistemas de Telecomunicações da Faculdade de Tecnologia (FT/Unicamp). Doutor em TV Digital, ele explica que a exibição em 3D reproduz duas imagens que, filtradas pelos óculos, dão o efeito de profundidade. Para essa "transmissão dupla", as emissoras precisariam driblar o limite da faixa de sinal, o que a banda suporta: a exibição em alta definição ou a 3D, que seria a "duplicada", sem a mesma qualidade, mas que exige o espaço.
"É o que foi feito na exibição do programa. Dividiram o mesmo canal em duas partes e abriram mão de maior qualidade de imagem", explica. Os sinais, sobrepostos para o efeito 3D, tinham a qualidade de DVD, que é inferior ao de alta definição. A transmissão plena deve demorar até a mudança de tecnologia do atual padrão de compressão.
São dois modelos de óculos para assistir em 3D. Os passivos, com uma das "lentes" azul e a outra vermelha, funcionam como os dois sensores (assim como cada olho para o que enxergamos), cujos sinais combinados refletem a imagem tridimensional. "Sem os óculos, vemos a imagem borrada. Há ainda os óculos ativos, que proporcionam melhor sensação, já que funcionam em sincronia com as cenas do filme. Mas o custo também é mais alto", lembra.

CINEMA EM CASA
Se a situação parece muito complicada para as transmissões, é, de certa forma, mais acessível para assistir filmes em blu-ray na sala com a tecnologia dos cinemas avançados. A TV para isso já existe, mas, no Brasil, só por encomenda e a módicos R$ 10 mil para modelos de 46 polegadas. Ou seja: existe, mas ainda é caro.
O conjunto, também necessário para receber as futuras transmissões de canais em 3D, vem com a TV, o aparelho que permite o efeito e reproduz a mídia, o óculos, além de um filme de demonstração. Só o aparelho de TV custa em média R$ 8 mil.
"Não é qualquer TV que pode reproduzir. O equipamento deverá ter uma capacidade especial, suportando as duas faixas de exibição", explica.
Embora a popularização da tecnologia tenha se dado sobretudo com produções atuais, como Avatar, em que produtoras investem em softwares para os efeitos, a ideia de filmes em 3D é de longa data. O primeiro, "The power of love", é de 1922, época em que o formato não se mostrava interessante para a indústria.
Com o desenvolvimento tecnológico, além de o 3D ser o filão e foco dos investimentos nos cinema, Arthur sugere que pode ser bem aproveitado na educação. "Pode ajudar no aprendizado se imaginarmos a inserção do aluno no mundo da matemática, por exemplo, com maior interação através das formas e conceitos", diz.

TV DIGITAL
Até a imagem 3D virar realidade, outro processo ainda engatinha: o da implantação da transmissão digital, que ainda não chegou a Limeira. "A estimativa é de que a transmissão analógica termine até 2016, quando a digital abranger as residências por completo. Quando isso acontecer, os canais analógicos concedidos às emissoras serão devolvidos ao governo", diz.
Um dos entraves do processo era o custo que, assim com as TVs mais finas, tiveram queda. Os transmissores, que custavam média de R$ 500 mil, já estão entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, conforme o professor.


Publicado na Gazeta de Limeira.

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