segunda-feira, 19 de outubro de 2009 | By: Daíza de Carvalho

Estudante se classifica entre 850 mil na Olimpíada Brasileira de Astronomia


Daíza Lacerda


Reservado, sério e de poucas palavras. Bem ao estilo de estudiosos e até mesmo cientistas, José Augusto Sartori Junior tem um discurso técnico que parece, a ele, a coisa mais simples do universo. E é justamente ao universo que o jovem de 16 anos, tão centrado, se refere. 
Apesar da pouca idade, José Augusto já foi longe no caminho rumo ao espaço. Entre 850 mil estudantes de todo o Brasil, se classificou entre os 60 melhores na Olímpiada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), organizada pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) em parceria com a Agência Espacial Brasileira (AEB) e Furnas Centrais Elétricas S/A.
"Me preparei com provas de edições anteriores, a partir do nível das perguntas", diz o estudante, que já se interessava pelo assunto e faz ensino médio e técnico de Química na Escola Técnica Trajano Camargo. Ele se classificou com a pontuação obtida nas questões de astronomia, já que a prova abordava ainda astronáutica (que estuda medidas, como consumo de combustível de um foguete) e energia, com foco interdisciplinar. O exame trazia também perguntas acerca dos conceitos de aceitação das descobertas sobre os astros e o céu, com contexto religioso e filosófico da época.
Como prêmio, o aluno participou de um curso de uma semana na escola de astronomia da OBA na cidade de Mendes, no Rio de Janeiro, entre 7 e 12 de setembro. Após as aulas, José Augusto não vê o céu do mesmo jeito. "Foram aulas teóricas e práticas, de observação, conhecendo as constelações e suas posições", lembra.
O curso contou ainda com participantes adicionais selecionados com desenhos sobre o Ano Internacional da Astronomia, comemorado e 2009, além da Olímpiada Brasileira de Foguetes.

FUTURO NO CÉU

No que se refere ao céu, nada de previsões, já que as 'manifestações' do meio espacial têm base em ciências exatas. Por isso, o estudante é taxativo: "Astrologia não existe". Logo, passa longe da astronomia.
O assunto, que desperta a imaginação das pessoas com curiosidades sobre os mistérios do universo e astros como sol, lua e estrelas, ou cometas, não é tão simples: as questões são baseadas em cálculos, muita física e matemática. E depois de retornar do curso, os estudos prosseguem. "Continua, no sistema à distância. Estudamos com quatro apostilas online", explica. As aulas virtuais duram até março de 2010, quando haverá novamente o curso presencial, antes da seleção para uma nova etapa: as Olimpíadas Internacional de Astronomia e Astronáutica e Latino-Americana de Astronomia. Serão classificados cinco estudantes para cada uma delas.
"Minha meta é continuar estudando para a classificação da Internacional, mas ainda assim é um ótimo conteúdo em mãos", afirma, se referindo às apostilas que contemplam a mitologia por trás das constelações e cosmologia (estudo do universo), além de mecânica celeste (movimento dos astros). O conteúdo, amplamente teórico, relaciona ainda posições do sol e estrelas conforme os horários. Afinal, a observação das estrelas era o que orientava os capitães das grandes navegações. Leis de órbita e rotação são outros conceitos por trás das páginas de funções e equações que as apostilas trazem.
Apesar de soar difícil, o jovem se mostra à vontade com os estudos científicos. Com o rumo do aprendizado indicando o espaço, seria José Augusto candidato a futuro astronauta? "Não, o espaço é muito longe!". Prefere ficar em terra firme e se dedicar ao estudo do universo.

Publicado na Gazeta de Limeira

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