sexta-feira, 25 de novembro de 2016 | By: Daíza de Carvalho

Viagem no tempo

Estamos fazendo - e escrevendo - história. Na minha pequena
cápsula do tempo, uma década de expectativas para avanço da educação

Há exatos 10 anos eu era estudante do 4º semestre de Jornalismo quando escrevi provavelmente o primeiro editorial da minha vida, selecionado pela professora Socorro Veloso para a edição do jornal laboratório Em Foco. Nesta semana, não tive como não relembrar o que me provocou a escrever naquela ocasião, numa espécie de cápsula do tempo particular, resguardadas as proporções com aquela que foi lançada nesta quarta-feira na Unicamp.
Graças ao meu apego ao papel (e história, e memória..) tenho aquela e muitas outras edições do Em Foco guardadas, mas bem acessíveis. A edição nº 43, de novembro de 2006, é aberta com as minhas considerações que partiam do I Salão do Livro Infantil, que havia acompanhado. Estava inconformada com o fato de Limeira ter um evento daquele e uma biblioteca com estrutura ainda tão precária, e cobrava um desfecho do novo campus da Unicamp, que parecia um assunto eterno e que só desencantaria anos depois. Quanto à biblioteca, tive a alegria de cobrir a sua mudança para a estrutura que merece (o que só foi efetivado há pouco mais de 1 ano!). Além do registro da morosa saga nos anos que antecederam esse "parto" (posso chamar assim, não é, Ligia Araujo?!)
Uma década depois eu cairia de paraquedas no assunto (porque não é a minha área de cobertura, que faço provisoriamente na ausência da escriba titular!) para registrar mais planos pra Limeira no ano 50 da Unicamp (e não posso esconder o prazer não só profissional quanto pessoal em noticiar o início das providências burocráticas para o futuro centro esportivo em Limeira... quem viver, verá.. correrá, nadará, jogará! Certo, Luciano Mercadante?!). Daí, ontem, um retrato simbólico de Limeira hoje, uma Gazeta com o meu texto e de meus contemporâneos, foi para a cápsula do tempo, que será aberta daqui a 25 anos. Nos minutos antes do início da solenidade (atrasada! a solenidade, não eu!), peguei a folha em branco com o símbolo da universidade e tracei algumas (várias!) linhas com expectativas para 2041. Não posso pedir muito mais do que continuar registrando a história, e torcer para que seja positiva (não canso de falar que gostamos é de notícia boa, embora todos julguem o contrário em relação à imprensa!).
Na minha viagem do tempo, pensei na vocação. A minha talvez seja mesmo o papel e a palavra. Mas e a de Limeira? Limeira ainda não me parece uma cidade universitária, e não sei dizer por que ainda não se rendeu a isso. É claro que é um processo, mas está devagar demais pra quem lida todo dia com o deadline, no "milagre" de fazer jornal nascer e morrer, todo dia (meus colegas de redação concordarão que o termo milagre não é exagero! haha...).
Um dos sinais mais evidentes de que Limeira não abraça a vocação universitária é a nossa vergonhosa rodoviária, a porta de entrada de mentes de tudo quanto é canto, que vêm efervescer o seu potencial aqui. Nós nem temos ideia do conhecimento que é produzido. Algumas pesquisas que conseguimos pinçar e repercutir em matérias é ínfima perto do que é desenvolvido. E, convenhamos: o clima universitário se restringe ao entorno dos campi. Ainda não contamina o resto da cidade com tudo aquilo que a presença maciça de estudante exige: custo de vida mais acessível, opção de lazer além de bares, opção de cultura, estabelecimento aberto até mais tarde que não seja loja de conveniência de posto, livraria de verdade (ou megastore, please!), sebos, mais sebos pelamordedeus!!
Reconheço que não é fácil "se encontrar", e a universidade também ainda tem muito a caminhar para ser mais aberta e mais acolhedora comunitariamente. Talvez o peso acadêmico ainda assuste, mas isso tem de ser desmistificado.
Enfim, entre uma cápsula e outra, nos cabe tentar agregar da melhor forma. Tenho muita expectativa sobre as histórias que teremos contado e vivido entre o agora e 2041, quando certamente terei as edições da Gazeta dos dias 23 e 24 de novembro de 2016 guardadinhas na minha cápsula particular. [Em tempo, experimentem isso: recentemente, numa sessão desapego, revirei baús e achei cartas que havia escrito para mim mesma anos antes, para ler aos 15, 18 e 21 anos... viajar no próprio tempo é saber se conhecer e reconhecer as mudanças que as fases e a vida nos provoca! Já escrevi outra para os próximos anos!].
A gente sempre reclama que não vê o tempo passar. Talvez seja porque a gente simplesmente não pare para olhar. Enxergar que estamos fazendo, o que estamos ganhando ou perdendo, construindo ou mudando.

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