terça-feira, 24 de novembro de 2015 | By: Daíza de Carvalho

Afinal, que lazer os jovens querem?

O que me surpreende no "mapa do rolezinho" em Limeira não é que jovens também de outras cidades venham se aglomerar no entorno do Pátio Limeira Shopping nas sextas à noite. O que assusta é considerarem isso opção de lazer. Publicado na edição de sexta-feira da Gazeta, o levantamento foi feito pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (Cedeca), e apresentado aos representantes da rede socioassistencial do Município.
A reclamação é sempre a mesma: faltam opções. Mas a questão é: o que é considerado opção por eles? Eu também já reclamei muito que Limeira não tinha o que fazer. Hoje, porém, isso seria meia verdade. Uma coisa é não ter, e outra é não ter o que nos interessa. Não é possível que essa faixa dos 14 aos 17 seja tão difícil de agradar.
O histórico dos frequentadores do ‘point’ do shopping não os favorece. As garrafas de bebidas largadas nas ruas até o dia seguinte são prova de que, para essa garotada, lazer é farra. É fácil reclamar que não há opções. Mas na hora de agir civilizadamente, cadê? Se não faz a sua parte, quer cobrar como? Se vai cobrar, que não seja na ignorância, mas com argumentos e razão. Saia do ‘point’, vá para as conferências da juventude.
Lógico que não há mal nenhum em eleger uma via pública para se encontrar com os amigos, papear. Mas, quem passa por ali sabe que o ar é mais intimidador do que qualquer outra coisa. O direito de ir e vir é de todos. De largar lixo e fazer gritaria em frente da residência e comércio alheios, de ninguém. Quanto ao shopping, embora seja um espaço aberto ao público, trata-se de um empreendimento privado e com um fim bem específico: vender. Por esta ótica, considero natural a tentativa de coibir a vadiagem. Veja bem: natural. Não quer dizer que seja justa. Nem todo jovem vai ali para causar anarquia. Seria injusto generalizar.
Faltam opções ou criatividade da parte desses jovens para usar melhor o tempo deles mesmos? Locais como Parque Cidade e Teatro Vitória têm agenda para escolher o que fazer, inclusive gratuita. Barzinhos também não faltam, para variados gostos e bolsos, é só se dispor a procurar. E com ambientes muito mais agradáveis. Mas é mais fácil socar a cerveja na garrafa de guaraná e ir sentar lá na calçada para reclamar que não tem o que fazer. Só eles mesmos para verem graça nisso.
Falando em graça da coisa, alguém me explica qual é a dos ‘points’ em postos de gasolina. Ah, é só para o "esquenta"? Que seja. Para mim, que tenho fugido dos postos e seus preços cada dia mais assustadores, é de muito mau gosto.
Se não é falta de ideias do que fazer, o desencontro das faixas etárias talvez explique. A pesquisa entrevistou pessoas de 10 a 21 anos. Obviamente, o tal ‘point’ não é ambiente para crianças daquela idade. Cadê os pais nessa hora, que adoram colocar o dedo nos narizes de gestores cobrando as coisas? Ainda tem muito casal com crianças achando que educação é obrigação do Estado. Não é. O Estado deve, sim, fornecer ferramentas. A direção do caminho, pelo menos na infância, é dos pais. Não é o Conselho Tutelar que tem que buscar. A responsabilidade é dos pais.
Já os de 21... Já eram para ter criado vergonha na cara para caçar algo produtivo.
Como dizem hoje, é muito mi-mi-mi. Como diria a minha mãe, mamar na vaca eles não querem.

Publicado na Gazeta de Limeira.

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