sábado, 2 de julho de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Piscinão é concluído após 23 meses de obras

Conclusão foi antes do prazo previsto, com reservatório colocado à prova três vezes

Daíza Lacerda

Lojistas da baixada do Centro e motoristas que transitam na Vila São João e Piratininga já podem ficar aliviados: a construção do piscinão sob a pista de atletismo ao lado do Tiro de Guerra está concluída, e foi entregue ontem, em solenidade.
Autoridades e representantes de moradores e comerciantes participaram da inauguração, reconhecendo os percalços e também os benefícios da obra, que prevê não só evitar enchentes na região do Mercado Modelo, mas também acabar com enxurradas em vias como a avenida Piracicaba. A construção reteve águas da chuva em três ocasiões, sendo a última no mês passado.
A pista de atletismo também foi entregue, mas passará por adequações. Osmar da Silva Júnior, do SAAE, informou que regras precisavam ser atendidas, o que não permitiu melhorias como a colocação de um piso emborrachado. O uso do local ainda está em definição, já que o outro espaço, no Jardim Piratininga, ao lado da Câmara Municipal, permanecerá aberto.
O secretário de Esportes, José Luiz Rodrigues, explicou que os dois locais serão mantidos e atenderão a diferentes públicos. A pista do Tiro de Guerra, mais técnica, deve atrair os atletas que buscam desempenho, enquanto a do Piratininga, arborizada, receberá adeptos de atividades ocasionais, além de crianças.
José Luís Risso, presidente da Associação Limeirense de Atletismo (ALA), que cuidava do local antes da obra, informou que a preferência dos atletas é pela pista do Piratininga, que passará por melhorias. De qualquer forma, a do Tiro de Guerra precisará de adequação do piso, além de ajustes em estruturas como a do banheiro, e preparação para outras modalidades além da corrida. A situação da ocupação será definida a partir da próxima semana entre a secretaria e a entidade.
BENEFÍCIOS
O prefeito Paulo Hadich salientou a importância da manutenção, mais do que da obra, já que sem a limpeza o reservatório perde o seu poder de contenção. Agradeceu à população, mesmo aos moradores críticos, e salientou que a empresa permanece mais três meses no município para eventualidades, além da garantia de cinco anos da obra.
O deputado federal Miguel Lombardi, que atuou junto ao Ministério das Cidades para garantir liberações que atrasaram, abordou a somatória de forças para que o projeto fosse realizado. "Podemos medir o tamanho do transtorno, mas também do benefício. A água não vai mais levar mercadorias do dia para a noite".
Engenheiro da DP Barros, empresa que executou a obra, Oswaldo Bergamaschi salientou que não houve mudanças no projeto, e que um novo canteiro de obras será feito em terreno cedido pela prefeitura, já que a sede da empresa é fora. Informa que há mais locais no município que comportem piscinões, reconhecendo, assim como outras autoridades, o desafio da drenagem nas cidades. "O transtorno é passageiro, mas o efeito é para sempre, cada obra é como um filho".


Fumaça e o novo antigo "lar"

José Carlos da Silva, o Fumaça, volta à pista na qual passou 48 anos, mais da metade de sua vida, da época em que se tornou atleta até a formação de novas gerações dedicadas ao esporte.
Apesar de dois anos longe do local em que passava mais tempo do que na própria casa, as lembranças são vívidas do homem que viu a pista nascer, testemunhando a inauguração da Praça de Esportes Francisco José Soares em 15 de julho de 1967. "Foram muitas crianças, adultos, além do pessoal do Tiro de Guerra. Já vi muito atirador caindo em exames", conta.
O professor está dividido. Apesar da dificuldade de sair de sua "casa", acostumou-se com a nova, ao lado da Câmara Municipal, em espaço resgatado para a continuidade das atividades da Associação Limeirense de Atletismo (ALA). "Não foi fácil conseguir um novo local. Era um pasto, organizamos tudo e continuamos cuidando".
Ele pondera que a pista recém-entregue tem prós e contras. Se é de fácil acesso, próxima da região central, e favorece quem busca treinar o desempenho, também está sujeita à poluição do intenso tráfego no entorno. No Piratininga, o ponto forte é a arborização, ainda que o traçado não seja oficial para treinos de desempenho.
Ele aguarda a definição de onde ficará alocado, e garante que ficará bem em qualquer um dos locais. Só lamenta as árvores frutíferas retiradas na obra para dar espaço à rampa de acesso do reservatório. Se voltar, as plantará de novo, já que serviam de refúgio das galinhas de estimação que compunham o ambiente. Atualmente, cria duas delas na pista do Piratininga, batizadas de Hortência e Paula. "Se eu voltar, trarei elas comigo!". (Daíza Lacerda)


Piscinão em números

Com diversos atrasos durante a construção, o orçamento da obra foi na ordem de R$ 25 milhões, sendo que até ontem foram repassados R$ 18.559.637,06, faltando R$ 6.499.443,1. Deste valor, R$ 505.865,29 são referentes ao projeto técnico social, faltando para obra R$ 5.993.577,81.
Para a construção do reservatório, foram retirados 67.597,00 m³ de terra, o equivalente a 4.570 viagens de caminhão trucado. A terra retirada das valas nas ruas totalizou 111.270,40 m³ (7.500 viagens). A destinação e deposição de materiais inertes totalizou 110.495,95 m³ (7.450 viagens).
O piscinão demandou, ainda, 3.025 m³ de concreto, 191.937 kg de ferro, 7.120 m² de grama esmeralda, 510,05 metros de aduelas de concreto e 7.756,40 metros de tubos de concreto de 400 mm a 1.500 mm de diâmetro.
A capacidade é de 10 milhões de litros, numa área de 4 mil m², em captação ao longo de 8,4 km de rede de drenagem. Na parte mais funda, terá 5,65 metros e, na mais rasa, 4,65 metros.
Para execução do projeto, cerca de 100 operários/mês trabalharam no canteiro de obras.
A rede de galerias foi implantada em 25 ruas dos bairros Piratininga, vilas Balduíno, Paraíso, Mathias, Tank, Leitão, São João e Maria Helena. A pista de atletismo passou de 7 metros para 10,5 metros de largura. A iluminação foi reformulada com lâmpadas de led, mais econômicas. (Daíza Lacerda)



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