sexta-feira, 3 de junho de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Ventania, apagão e 150 árvores caídas em temporal de 1 hora

Diversas avenidas de Limeira amanheceram com sujeira e árvores caídas

Daíza Lacerda

A ventania e chuva de granizo da noite de anteontem deixou consequências em Limeira. Até o fim da tarde de ontem, várias regiões estavam sem energia elétrica, telefone e internet, e equipes percorreram todas as regiões para a retirada de galhos e árvores caídas. O pico da chuva durou menos de uma hora, mas a precipitação, em torno de 20 milímetros (mm), foi equivalente à metade de todo o volume esperado para junho. A velocidade do vento pode ter chegado a 72 km/h, conforme fotos de satélite do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos/ Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Cptec/Inpe), e o Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat/Inpe) aferiu 120 descargas em Limeira anteontem, incidência considerada média.
Conforme a Defesa Civil, a estimativa foi entre 150 e 200 árvores caídas até a tarde de ontem. Foram quedas na rua, em calçadas, parques, em cima de carros, de telhados e também em escolas. A corporação recebeu seis ocorrências de destelhamentos - o mais grave na rua Hermes Fanelli, no Parque Nossa Senhora das Dores. Ainda foi registrado um deslizamento sem gravidade, num barranco do Cecap.
Coordenador da Defesa Civil, Aparecido Xavier explicou que as equipes permaneceram nas ruas até às 3h30 de ontem, retornando de manhã. A corporação manterá a remoção de galhos e árvores hoje. De acordo com ele, todas as regiões da cidade foram afetadas. A chuva de granizo atingiu principalmente uma faixa da cidade começando pelos bairros Geada e Parque Nossa Senhora das Dores, passando pelo Cecap, até o Parque Hipólito.
O serviço focou a desobstrução de vias, mesmo sem a limpeza imediata. Em muitos casos, os galhos foram apenas retirados do caminho, para posterior recolhimento. Foram duas equipes da corporação e outras seis da Forty, com o serviço de capinação redirecionado para a retirada de árvores e galhos.
Segundo Marcelo Coghi, secretário de Obras e Serviços Públicos, uma árvore foi removida da praça Toledo Barros na manhã de ontem. Apesar de sadio, o exemplar tinha poucas raízes, que não resistiram. Também foram priorizadas retiradas de árvores sobre carros e próximas de prédios públicos.
ESTRAGOS
O que sobrou dos móveis de uma família da 4ª Etapa do Parque Nossa Senhora das Dores estava à frente da residência da rua Hermes Fanelli. São sete pessoas, entre elas quatro crianças, que viviam em dois cômodos do fundo da residência. A cobertura, apenas com telhas de amianto, foi abaixo com a queda do muro do vizinho de trás, onde um sobrado era erguido.
Ninguém se machucou, mas o único bem material aproveitável foi a geladeira. Os moradores passaram a noite na casa da frente, que pertence à mesma família, e procurariam imóvel para solicitar o aluguel social oferecido pelo Ceprosom.
No mesmo bairro, diversas árvores caíram na avenida Carlos Zaccarias, próximo da igreja Nossa Senhora de Fátima. Também cedeu parte dos galhos de um exemplar num campo da mesma avenida, que não havia sido retirado na tarde de ontem.
A rua Diógenes Correa Arruda, no Jardim Santo André, foi uma das inúmeras com queda de árvores. Moradores relataram que os galhos ficaram suspensos, com risco de queda, e a raiz danificou até mesmo a calçada.
Na Vila Castelar, uma moradora ficou impedida de usar o carro. Apesar de vários chamados aos órgãos, no início da tarde de ontem ela ainda tinha uma árvore caída em frente à sua garagem. Na residência, os moradores improvisaram carona para ir ao trabalho e escola.
Foram registrados estragos também no Parque Cidade da Criança, que ficará fechado em 4 e 5 de junho, para a retirada de galhos de árvores. Outro local afetado foi o Centro Comunitário Geada, que teve parte do telhado destruído pela ventania.



Instabilidade é atípica,
mas deve continuar


A chuva de anteontem é incomum para este mês e época, como informa o professor Hiroshi Paulo Yoshizane. De acordo com ele, a situação é proveniente de uma linha de instabilidade na região que deve perdurar nos próximos dias, com mais chances de chuva no final da tarde e noite.
O professor salienta que a chuva de granizo é difícil de prever, cuja iminência só pode ser detectada com cerca de 10 minutos de antecedência. Este fator depende da formação da nuvem e do tipo de linha de instabilidade.
A estação meteorológica da Faculdade de Tecnologia (FT/Unicamp) registrou ventos de 22 km/h na região do campus mas, conforme estimativa do professor, as rajadas foram de no mínimo 50 km/h para derrubar tantas árvores. A saturação do solo é a explicação para a queda de exemplares sadios. "Com o solo muito úmido, a raiz enfraquece".
Estações do Cemaden aferiram precipitação entre 20 milímetros (mm) e 25 mm em diferentes regiões, enquanto a da FT/Unicamp contabilizou cerca de 20 mm na noite de anteontem. A quantidade é praticamente o dobro do esperado para junho em Limeira, cuja média histórica (aferida em diversos anos) é de 44 mm. (Daíza Lacerda)



Falta de energia e redes
prejudica expedientes


Na avenida Antônio Ometto, na Vila Cláudia, diversos comerciantes tiveram o trabalho impedido ou limitado. Além da falta de energia, redes de telefone e internet também sofreram apagão, com o agravante de um fio estendido entre o alto de postes e a calçada.
No final da tarde de ontem, a Gazeta recebia reclamações da falta de energia na área central e imediações da Santa Casa, em problema que prevalecia também em alguns bairros. A própria sede da Defesa Civil manteve o expediente sem energia elétrica.
Em meio às reclamações, na mesma tarde, a assessoria da Elektro se pronunciava informando que "a situação está controlada. Equipes da Elektro seguem nos locais afetados para normalizar o fornecimento de energia elétrica nas próximas horas". Segundo a concessionária, o fornecimento de energia elétrica foi prejudicado para 19 mil clientes de vários pontos da cidade, que não foram especificados. A empresa alegou que até às 21h de anteontem grande parte dos clientes teve o fornecimento normalizado, sem especificar quantidade e locais.
A Telefônica Vivo também foi procurada, e informou que "enviou equipe técnica para verificar a rede e tomar as providências necessárias dentro do menor prazo possível".
Sobre informações de que torres de transmissão de energia teriam sido queimadas, a Elektro informou que a incumbência dessa estrutura é da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Ceteep). Procurada, a assessoria do órgão informou que não foram registrados danos em torres próximas a Limeira. (Daíza Lacerda)



Interferências nas redes de
água, esgoto e drenagem


A Odebrecht Ambiental informou que houve falta de energia elétrica em duas elevatórias de água tratada: Duque de Caxias e Novo Mundo. "Segundo a Elektro, foi ocasionada pelas fortes chuvas de [ante]ontem à noite, que afetaram duas torres de transmissão de energia. Na primeira elevatória, a energia foi rapidamente estabelecida. Na segunda, ocorreu paralisação na Estação Elevatória de Água Novo Mundo, ocasionando oscilações no abastecimento de água de alguns bairros na região do Novo Mundo, entre eles: Recanto Alvorada, Parque Pompeu I, Cecap, Campo Belo, Ibirapuera, Regina Bastelli, Santa Eulália e imediações". O bombeamento foi retomado com o uso de gerador, sendo que a energia só foi restabelecida às 12h30.
O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) informou que, até a tarde ontem, não haviam sido recebidas reclamações de danos na rede de drenagem. A autarquia registrou que, durante o pico de chuva, o piscinão reteve 3 milhões de litros d'água, que seriam direcionados à região do Mercado Modelo. (Daíza Lacerda)


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